A Descendência

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Era estranho estar de volta em seu antigo quarto. Era estranho voltar para o castelo e encontra-lo inteiro. Sentia um aperto em seu peito só de lembrar que fora ela a pessoa que o destruiu no passado.

Antes de ir embora, Ellie abraçou Niara com força e a agradeceu várias vezes por tudo, por tê-la acolhido, por tê-la alimentado e principalmente por tê-la treinado. Niara tocou-lhe delicadamente o cabelo e lhe disse que ela era extraordinária. Ellie sorriu.

Depois, Vincent quis falar a sós com sua mãe e Ellie o esperou do lado de fora. Ficou absorvendo a arquitetura rustica e excêntrica da cabana e pensou que sentiria falta dali.

Tudo em seu quarto estava no mesmo lugar em que deixara, até mesmo suas roupas. Era até um pouco perturbador.

– Tudo bem? – Vincent perguntou, parado ao lado da porta, que ele havia fechado ao entrar.

Quando olhou para ele, Ellie percebeu que seu rosto ainda estava vermelho onde ela lhe dera os tapas, o que a fez ruborizar um pouco.

– Desculpe pelos tapas. Não quis te bater.

– Quis sim. Mas está tudo bem.

Ellie desviou o olhar. Engraçado, não sabia mais como reagir a presença de Vincent. Ele tinha dito que a amava, ela dissera que o amava, tinham se beijado duas vezes, mas e depois?

– Ellie – Sem que ela percebesse, Vincent havia se aproximado e tomou as mãos dela nas suas, o que gerou um impulso elétrico que percorreu ambos os seus braços, agitando seu coração em seguida. – Não precisa se sentir desconfortável pela minha presença. Se quiser que eu a deixe sozinha, é só me pedir.

Ela piscou os olhos e abriu a boca, mas nada disse. Ficou atordoada pelo fato de que Vincent havia interpretado tão certeiramente seus sentimentos, mesmo sem a ligação.

A ruiva soltou suas mãos e agarrou a frente de sua camisa com força.

– Eu não quero que me deixe sozinha. Não quero nunca mais que me deixe sozinha.

Vincent a envolveu em um abraço e Ellie se permitiu deitar a cabeça em seu ombro.

– Não consigo imaginar como foram esses dois meses para você com Maximus.

Os braços de Vincent enrijeceram e a ruiva pôde notar essa sutil tensão que percorreu todo o corpo do feiticeiro repentinamente. Ellie se afastou para que pudesse olhar nos olhos de Vince, que agora carregavam uma sombra que ela não conseguia explicar.

– Na verdade, Ellie, no último mês eu estive... aqui.

Ellie franziu o cenho e se afastou, livrando-se de seus braços tão calorosos.

– C-como assim aqui? Mas se você estava... Por que demorou tanto tempo pra ir me ver? O que você... – Ela recuou dois passos, sentindo garras apertaram seu coração. – Você não... Você não me queria aqui...

– Não, Ellie – Vincent tentou se aproximar, mas como ela recuou novamente, ele se manteve no mesmo lugar. – Eu só queria...

– Se você disser me proteger, eu juro... – Ellie fechou as mãos em punhos, sentindo a energia dentro do seu corpo convergir para esse lugar específico. Quando ela viu que uma luz violeta envolvia suas mãos, obrigou-se a se acalmar. – Não minta pra mim, Vincent. Por que quis que eu voltasse só agora?

Vincent se virou de costas e coçou a nuca, soando inquieto. Quando voltou a encara-la, havia um quê de vergonha em seu semblante.

– Salvatore Lex destruiu o Conselho da Magia. Nas últimas semanas nós procuramos pelos feiticeiros que conseguiram fugir do ataque. – ele contou – Acontece que esses feiticeiros estão com medo e muito apavorados, e eu disse que a Fonte está do nosso lado. Eles querem conhecer você.

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