Capítulo 29

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 Um dia, um repentino convite viera diretamente do casarão do outro lado do lago para a Colina dos Ventos Verdes. Alessia e Nicholas foram convidados por Arthur Saint-Clair para comparecer em um amistoso chá, embora o próprio Nicholas achasse que não haveria nada de amistoso no tal convite feito por seu rival.

 Entretanto, Alessia jazia empolgada para visitar o dito casarão, tanto que, esbanjava sorrisos aos montes. Combinou com sua leal amiga, Cecilia, que também jazia entusiasmada — embora de forma mais moderada —, para visitar o lugar.

— Por que temos de ir de carruagem, Raio de Sol? A outra mansão fica apenas há 20 minutos de distância. A pé!

— Oh, andar por 20 minutos para ficar com bolhas nos pés e com a face completamente suada e vermelha, Sr. Whitehouse? Discordo ardentemente de ti. 

Não demoraram muito, o rapaz e as duas moças acomodaram-se na carruagem e partiram. Cecilia decidiu usar um vestido novo cor de creme para a ocasião, com renda branca na barra, e até mesmo bordara suas próprias jarreteiras com pequeninas tulipas amarelas, embora ninguém pudesse ver sua obra-prima, pois a anágua do vestido as esconderiam. Além do mais, ela cobrira os ombros com fichu, pois não achava apropriado exibir o seu decote. Alessia, por outro lado, escolheu um vestido de brocado verde, e deixou bem visível, como se fosse uma medalha de honra, o broche que ganhara de Nicholas. Cobriu as mãos com luvas e ostentou o leque, da mesma cor do seu vestido.

Diferente das duas damas que jaziam a conversar e a especular como seria o casarão, Nicholas estava pensativo, e até mesmo com o semblante perturbado. Acreditava que era uma armadilha de Arthur.

A magnificência do casarão podia ser vista a distância, com suas alamedas que cercavam a enorme residência. Era um casarão construído inteiramente com pedras em cinza-escuro, e muito se assemelhava com um pequeno castelo medieval, e não era por menos, pois aquele casarão era uma das residências mais antigas de South Royal. A entrada era ampla e grande, sem muros que o protegessem. Grandes janelas com vitrais coloridos estampavam a fachada, além de uma pequena janela redonda que ficava no topo. Havia um caramanchão e este era gracioso decorado com belíssimas orquídeas. E, também, encontrava-se uma escadaria de pedra na lateral do casarão, com ramos de plantas trepadeiras e rosas que davam acesso a estufa que ficava em cima do casarão, protegida por uma divina concha de vidro, o que tornava a aparência do lugar por demais encantadora, apesar de ser uma estrutura recém-construída e que não fazia parte da construção original.

Assim que estavam quase perto de chegarem ao casarão de Arthur Saint-Clair, Alessia, que dantes jazia risonha e empolgada com Cecilia, deteve seu olhar na janela da carruagem quando contemplou o pequeno lago que ficava a poucos metros do casarão. Mantinha os olhos firmes no lago, e de certa forma, estava até mesmo espantada. Quando por fim chegaram ao lugar indicado, com a mão trêmula, ergueu-a para Nicholas, que ajudou ela a descer da carruagem. Não ousou perguntar para Alessia o motivo dela ter se assustado, porque lembrou-se do que Faustina havia dito anteriormente. A palavra tragédia reverberava na mente de Nicholas. 

Sequer tivera o devido tempo em ficar ao lado dela, pois Alden Fitzberg aparecera, com o melhor dos sorrisos estampados na face e sua receptiva voz de rouxinol. Recebera calorosamente os três convidados e os instigou a adentrar o casarão. E o lugar parecia muito maior e diferente por dentro. Se por fora o casarão parecia um pequeno castelo medieval, por dentro era uma autêntica ode ao estilo rococó¹.

Alessia e Cecilia não conseguiam deixar de admirar a garota hospitaleira. Seus cabelos longos persistiam presos em um coque com alguns cachinhos desobedientes que escapuliam, adornando sua face. Alden estava belíssima em seu deslumbroso vestido azul², que somente lhe valorizava a cor de seus afáveis olhos. Embora ela houvesse recusado que Arthur lhe presenteasse um vestido de cor tão cara, acabara por vesti-lo no fim das contas.

Colina dos Ventos VerdesWhere stories live. Discover now