Passeio

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Acordei meio esquisita sem saber onde eu estava. Aí teve aquele tempinho pra cabeça ajustar e lembrar que estava na casa da minha mãe. Olhei pra um lado e vi minha irmã dormindo ainda e quando olhei pro outro lado eu vi o rostinho lindo da Sabrina me olhando.

- Você dorme tão linda - disse ela baixinho.

Respondi com um sorriso e mandei um beijinho pra ela. Segurei a sua mão e dei alguns beijinhos silenciosos e em retribuição ela acariciou meu rosto com suas mãos macias. Ficamos um bom tempo assim. Depois procurei o celular pra olhar a hora. Eram sete e vinte e seis da manhã. Nessa hora já se escutava a minha mãe mexendo na cozinha.

- A minha fralda tá pesada - disse.
- A minha também.
- Vamos fazer o seguinte, eu troco a sua e você troca a minha.
- Siiiimmm...isso !!!

E assim fizemos. Mandei ela deitar. Fui na minha bolsa e peguei uma fralda, e a bolsinha. Abri a fralda cuidadosamente e fiquei excitada vendo ela peladinha bem na minha frente. Era muito linda com aquela pepeka gordinha e lisinha.  Tirei a fralda ensopada e limpei ela com toalha umidecida depois passei pomada em todas as suas dobrinhas. Depois joguei talco e espalhei aproveitando pra acaricia- la. Deslizei minha mão calmamente e pude ver pelo seu rostinho que estava gostando. Então resolvi colocar a fralda pois ela ainda iria me trocar. Deitei na cama e ela pegou uma de suas fraldas e fez todo processo em mim. Também foi bem devagarinho e confesso que nunca tive uma troca de fralda tão prazerosa. Sentir aquela mãozinha gordinha me acariciando e foi melhor sensação que existe. Depois de trocadas nós beijamos apaixonadas mas silenciosas. Eu vesti uma bermuda jeans e uma blusa vermelha de malha. A Sabrina também vestiu uma bermuda cinza e uma blusa preta também de malha. Penteamos o cabelo e saímos do quarto.

- Bom dia mamãe.
- Bom dia dona Maricota.
- Bom dia meninas...durmiram bem?
- Sim - respondemos em coro.
- Tô fazeno um cafezim, mas como vocês não tomam, tem leite quentim.
- Vamos tomar leite com farinha de munho - sugeriu eu.
- Farinha de que? - perguntou Sabrina.
- Vou fazer aqui, e se você quiser faço pra você também.

Preparei nunca caneca o leite e a farinha de munho com um pouquinho de açúcar. Dei um pouquinho pra ela provar na minha própria colher. Em seguida mergulhei a mesma colher que ela tinha provado na minha caneca. Vi que minha mãe olhou aquilo curiosa pois eu era nojenta e não aceitava ninguém usar minha colher e se eu tivesse de usar outra, mesmo pegando ela limpa eu lavava de novo. E ali estava eu compartilhando a mesma colher com uma colega de serviço.

A Sabrina arregalou os olhinhos e disse:

- Nossa, que trem gostoso.
- Sabia que ia gostar.

Fiz da mesma forma pra ela. Tomamos aquilo com gosto. Depois fomos lavar as canecas. Eu lavava e ela enxaguava e enxugava. Quando me viro eu vejo minha mãe olhando fixamente a gente. Não sei se é por causa das brincadeiras ou porquê estávamos muito encostada uma na outra. Voltamos pro quarto e vi minha irmã sentada na cama.

- Uai, levantaram cedo, vocês jaaa... - fez um sinal apontando pro próprio quadril e fez uma mímica coma a boca falando fralda.
- Sim, está tudo certinho maninha.
- Cheguem aqui - disse ela - vão dar um passeio que vou tentar preparar o terreno por aqui.
- Ok... você é uma amor - e dei um beijo na bochecha dela.
- Juízo, vocês duas viu - disse baixinho.

Eu e a Sabrina fomos até a cozinha e anunciei:

- Mamãe, vou mostrar a cidade pra Sabrina.  Vai querer alguma coisa do armazém?
- Não filhinha...tá tudo certinho...brigada.

Saímos de casa de mãos dadas e quando fui sair no portão eu lembrei que a gente não podia andar daquele jeito na cidade. Quando fechei o portão vi minha mãe nos olhando pela janela da cozinha.

Fui mostrando a cidade pra minha namorada. Não era grande. Bem típica cidadezinha do interior. Com vendas, e nas lojas de utilidades não tinha um chinezinho no fundo como em BH. Compramos algumas roupas nas lojas de dez reais e outras coisinhas bobas. Por volta de onze e meia a gente já estava voltando pra casa. Mas antes de chegar em casa eu encontrei a Maria. Maria era uma vizinha da mesma idade que eu, com quem tive um quase namoro. Lembro de uma vez em uma festa que a gente estava em um lugar escuro e escondido e acabamos dando um selinho. Depois ficamos com tanta vergonha que custamos a conversar de novo. Tínhamos quinze anos e éramos muito bobas. Mesmo assim éramos muito amigas.

Quando ela me viu, me deu um abraço apertado. Ela estava linda com um vestidinho estampado curtinho. Apresentei a Sabrina como uma amiga e fomos a caminho de casa conversando animadamente sempre incluindo minha namorada na conversa pra ela não ficar deslocada. Mas pra eu não perder a fama de desastrada eu tropecei num passeio desnivelado e caí de quatro.

- Nossa amor !!! - disse Sabrina sem querer, e já abaixando do meu lado pra me ajudar a levantar - machucou?

Levantei lentamente passando a mão no joelho ralado. E a Sabrina grudada do meu lado me olhando preocupada pra ver se havia machucado. Quando recompus , levei a mão na cintura e vi que minha fralda tava toda exposta e também a da Sabrina. Ajeitei rápido puxando a blusa da Sabrina tentando tampar a fralda dela.

Quando a gente olha a Maria estava paralisada olhando pra nós. Estava com uma fisionomia como se tivesse achado um tesouro. E a gente sem saber oque falar. Por fim eu disse:

- Olha Maria...eu posso explicar tud...
- Nossa...uau...que...que lindas !!!
- Ããããã ?!!! - exclamei sem entender nada.
- Nossa...nunca pensei que ia ver isso ao vivo, ainda mais de duas garotas tão lindas como vocês.
- Doque você está falando ? - perguntei mesmo sabendo a resposta.
- Vocês... vocês... vocês usam fraldas ! - disse ela super entusiasmada.
- Nós podemos explicar - tentei falar.
- Ela te chamou de amor...que lindas... são namoradas né !!!
- Olha... nós...
- Calma Alice... não vou falar nada pra ninguém não. Podem ficar sossegadas. Não sou fofoqueira igual esse povo daqui.
- Obrigada Maria...minha mãe está nos esperando...podemos conversar depois?
- Mas é claro que podemos...quero muito conversar com vocês.
- Tá bom, a tardinha te chamo lá na sua casa viu.
- Vou esperar.

Ela se afastou com um sorriso enorme no rosto, oque fazia ela ficar mais bonita ainda. Sabrina olha espantada pra mim e pergunta:

- Oque foi tudo isso heim ?
- Nem eu sei...estou tão curiosa quanto você.

Acabamos rindo de tudo aquilo. Entramos em casa e fui lavar o joelho que estava só um pouquinho vermelho. Quando minha mãe chegou a Sabrina estava enxugando meu joelho com papel toalha com todo carinho. Minha mãe olhou, mas não disse nada. Apenas perguntou:

- A desastrada machucou de novo?

Sabrina olha pra minha mãe rindo e comenta:

- Então ela é desastrada desde nova?
- Como você sabe? - quis saber minha mãe.
- Eu e a Sabrina trabalhamos grudadas. A nossas mesas ficam lado a lado. Toda hora ela apronta uma.
- Vão ficar de complô contra mim agora é? - protestei.
- Desculpa lindinha... é brincadeira.

E mais uma vez minha mãe olha pra gente desconfiada. Então anuncia:

- O almoço está pronto...vamos !!!

A história de Alice Onde as histórias ganham vida. Descobre agora