O Jardim em Chamas

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Vincent estava muito confuso com toda aquela situação e, embora não parasse de pensar sobre esse assunto, não conseguia fazer com que as informações se encaixassem.

Primeiro, uma garota desconhecida, filha de um dono de terras deveras estupido e violento, surgira em seu castelo, transpondo suas barreiras mágicas mesmo sem nenhuma habilidade. Depois, ele descobriu que ela fora prometida em casamento para seu irmão, Maximus Lennox, alguém cujo interesse nela ainda era um tanto incerto.

Agora, exibiu-se o fato de que a mãe de Eleanore fora Leona Phoenix, uma mulher procurada pelo Conselho da Magia por práticas consideradas antiéticas e perigosas. Possivelmente, fora a pessoa que colocou um selo limitante em Eleanore, talvez por ela ser uma Fonte.

E, de alguma forma, Salvatore Lex estava envolvido em toda essa história. Um Pretor do Conselho da Magia, que estava caçando Leona, já que ela era uma criminosa.

Porém, não conseguia entender como estes três poderiam estar, de algum jeito, interligados.

As informações que o comerciante deu, depois de Vincent ser obrigado a lhe dar algumas moedas de prata, foi a de que Leona costumava fazer poções chamadas de malévolas, que causavam certo vício em quem as consumisse. De acordo com o vendedor, eram poções para melhorar o desempenho físico, ajudar nas relações sexuais, podiam gerar felicidade instantânea, fazer com que a pessoa amada o amasse de volta. Esse tipo de poção, geralmente, era vendido para ricos e nobres humanos, facilmente deslumbrados pela capacidade imediata da magia de causar o efeito desejado.

Essa era uma prática mais comum do que o Conselho tinha conhecimento, porém, Leona era boa demais no que fazia e demasiada arrogante para notar que tipo de impacto seus atos podiam ter, sobretudo em humanos comuns, que tinham pouco ou nenhum conhecimento mágico. Por causa disso, Leona deveria ser protegida por humanos nobres e poderosos, que usufruíam de seu produto de maneira desenfreada.

Ao que parecia, o interesse de Salvatore não era exatamente em aplicar a lei e, consequentemente, prende-la. O fato de Salvatore Lex ser um corrupto, que protegia feiticeiros, magos e bruxos que o pagavam ou que o ofereciam favores, não era novidade nenhuma no Submundo. Porém, sua imagem imaculada de melhor e mais nobre Pretor era tão sagrada para o Conselho e Corte, que nenhum feiticeiro com juízo ousaria denuncia-lo.

Não seria nenhum pouco surpreendente se Vincent descobrisse que Maximus era protegido por Salvatore, isso explicaria a razão pela qual, apesar de suas práticas mágicas hediondas, Maximus nunca ter sido pego pelo Conselho. Isso significava, se fosse verdade, que pouco importava se Vincent apresentasse provas contra Maximus, Salvatore daria um jeito de livra-lo da culpa ou de encobrir as provas.

Mas isso era apenas especulação, assim como tudo que reuniu até agora.

Vincent e Bash estavam sentados no sofá da sala, em frente a lareira acesa e quente. Próximos como estavam do solstício de inverno, o clima já estava substancialmente frio, o feiticeiro mal conseguia manter o calor de suas mãos, mesmo de luvas. Logo nevaria.

– Pretende contar as descobertas que fez para Eleanore, Mestre? – Amber perguntou.

– Contar à ela que sua mãe era uma traficante de poções, uma criminosa e dizer que estava sendo procurada pelo Conselho? Não sei exatamente se isso pode acrescentar. – Vincent suspirou, alisando sua trança caída por sobre seu ombro – Ela talvez tenha assumido o nome Verena para fugir de algo. Se de Maximus, Salvatore ou do Conselho, já não sei.

A porta da frente se abriu e Minerva retornou, já era tarde quando isso aconteceu, quase noite. Ela retirou seu casaco e o chapéu, antes de se aproximar de seu irmão.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now