31. O MEU ERRO

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BRIANNA


Brianna levou alguns segundos – talvez minutos – para assimilar as palavras que Lizzie havia lhe dito. Com um nó na garganta, ela tentou respirar fundo, mesmo sentindo como se houvesse uma mão invisível apertando seu pescoço. Não havia muito o que ela pudesse fazer naquele momento além de aceitar que havia perdido a sua última chance de tentar consertar as coisas. Ela não se arrependia por ter convencido John a ir para a Islândia, mas provavelmente ficaria pelo resto da vida perguntando-se o que eles poderiam ter sido se ela tivesse dado a ele a chance de tentar amá-la também.

E então Lizzie teve a ideia.

Se a vida fosse um filme de comédia romântica de baixo orçamento e qualidade duvidosa, Brianna poderia chegar ao aeroporto a tempo de alcançar John, e o reencontro deles seria o momento dramático que tornaria o final emocionante e clichê. O problema era que filme de romances geralmente não incluem problemas reais de cenários cotidianos, como o trânsito infernal de Nova York e distância entre o Upper West Side e o aeroporto no Queens. Esse é o ponto de histórias de amor existirem: elas são apenas pedaços de ficção para fazer com que as pessoas esqueçam de suas vidas frustradas.

— Não seja ridícula, Lizzie. — Brianna grunhiu, tentando ligar novamente para John, agarrando-se ao fio de esperança de que ele ainda não havia entrado no avião. Suas mãos trêmulas de nervosismo tornavam aquela tarefa muito mais difícil. — Eu não vou atrás dele. O trajeto daqui até o JFK é de uma hora, no mínimo, se eu tiver sorte.

— Você ainda pode alcançá-lo! — Lizzie argumentou — Ele ainda vai ter que fazer o check-in, e se você conseguir impedi-lo de entrar na sala de embarque...

— Como eu vou fazer isso? — rebateu Brianna, deixando que o medo em sua voz ficasse exposto — Ele nem sequer me atende!

— Apenas vá logo, está bem? — Lizzie a segurou pelos ombros, parecendo tão calma que Brianna quase riu com ironia. Como ela conseguia ficar calma era algo que a mente ansiosa e pessimista de Bree não conseguia compreender. — Pegue um casaco e vá. Vou continuar ligando e, quando ele me atender, direi para ele esperar por você. Seu único trabalho agora é chegar lá.

Talvez ela realmente fosse louca ou estava sendo movida puramente pelo desespero, mas Brianna se viu vestindo o casaco e correndo para a estação de metrô, mesmo que o lado racional de seu cérebro gritasse que aquela era uma ideia completamente idiota. No meio do caminho, Dottie – um anjo na terra – enviou a ela uma mensagem com o terminal de saída e o horário do voo de John. Ao ver que não faltava tanto tempo assim, o estômago dela embrulhou.

Isso foi completamente inútil, pensou. Não vou chegar a tempo. Só estou fazendo papel de boba. O movimento do metrô fez com que ela sentisse tontura e vontade de vomitar.

Pareceu levar uma eternidade até que ela chegasse ao aeroporto. Brianna correu novamente, sem ter tempo para parar e recuperar o fôlego. Enquanto empurrava várias pessoas para fora de seu caminho, ela já sabia que aquele era um caso perdido. Não era o fim do mundo – talvez ela e John ainda pudessem se resolver, se em algum momento ele decidisse responder as mensagens ou retornar as ligações dela. Ela ainda poderia dizer que o amava, mas teria que conviver com o peso na consciência de que o havia deixado ir embora pensando que ela não o amava e não o queria mais.

Brianna finalmente parou de correr quando sua visão ficou turva e ela não podia ver nada além dos borrões das milhares de pessoas que passavam pelo enorme saguão do terminal e dos feixes de luz branca que pareciam cegá-la. Como se tivesse levado um golpe nas costas, ela se curvou e apoiou as mãos nos joelhos enquanto tentava recuperar o fôlego. O telão com a lista de voos de partida e seus horários estava a poucos metros de distância dela, mas o medo de ver que o avião já havia decolado fez com que Brianna não conseguisse se mover.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListWhere stories live. Discover now