O Lobo e o Cordeiro

986 107 30
                                    

June sentiu uma pontada incomoda em seu peito, quase como se seu coração fosse fisgado por um anzol. A sensação foi extremamente parecida com quando Vincent fizera o pacto com ela. June teve a esperança de que talvez fosse ele tentando se comunicar e seu coração se avivou em seu peito, batendo com mais força e mais rapidamente.

Ela havia feito uma fogueira para aquecê-los naquela noite extremamente fria. Tanto ela, quanto Magnolia estavam bem próximas ao fogo para se aquecer.

Bash permanecia adormecido, tremendo um pouco.

June jogou a cabeça para trás e pôde entrever o céu estrelado por entre as folhas e os galhos das árvores que a rodeavam.

Lembrou-se de quando Vincent a ensinou a reconhecer as constelações, a ver um mapa nas estrelas. Ele apontava para o céu e nomeava as estrelas e o conjunto que faziam. June sempre achou extremamente fascinante, como ele sabia de todas aquelas coisas.

June fitou o fogo ondulante à sua frente e desejou que ele falasse com ela, como Amber.

– June! – Dante gritou, recuperando o fôlego.

– Quê? – Sam questionou, o rosto fantasmagórico se deformando em confusão – Conseguiu localizar Vincent? Ele está com June?

O aprendiz negou com a cabeça.

– Não. Vincent está com um... bloqueio. Algo está me impedindo de chegar até ele e me empurrando pra longe. Acredito que seja um outro feiticeiro.

– Salvatore Lex? – quem perguntou foi Amber, que estava a uma distância segura da água do lago. Dante não era especialista em elementais, mas poderia supor que, sendo uma elemental do fogo, talvez água causasse certa dor em Amber.

– Talvez – Dante declarou – Mas, ao invés de Vincent, consegui localizar June. Por todos vocês estarem ligados a Maddox, acredito que sofri um desvio diretamente para ela. E ela está na Boemia, podemos ir pra lá!

– Consegue nos teleportar até lá? – Amber quis saber.

Dante mordeu o lábio inferior, pensativo.

Ele não era um feiticeiro, ainda não. Verdade que era um aprendiz experiente, mas... Havia aprendido a se locomover apenas curtas distancias, considerando que ainda era muito inexperiente e magias de transporte através de dobras dimensionais e espaciais eram, no mínimo, extremamente complexas.

No pior dos cenários, poderia falhar miseravelmente e desintegrar seu corpo, fazendo com que uma parte dele ficasse onde estava agora e a outra fosse teleportada. Ou então poderia ficar no limbo, perdido no espaço entre ambos os lugares, em um local chamado de O Vazio.

Mesmo tendo a sua disposição um enorme lago com um grande volume de magia acumulado, não tinha certeza se tinha a experiência necessária para executar um feitiço tão difícil.

Talvez pudesse tentar ir teleportando-os em curtas distâncias por vez, para não correr nenhum risco mais severo. Porém, nesse caso, não teria mais a disponibilidade do lago e talvez não encontrasse outras fontes naturais de magia em seu caminho.

Dante esfregou as mãos em seu rosto, sentindo-se terrivelmente inútil.

– Eu vou nos teletransportar – Dante falou com firmeza, tomando uma decisão.

Afinal, o que tinha a perder? Fora sua vida, claro.

O castelo de Max possuía uma decoração elegante, com cortinas grossas de cor vinho circulando as altas janelas arqueadas que ocupavam uma das paredes. Quadros com pinturas renascentistas se intercalavam na outra parede de pedra escura onde, Vincent notara, em alguns dos blocos haviam símbolos mágicos entalhados.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now