Capítulo 27

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Os lírios foram colhidos por Cecilia ainda bem cedo, pois almejava fazer uma surpresa para Alessia. Andava pela estrada, distraída, com o som dos pássaros, quando escutou vozes conhecidas a chamá-la. Abriu um tímido sorriso ao contemplar Fanny e Cameron vindo em sua direção.

— Bom dia, Srta. Fanny.

— Dia, Cecilia — disse Fanny, segurando o seu chapéu que quase voou com a pequena corrida que fizera. — Vejo que colheste belos lírios para si — apontou para os lírios.

— Oh, os lírios não são para mim, Srta. Fanny. Estou levando-os para a Srta. Alessia. Mas se quiseres, posso lhe dar um.

Fanny recusou, pois acreditava que as flores não combinariam com seu vestido verde oliva.

— Vai participar do baile da Srta. Felicia? — atracou o braço no dela, e acabou por sussurrar, assim que viu o irmão aproximando-se. — Sei que Cameron adoraria vê-la vestida em vestes de festas, principalmente se for musselina.

Inesperadamente, Cameron franziu o cenho, e ficou extremamente ruborizado, fingindo até mesmo que tossia.

— Estefânia Liliana Dashwood, isso são coisas que se diga a esta hora da manhã? É tão inadequado — o rapaz ralhou, virando o rosto para o nada. 

— Detesto quando você fala meu nome por completo — mostrou a língua para o irmão.

— Mas, e quanto a vocês? Estão fazendo um passeio matinal? — Cecilia indagou, mudando de assunto.

— Fomos visitar a madrinha — Fanny explicou. — Até ontem estava gemendo em seu leito de morte, mas hoje pela manhã não parava de tagarelar sobre como tinha saudades em comer pão de ló. Sabes fazer pão de ló, Cecilia? Poderia ensinar-me? Se bem que ainda não me ensinaste a fazer geleia de morango. Tessa ficou na casa da madrinha, pois minha irmã é a afilhada favorita dela. E não é por menos. Tessa vive bajulando a madrinha para ganhar doces. Ah, um milagre aconteceu, Ceci. Finalmente o Sr. Will deixou-me em paz! Nunca mais terei de suportar um rapaz que não sabe manter o dedo longe do nariz.

Cecilia sorriu com os olhos fechados, o que deixou Cameron plenamente encantado.

— Creio piamente que meu irmão seria um ótimo advogado na cidade. Aqui, ele tem de suportar casos mesquinhos como de dois vizinhos que estão brigando por uma abóbora, porque ela brotou na divisa dos dois terrenos.

— Fanny, por mais esquisito que seja o caso, não deve falar a respeito disso aos outros.

— Cecilia é praticamente parte de nossa família. E, também, eu não poderia deixar de compartilhar um caso tão intrinsicamente bobo como este.

 Percebendo que o irmão olhava para Cecilia, Fanny inventara uma desculpa de que havia visto um trevo de quatro folhas na orla da estrada e que necessitava urgentemente apanhá-lo para enfeitar o seu chapéu. 

Ambos, lado a lado, pareciam duas estátuas de mármore, extremamente acanhados para iniciar uma conversa. 

Duas carruagens apressadas passaram por eles com cavalos que relinchavam furiosos, fazendo com que Cameron protegesse Cecilia de um possível acidente, quase abraçando a moça. Fanny, que tinha a aba do chapéu enfeitada por uma dezena de trevos de três folhas (não dera a sorte de encontrar um trevo com quatro folhas), foi correndo até eles, irritada com a falta de cordialidade do cocheiro por quase tê-los atropelado na estrada.

— Tem gente que acorda virada do avesso — disse a mocinha, mui aborrecida. — Quase acidentou meu irmão e a coitada da Cecilia. Queria poder dizer umas poucas e boas para essa pessoa sem educação.

Colina dos Ventos VerdesWhere stories live. Discover now