Almas Costuradas

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Já era tarde da noite quando Vincent entrou no quarto de Ellie. Não sabia se ela ainda queria que ele dormisse com ela, já que não lhe dissera nada, mas queria ver como ela estava.

Vincent estava orgulhoso das palavras dela para os feiticeiros. Todos pareciam mais vigorosos agora, corajosos e poderosos. Minerva preparara um grande banquete para os feiticeiros, com direito a hidromel e uma variedade de carnes. Ela ficou no castelo, pois, no dia seguinte, explicaria todo o plano de ataque que ela e Vincent discutiram antes. Dante ficara com ela, e Maggie, que havia insistido e Minerva permitiu.

O restante voltou com Vincent para seu castelo, embora os feiticeiros tivessem protestado por causa da saída de Ellie, já que aparentemente agora ela era uma espécie de santa.

Quando entrou no quarto dela, porém, não encontrou o que esperava. Ellie estava encolhida em um canto do quarto, a janela estava aberta e um vento frio fazia as cortinas tremularem, estava muito gelado ali. Ellie abraçava suas próprias pernas e estava chorando.

– Ellie – Vincent foi até ela em passadas largas e se agachou a sua frente, segurando o rosto dela entre as mãos. – O que houve?

– O que eu fiz, Vince? – ela soluçou e agarrou os pulsos dele, mas não o afastou – Eles acreditaram em uma fraude. Eles ajoelharam pra mim! O que vão fazer quando descobrirem que sou uma farsa? Que sou fraca? Que nem com mil anos de treinamento eu venceria Salvatore Lex? – Lágrimas rolavam em abundância por seu rosto, molhando os dedos de Vincent. – Eu não sou nenhuma santa, muito menos a salvadora deles. Eu sou inútil! Não pude salvar Bulaklak!

Ele suspirou e a agarrou contra seu corpo, deitando a cabeça dela em seu peito, deixando que ela chorasse contra seu casaco.

Vincent sentiu-se o pior dos seres naquele instante. E se Ellie descobrisse que ele pretendia usar aqueles feiticeiros como sacrifício? Uma isca para o plano de Minerva? E se ela descobrisse que seu discurso estaria os ajudando a levar os feiticeiros para uma armadilha?

– Você não é uma fraude, Ellie, é uma Fonte! Uma lenda viva e, sim, praticamente uma santa. – Ele tornou a segurar o rosto dela, fazendo com que Ellie o olhasse nos olhos. – Você é a portadora da magia mais pura e o ser magico mais poderoso. Nunca duvide da sua força, pois ela está bem aqui – Vince colocou a mão sobre seu peito. – Só precisa saber como libera-la. E você é uma salvadora, sim. Tem me salvado de mim mesmo desde que apareceu em minha vida.

Ellie se desvencilhou delicadamente das mãos dele e secou suas próprias lágrimas.

– Eu tenho que destruí-lo, Vince – ela falou baixinho, frágil – Eu preciso.

Vincent estava sentada à mesa de seu quarto, a bola de cristal à sua frente, apoiada sob um pedestal de madeira que a mantinha fixa no lugar.

Seu quarto já havia voltado ao que era antes, com telas encostadas contra a parede, pilhas de livros aqui e ali, folhas de papel espalhadas pelo chão, materiais de tinta sobre a mesa, o cavalete no meio do quarto, a cama desarrumada, as velas flutuando no teto.

A imagem de Minerva se formou na bola de cristal, ela parecia surpresa, as sobrancelhas erguidas, atenta ao que seu irmão poderia querer tão tarde.

Ele havia ficado com Ellie até ela adormecer, acariciando seu cabelo cacheado.

– Você tinha razão, Minerva.

– Sim, eu normalmente tenho. Você diz sobre Ellie fazer o discurso?

– Não. Sobre eu sempre agir de maneira heroica para me redimir de meus erros. Você não foi a primeira pessoa a me dizer isso, foi Amber. E depois, Maximus, quanto lutamos no Garten.

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