Colina dos Ventos Verdes

Capítulo 15

No lar das primas Byrne, Faustina não conseguia manter-se quieta na sala de estar, empolgada para saber as boas novas e desperdiçou quinze ou vinte minutos andando de um lado a outro, fazendo círculos, quase ficando tonta. Felicia, que detestava o comportamento imaturo da prima, tratou de fazê-la parar com aquilo antes que ela se aborrecesse por completo.

— Pare já com isto, Faustina Byrne. Tenha piedade por mim em aguentar suas maluquices. Acaso viraste um redemoinho ou queres cavar um buraco no chão com seus próprios pés? Qual o motivo para tamanho rebuliço?

— Prima, não sei se conseguirei esperar até o piquenique dos Evans. Estou muito ansiosa em conhecer o noivo de Alessia. Não consigo parar de imaginá-lo. Segundo o Sr. Franklin que o conheceu pessoalmente, disse que o Sr. Whitehouse é por demais educado e muito formoso. Quase não acreditei ao saber que o Sr. Franklin elogiou outro cavalheiro, logo ele que é tão orgulhoso.

— O Sr. Franklin tem mania de aumentar as informações.

— Será que tudo o que está escrito no Diário da Dama Desabrochada é verdade, prima?

— Você é idiota, Tina? Fui eu quem escreveu tudo aquilo a respeito do noivo de Alessia e mandei em forma de carta para o Diário da Dama Desabrochada — pôs a mão sobre o peito, muito orgulhosa. — Eu poderia ter inventado mil coisas para colocarem naquela bendita revista que todos acreditariam sem pestanejar. Meu desejo era ver Alessia envergonhada ao ler tais coisas, mas ao que parece, ela está mais deslumbrante do que nunca.

— Foi você, Felicia? Você mandou uma carta para o Diário da Dama Desabrochada? Oh, é tão difícil ter algum conto ou poema nosso exibido na gazeta, e eles deram espaço para uma mera fofoca. Por que não contou-me de antemão? Eu guardaria segredo a sete chaves. Em meu íntimo, pensei que fosse artimanha de Clementine.

— Clementine não é engenhosa como eu. E você também não.

— Ainda assim, como Alessia é sortuda. Conseguiu ficar noiva antes de todas nós, principalmente de você, que acusava-a proferindo sem qualquer carinho que ela ficaria murcha e sozinha como uma rosa seca.

Felicia detestava quando a prima relembrava-a de sua solteirice. Fingindo uma voz suave, tratou de voltar a falar.

— Pois eu sugiro que adiante-se na bobagem que tiver que fazer. Afinal, você não é conhecida por estas bandas por ser muito inteligente. Não, ao invés, é conhecida como cabeça de vento. Uma alcunha adequada para uma dama como você, cuja boca sempre está repleta de frivolidades. Creio que não saiba, mas nos bailes, não és a dama mais interessante para conversar — completou, com uma risada sarcástica.

Faustina ficou enormemente ofendida com a desfeita de Felicia. Aborreceu-se e sem dizer para onde ia, foi para a estrebaria, montou em sua égua branca e partiu.

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No mais tardar, Nicholas não demorou na casa de Cameron Dashwood, e muito achou o rapaz lisonjeiro e deveras cortês. Sua família era tão agradável quanto ele, e, pela primeira vez, Nicholas sentiu que fazia parte de um lugar. Ao menos, podia presumir que aquelas pessoas não jogariam água quente nele.

Ao fazer o caminho que o levaria para a Colina dos Ventos Verdes, Nicholas encontrou uma dama sentada na relva da campina a chorar. Apressou o cavalo indo até ela, para averiguar a situação da moça.

— O que aconteceu, senhorita? — desceu do cavalo, indo até a moça que muito chorava.

— Quartas-feiras são dias de azar, e nem mesmo atreva-se a dizer o contrário, caro senhor.

— Se assim o diz, então deve ser verdade. Por que eu iria contradizê-la?

Faustina coçou os olhos, encarando pasmada o cavalheiro de cabelos levemente ondulados e olhos cor de mel que estava perante ela. Ele parecia um sonho, exceto que segundo ela, o rapaz estava muito mal vestido e não fazia uso de uma armadura prateada, tal como nos contos que lera, e seu cavalo ao invés de ter a pelame alva como a neve, tinha a coloração estranhamente castanha. Bateu as mãos no chão arrancando alguns pedaços de grama, como uma criança birrenta.