Capítulo 9

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— Mentiu que ele era seu noivo?

— Sim, Sra. Callum — Alessia respondeu em um tom de voz fraco.

— Fez muito mal, Srta. Alessia. Muito mal! — Sra. Callum censurava-a depois de tudo que Alessia lhe contou.

Alessia estava na banheira de cobre, imersa na água morna cheia de espuma. Brincava com as bolhas de sabão, não entendendo a reprimenda da Sra. Callum.

— Menina boba! O que fez foi muito errado.

A Sra. Callum aparentava mui chateada, ainda mais, após Alessia confessar sua pequena travessura. Para ela, ter mentido já era demais, mas prosseguir com a mentira era um absurdo completo. Repreendeu a moça como uma mãe, pois amava-a como uma filha e não queria vê-la magoada em sua desventura.

— Abri meu coração para a senhora, e ainda julga as minhas ações tão acidamente? Não lhe disse que o Sr. Whitehouse está de acordo com tudo isto. Por que achas que eu fiz mal, Sra. Callum?

— Porque está brincando com fogo, minha menina. Em primeiro lugar, não deveria ter dado razão para a raiva e dito esta mentira tão exacerbada para suas amigas. Em segundo lugar, se elas forem suas amigas de verdade, perdoarão o que você disse anteriormente e esquecerão. E, em terceiro lugar, será se não teme que magoará um pobre rapaz nisto tudo?

— Não, elas não farão isso. Felicia, Faustina e Clementine nunca irão me perdoar se souberem que não fui verdadeira com elas. E eu não posso contar a verdade. Imaginar dizer que não possuo noivo algum? Não agora que meu nome está estampado sem pudor no Diário da Dama Desabrochada. Se eu cogitar em dizer o que de fato aconteceu, serei piada por toda a Hertfordshire por todo o sempre — retirou uma mecha molhada do cabelo que caiu sobre os olhos. — E eu não irei magoar o Sr. Whitehouse, Sra. Callum. Jamais pensaria em ferir seus sentimentos.

— E o que a sua madrinha achará deste noivado fajuto? Já pensou nisso, menina?

— Farei o possível para manter a minha farsa e agradar tanto a tia Agnes quanto minhas amigas. Viu? Nada dará errado. Além disso, pensei que manter o Sr. Whitehouse ao meu lado, pudesse servir como um repelente para afastar outros pretendentes.

 Alessia não estava arrependida por ter feito um acordo com Nicholas para que ele fingisse ser seu noivo. No entanto, estava sendo extremamente difícil convencer a Sra. Callum a pensar de acordo com seu ponto de vista. Na mente de Alessia, seu plano era quase perfeito e nada poderia dar errado.

— Sra. Callum, apenas Cecilia e a senhora sabem de meu precioso segredo. Eu não teria coragem em contar para o Sr. Callum, pois certamente ele passaria um sermão sobre boas morais e condutas exemplares, e sobre como uma dama não pode ser tão amigável e sorridente com um jovem solteiro. Não conte para ele sobre a mentira que eu inventei. Já coloquei inocentes demais em minha história fantasiosa.

Alessia uniu as mãos e fez um beicinho, tentando convencer a Sra. Callum de seus ideais distorcidos.

— Não seja tão malvada comigo, Sra. Callum. Prometo que quando eu chegar aos meus vinte anos, não conto mais mentiras. É uma promessa. Apenas não almejo que torne-se uma impiedosa comigo e puna-me com o silêncio eterno.

— Pare de ser tão dramática. Está bem — disse a Sra. Callum, jogando sobre ela um pequeno balde de madeira com água, lavando seu cabelo que estava com espuma. — Guardarei segredo do meu marido. Minha boca será um túmulo. Mas acaso não pensou, menina, se o Sr. Whitehouse subitamente ficar apaixonado por você ou vice-versa?

— Ele? Apaixonado por mim? Sra. Callum, olhe bem para mim. Sou a criaturinha mais sem graça que existe sobre a face da Terra. E também... — Alessia encarava sob o espelho de água seu reflexo turvo. — Terei sorte se o Sr. Whitehouse conseguir aguentar-me por mais de cinco minutos.

Colina dos Ventos VerdesWhere stories live. Discover now