Capítulo 19

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A cabeça dela estava doendo.

Doendo horrivelmente. 

Igualava-se como se algum algoz houvesse colocado pregos em seu crânio e em seguida, martelado impiedosamente. Sentia o corpo fraquejar, além da temperatura elevada. A dor na sua garganta equiparava-se a comer uma tigela de cacos de vidro e o nariz entupido cuja consequência era fazer sua voz sair engraçada.

O curto cabelo loiro deslizava preguiçosamente pelos travesseiros de cetim, e ao lado da mocinha, vários lenços. Não levantaria daquela cama mesmo que quisesse. Nicholas estava mesmo certo quando cogitou anteriormente que ela estivesse com febre. Embora, metade da culpa do seu rubor também era pelo fato do rapaz de sorriso cativante existir.

Mesmo com a cabeça rendendo-se em dor, os pensamentos dela não paravam por um segundo. Ergueu a mão esquerda, sem muito esforço e olhava fascinada para a fitinha de cetim vermelha enrolada em seu dedo anular. Uma coisa tão simples que a fazia sorrir. No entanto, ainda jazia desconfiada pelos acontecimentos do dia anterior. Ela sentia-se em desvantagem e completamente desnorteada. Talvez, estivesse equivocada, porém não deixava de acreditar piamente que Nicholas ainda estivesse apaixonado por Alden Fitzberg. Os olhares, gestos e a conversa calorosa apenas teve serventia para deixá-la mais cismada sobre este fato. Pressupunha também que acaso aquela dama estivesse em uma situação mais vantajosa, Nicholas não perderia tempo e trataria de conquistar o coração dela.

Oh, ótimo! Não bastava estar com febre agora delirava.

As cortinas floridas do dossel foram afastadas, deixando a visão da moça sobre a cama, exposta, e a face de sobrancelhas erguidas e boca prensada em uma linha reta da Sra. Callum apareceu para ela, seguida da impertinente luz solar. Evidentemente, a senhorinha preocupou-se de fato quando a garota não compareceu na sala das refeições para desfrutar do desjejum matinal.

— Feche as cortinas, por favor. A luz do sol machuca os meus olhos — disse a moça com a voz fanha, um chiado súplice quase impossível de distinguir.

Atendendo ao pedido dela, a Sra. Callum tornou a fechar as cortinas das janelas, uma por uma, e voltou-se à moça com a cabeça afundada nos travesseiros.

— Acho que deverias dar uma olhada no Diário da Dama Desabrochada, menina Alessia. Noticiaram duas páginas apenas para você e para o Sr. Whitehouse, contando a respeito do piquenique na casa dos Evans. E, também, deram um pequeno destaque sobre um certo desentendimento entre o Sr. Hughes e a senhorita.

— Quando esta maldita revista me deixará finalmente em paz? Acaso sou uma dama tão interessante ao ponto de meus passos serem motivos de notícias? — Alessia indagou, em uma voz anasalada. 

— Achei que gostasse da revista, menina, por causa dos poemas e dos contos...

— Eu a detesto agora!

— Céus! Céus! Céus! — a Sra. Callum pôs a mão aberta sobre a testa de Alessia. — Como pensei. Está queimando de febre! Óbvio, com toda aquela chuva de ontem, era impossível que não ficasse doente! Não se aflija. Irei preparar uma canja para mandar este resfriado embora. Pedirei imediatamente para cortarem as verduras.

Foi-se e rapidamente retornou trazendo consigo uma pequena toalha úmida, pondo-a sobre a testa ardente da moça. A porta abriu e fechou de novo, denotando que a Sra. Callum havia saído. Não demorou muito para a porta abrir novamente, e Alessia sentir uma mão sobre a sua bochecha. Ela tremia-se e sentia calafrios.

— Sra. Callum, não coloque alho na sopa, por favor. Eu não gosto de alho. — Alessia falava de olhos fechados.

— É, você está mal mesmo — disse uma voz aveludada que ela reconhecia bem e que fizera seu coração bater forte.

Colina dos Ventos VerdesWhere stories live. Discover now