Pesadelo e Realidade

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Maximus estava sentado em uma poltrona próximo a lareira, absorto na leitura de um livro quando ouviu pesados passos no corredor vindo naquela direção.

Sabia quem era antes mesmo que a pessoa aparecesse.

Salvatore espalmou as mãos na porta e a abriu bruscamente. Pela expressão em seu rosto, poderia supor que alguma coisa havia dado errado.

– Por mais que me agrade sua visita – Maximus escarniou, mantendo seus olhos nas páginas amareladas – estou um pouco ocupado no momento.

Em resposta, a magia de Salvatore arremessou o livro que o outro segurava contra a lareira e Maximus o viu queimar. Não ficou nenhum pouco surpreso, apenas lamentou a perda de seu livro, era um bom volume. Ficou, na verdade, aliviado por não ser nenhuma parte de seu corpo.

– Não estou com saco para seu sarcasmo, Lennox.

– Eu não percebi. – Maximus destilou mais sarcasmo – Posso perguntar o que houve?

– Sua irmã irá morrer pelas minhas mãos, se quer saber. E você tinha razão – Salvatore atirou como se as palavras fossem agulhas afiadas. – não posso tocar em Ellie.

– Mas quanta intimidade. – ele falou ao ouvir o pretor chamar a Fonte por um apelido – Tenho que dizer que preciso de mais informação.

Salvatore lhe lançou um olhar afiado. Poderia se dizer que Maximus estava no limite de sua paciência, mas não ligava se Salvatore lançasse sua fúria contra ele. Sabia que o pretor não poderia mata-lo, afinal, ele precisa de mim, Maximus lembrou.

– Seu demônio encontrou a menina e eu a segui. Mas não pude tocá-la, a magia de Leona ainda atua nela, aquela vadia. E quando eu estava prestes a convencê-la a vir comigo, sua irmã apareceu e me fez ver uma ilusão ridícula. Ela está morta, Maximus, essa parte no acordo terá que ser quebrada, não posso manter Minerva viva depois do que ela me tirou.

– Sei que você não acredita, Salvatore – Maximus se levantou calmamente ficando de frente para o pretor – Mas eu amo minha irmã e, se matá-la, terei que dizer que não farei absolutamente nada por você.

Salvatore se aproximou mais e ficou a menos de um palmo de distância e, como era mais alto que Maximus, este tinha que erguer o queixo para encara-lo diretamente. O único olho restante dele queimava em ira pura, aceso com uma luz prateada sanguinária, como o fio afiado de uma espada que está sedenta pelo sangue de seus inimigos. Maximus resistiu ao impulso de se encolher, pois sabia, melhor do que ninguém, do que Salvatore era capaz.

– Pode retirar o feitiço de Leona da menina? – Salvatore questionou, assustadoramente calmo.

– Posso. Mas eu precisaria dela aqui.

– Eu vou providenciar. – Salvatore lhe deu as costas, girou o corpo tão repentinamente, que Maximus até deu um salto para trás, afastando-se instintivamente.

O feiticeiro observou o pretor se distanciar, pensando se deveria lhe contar que Vincent fora a antiga sede do Conselho da Magia, mas não o fez, permaneceu em silêncio. Sequer sabia ao certo porque estava omitindo. Para proteger Vincent?

Mas, afinal, não queria que Vince estivesse ao seu lado? Mesmo que fosse aprisionado e trazido a força por Salvatore Lex?

Maximus engoliu em seco e se jogou novamente em sua poltrona, olhando para o fogo.

Alguma coisa havia estranhamente mudado dentro dele.

A água quente beijava-lhe a pele de uma forma acolhedora e absurdamente necessária, esvaindo todo o frio que outrora estivera agarrado ao seu corpo como uma alma penada. Seus cabelos molhados pesavam em sua cabeça, caindo-lhe sobre os seios submersos na água, cujo perfume preenchia suas narinas.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now