Caminhos Separados

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Dante sentia como se tivesse caído de uma altura de cem metros, direto de cara no chão. Sua cabeça latejava intensa e incessantemente.

Metade de seu corpo estava congelando, a outra metade estava aquecida.

Quando abriu os olhos, viu neve caindo do céu repleto de nuvens escuras, pinheiros o rodeavam e havia uma camada de neve cobrindo o chão, embora ao seu redor só houvesse terra. Estava frio, um vento gelado beijava sua pele de uma forma dolorosa.

Encontrou a fonte de calor assim que olhou para o lado. Amber estava na forma de uma mulher de fogo, o cabelo esvoaçando feito uma tocha, evaporando a neve ao seu redor.

– Que bom que você acordou. Estava começando a achar que tinha morrido. – ela comentou em um tom indiferente.

– Que merda aconteceu? Eu lembro da Eleanore... Ela estava brilhando e, de repente, explodiu tudo. Então, eu apaguei completamente.

– A Eleanore é uma Fonte. E o poder dela ficou descontrolável, o castelo foi para os ares. Salvatore tentou contê-la, mas Bash o impediu, o que fez com que a energia mágica de Eleanore engolisse tudo ao redor, isto é, nós. Parece que nos teleportou, o que é um alívio, porque poderia ter nos desintegrado. – Amber explicou.

– E onde está todo mundo? Onde está Minerva? – Dante olhou ao redor, como se alguém fosse se materializar ali. Notou que havia blocos de pedra, madeira e escombros espalhados pelo bosque, partes do castelo destruído. Deveria ter vindo junto quando Eleanore os teletransportou.

Amber fez um gesto que parecia uma expiração, labaredas saíram de sua boca.

– Eu não sei. Fomos transportados para lugares diferentes, aparentemente.

– E o que nós fazemos agora? – Dante quis saber.

– Eu também gostaria de saber – uma voz que não era de Amber falou.

Dante pulou de susto e ficou em pé num segundo, o que foi péssimo para sua cabeça dolorida, que latejou intensamente, turvando sua visão.

Era Sam, em uma forma mais translucida do que o habitual, Dante podia ver as árvores através do corpo fantasmagórico dele.

– Sam! Você está aqui também. Achei que seu espírito fosse ligado pelo castelo.

– Não. – Ele flutuou por sobre um grande bloco de pedra, os pés a um metro do chão. Apontou para alguma coisa, que Dante não conseguia ver daquele ângulo. – Está bem aqui. Preciso que você pegue, caso contrário não vou conseguir sair desse bosque.

Dante se dirigiu para onde Sam apontava, escalou os escombros e encontrou uma velha cômoda de madeira antiga. Ele se aproximou mais e vasculhou na gavetas, que estavam quase todas vazias, exceto a última delas. Havia ali um calor feito com um longo cordão preto, preso à ele estava uma medalha prateada com a imagem de São Jorge gravada nela – montado em um cavalo, cravando a lança em um dragão.

– Coloque no pescoço – Sam instruiu.

O aprendiz fez assim como o fantasma lhe pedira, colocando o cordão em seu pescoço, a medalha se alojando em seu plexo solar. Ficou curioso em saber o que aquele colar significava para Sam, considerando que a âncora de um espírito era algo de grande valor emocional quando se era vivo. Apesar da curiosidade, não perguntou nada.

– Podemos andar para ver se achamos alguém. – sugeriu Dante, iniciando a caminhada.

June correu em direção ao escritório de Vincent e escancarou a porta sem nem bater antes, tamanha sua euforia. Ele não estava sozinho, havia um homem de terno com ele, provavelmente alguém que queria um contrato com um feiticeiro.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now