Capítulo 50

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O som das cotovias abençoavam os céus azulados que reinavam sobre a Colina dos Ventos Verdes. 

Alessia, que agora era a Sra. Whitehouse, estava sentada confortavelmente perto da janela cujas cortinas de seda esvoaçavam com a brisa amena, na cadeira de balanço de vime forrada com travesseiros de renda a ler de forma apaixonada e despreocupada. Em seu colo, apreciando a voz de anjo que contava a história do livro, jazia uma linda menininha de seus quatro anos de idade. Piscava seus lindos olhos castanhos, tal como o chocolate mais doce, e enrolava em seu dedinho indicador uma de suas sedosas mechas loiras. Era Anne Jane, sua filha mais nova, que recebera aquele nome em homenagem à sua falecida irmã.

Alegro-me ao narrar para o estimado leitor que doze anos haviam transcorrido desde então. Se antes a Colina dos Ventos Verdes já fora palco para vozes de fantasmas do passado e corredores extensos repletos de escuridão, agora, todos os cômodos eram iluminados com vozes e risadas de crianças.

A Sra. Whitehouse tinha uma aparência mais madura, agora com seus trinta e dois anos, entretanto, não deixava de transpassar a sua beleza gentil dos tempos de outrora. A trança longa e loira descansava sobre um dos ombros, e trajava um vestido branco. Era uma imagem maternal digna de ser transporta para uma caprichosa pintura. 

Ao todo, Alessia e Nicholas foram visitados quatro vezes pela cegonha.

Alice, era a filha mais velha e tinha onze anos de idade, e era fascinada por livros. Herdara os cabelos castanhos e olhos cor de mel do pai. Ela era muito esperta e fascinada pelo mundo literário. A menina lia de tudo, desde leituras mais fáceis até aquelas que davam nó na cabeça de qualquer adulto. 

 Alan era o segundo filho do casal e tinha nove anos. Era um garoto muito aventureiro, que colecionava diversas cicatrizes nos joelhos e cotovelos. Também era muito protetor de seus irmãos. Tinha carismáticos olhos castanhos e cabelos loiros, assim como a mãe. 

Daniel não poderia ser considerado como o terceiro filho, pois tinha mesma idade de Alan. Em verdade, era mais velho que ele por dois meses. Acontece que o menino de cabelos ruivos e sinceros olhos verdes era adotado. Surgiu, um dia, dentro de uma cesta de palha, aconchegado em uma manta felpuda amarela. Na ocasião, Alessia estava grávida de Alan, e Alice tinha apenas dois anos. Apaixonou-se pelo garotinho e imediatamente quis adotá-lo, assim como Nicholas, que também apegou-se ao menino com o amor verdadeiro de um pai, pois viu-se refletido em Daniel. Ele era uma criança muito tímida e de comportamento extremamente dócil. Às vezes, tropeçava nas palavras e suas bochechas ruborizavam quando sua boca fazia questão em confundi-las. 

E, havia a devidamente apresentada Anne Jane, a caçula e a menina dos olhos de Nicholas. Seu jeito único e curioso completava ainda mais a alegria daquela grande família. Era uma cópia exata de Alessia quando a mesma ainda era pequena.

A Sra. Whitehouse fechou o livro, deixando um suspiro satisfatório escapar. Havia lido na sequência Um Céu de Borboletas Azuis, A Janela do Seu Coração, e A Canção Eterna dos Lírios, seu poema favorito. Sua pequena plateia, Anne Jane, Kitty, e Fanny, aplaudiram-na após finalizada a oratória. Ao pé da lareira, jaziam confortáveis Ranzinza e a Gata Cleo, o casal de gatos era simplesmente inseparável. No começo eram desconfiados, enciumados, e logo se tornaram carne e unha. Tiveram muitos filhotes — brancos e cinzas — que as crianças da Colina dos Ventos Verdes amavam de todo o coração os bichinhos.

 Depois de algum tempo, Lady Farrell viera morar em definitivo na Colina dos Ventos Verdes, depois que sua criada de longa data, Priscila, casou-se e foi constituir sua própria família. Tia Agnes foi para o Paraíso em uma primavera florida, e muitos juravam de pés juntos que ela sorria em seu sono eterno. 

Colina dos Ventos VerdesWhere stories live. Discover now