Poderosa Conexão

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Ellie estava vagando sozinha por um caminho feito na terra para a passagem de cavalos e carroças. Inicialmente, ela não conseguiu compreender porque estava no meio do nada, mas então, olhou para as próprias mãos pálidas, em um tom branco quase como papel, os dedos longos e magros e entendeu que era Vincent, na verdade. Uma memória dele.

De repente, a estrada de terra se tornou de pedra e um pátio surgiu diante de seus olhos, tomado por ervas daninhas e heras. Havia um castelo se erguendo à sua frente, com torres pontudas feitas de pedras bege quase encoberto pela vegetação que o tomava.

Curioso. Ela sequer sabia que havia um castelo nessa região. Estava obviamente abandonado.

– O que acha, Amber? – a voz de Vincent saiu de sua boca e ela abaixou a cabeça para olhar a raposa de fogo que andava ao seu lado.

– Me parece um bom lugar para morar.

– Vai precisar de algumas reformas certamente.

Ela avançou na direção do castelo, uma das portas da frente estava torta, pendurada em uma de suas dobradiças. Ellie se abaixou e passou pela abertura que se formava.

Por dentro era muito escuro, mas em um ponto bem especifico, onde havia um buraco no teto, um facho de luz atingia o chão. Alguns moveis estavam fora de lugar, ou quebrados, todos cobertos por uma grossa camada de poeira. Podia-se ver teias de aranha por todo o lugar e morcegos pendurados nas vigas de sustentação.

Quando andava, a madeira rangia sob seus pés. Sim, teria muito trabalho a fazer.

Foi então que, subitamente, Ellie se agachou, bem no instante em que um castiçal passou voando por cima de sua cabeça. O metal pesado atingiu a parede com um tinir sonoro e foi ao chão. Ela olhou fixamente para à frente, mas não havia ninguém de onde o castiçal viera.

– Saia daqui! – a voz ecoou por todo o castelo – Saiam!

Um forte vento atingiu o rosto de Ellie, agitando sua trança. Vários livros que estavam no chão, assim como pequenos objetos, restos de madeira quebrada, começaram a levitar e giraram ao redor dela de forma ameaçadora. Amber mudou de forma ao seu lado, transformando-se em um lobo, mostrando suas presas feitas de chamas.

Ellie fez um amplo movimento com os braços, abrindo-os, formando uma cruz com o próprio corpo, cessando a ventania e fazendo os objetos caírem de volta ao chão.

– Eu não vou te machucar – ela assegurou.

Uma risada soou por todo o castelo, parecia vir de vários lugares diferentes.

Ela agora sabia que castelo era aquele. Havia um boato que corria na cidade, sobre um castelo assombrado que ficava no meio da floresta, que abrigava fantasmas e demônios. Diziam que todos que ousaram adentrar o castelo nunca mais eram vistos, que foram levados direto para o inferno. Naturalmente, ela pensou que era apenas um mito, mas já deveria imaginar que todas as histórias carregavam certa verdade.

Provavelmente não havia nenhum demônio ali, não que ela conseguisse sentir. Mas havia uma óbvia presença e não era humana. Um espírito, muito provavelmente.

– EU TE MATO, SE NÃO SAIR! – o espírito rosnou – ESSA É MINHA CASA.

– Eu sinto muito – ela falou calmamente – Não sabia que estava habitada. Mas, sem querer ser grosseiro, mas não se parece muito com um lar. Talvez eu possa ajudar nisso.

– Ninguém pode me ajudar – seu tom estava carregado de rancor.

– Isso não é verdade. – quem disse foi Amber, que assumiu a forma de um pássaro de fogo e começou a voar pela área interna do castelo. – Eu já fui um espírito extremamente maligno um dia, incendiava vilas, assassinava pessoas e animais, eu gostava de vê-los queimar. Então, uma bruxa me aprisionou e achei que minha vida fosse ser apenas isso, até Vincent me libertar e me dar um proposito. Talvez, se continuar tão agressivo, não demore para que uma bruxa, um mago ou feiticeiro te elimine.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now