Flor Branca

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A sensação de ter a magia de Salvatore Lex dentro de seu corpo foi como a de receber uma carícia íntima dele, e isso a fazia se sentir imunda, violada, nauseada. Lágrimas de raiva e tristeza continuavam a molhar seu rosto, quebrando o gelo do ar frio que a atingia.

Achou que fosse impossível odiar mais alguém do que odiava seu pai, mas Salvatore era a pessoa mais perversa que Ellie já conheceu. Ele dissera, com todas as letras, que havia matado sua mãe envenenada. Ela sempre pensou que sua mãe morrera por uma doença. Era como se tudo na sua vida tivesse sido uma mentira, como um castelo feito de areia que havia, de uma hora para a outra, desmoronado completamente.

Ellie sentia como se estivesse no escuro, incapaz de ver qualquer coisa ao seu redor. Perdida.

Ela apoiou as mãos na grama e se ergueu, sentando-se. Olhou para baixo e pegou a medalhinha que era de sua mãe, com um sol e um leão gravados nela. Estava quente e ela pôde sentir que, o que quer que tivesse mandado Salvatore para longe dela, a força havia partido daquele colar, e tinha uma marca energética diferente da de Ellie.

– Ellie Knox – o pretor cantarolou.

Quando voltou sua atenção novamente ele, viu um cenário que a aterrorizou.

June estava flutuando no ar, chutando inutilmente, tentava agarrar algo em seu pescoço, como se alguém a enforcasse, mas não havia nada ali.

Dante estava caído no chão, uma centena de cobras feitas de energia vermelha se contorciam ao redor de seu corpo, exibiam seus dentes e sibilavam para o garoto, que se mantinha completamente imóvel.

– Eu tenho uma proposta pra você, Ellie. – ele falou solenemente – Você vem comigo, boazinha e comportada, e eu não mato esses dois.

Ellie ficou em pé com um pulo, as mãos se acedendo com sua energia violeta.

– Não seja patética – Salvatore desdenhou.

– Me larga! – June gritou com a voz estrangulada – Vincent não está longe daqui.

Salvatore gargalhou.

– Acha mesmo, garotinha, que tenho medo dele?

– Da última vez... – June tossiu e engasgou por um momento – Ele te fez de idiota.

Dante arregalou os olhos, assim como Ellie, mas o rosto de Salvatore se coloriu de vermelho, a cor da ira, e seu olho brilhou como prata do aço de uma espada.

Ele fez um movimento brusco com o braço e o corpo de June foi arremessado contra a terra. Ela quicou de uma forma horrenda e um som quase animalesco saiu do fundo da garganta dela, uma espécie de grunhido. E, quase que imediatamente, vinhas saíram do chão e envolveram o corpo dela, vinhas que possuíam espinhos que rasgaram as roupas e a pele de June, erguendo-a novamente, desacordada, a cabeça pendendo sobre o pescoço.

Ellie sentiu sua raiva ferver dentro dela e magia borbulhar em sua superfície, esquentando-a de uma forma perigosa e explosiva.

Uma camada de gelo preencheu todo o chão ao redor deles quatro, o vento se intensificou, fazendo com que os cachos ruivos de Ellie chicoteassem seu rosto e neve começou a cair em abundancia do céu tempestuoso. O frio agora era insuportável, ela sentia o ar gelado entrando dolorosamente em seus pulmões, suas mãos pareciam estar congeladas, embora ainda estivessem envoltas por sua energia que se movia de forma instável.

Estava ficando sem controle e isso estava influenciando o clima ao seu redor, assim como acontecera quando ela perdera a ligação com Vincent.

– Vamos, Ellie. Estou perdendo a paciência – Salvatore falou severamente, em um tom alto e grave para ser ouvido.

O FeiticeiroNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ