Os Fins Justificam os Meios

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 Dante tomou todas as precauções necessárias para que pudesse realizar o teleporte.

Conjurou uma lamparina de uma loja que costumava haver em sua cidade natal, conseguia visualizar o objeto em suas mãos e, subitamente, lá estava, Dante segurando a alça da lamparina. Aparentemente, o lugar ainda existia, já que o feitiço de conjuração funcionara.

Amber havia alojado toda sua essência dentro daquela lamparina, transformando-se em uma pequena chama tremulante e contida.

Dante segurou a medalhinha de Sam com força, já que não conseguia tocar em um fantasma, mas estando com sua âncora espiritual, Sam iria para onde Dante fosse. Ele fez um feitiço de bolha de ar para proteger a lamparina de Amber, quando mergulhou o corpo todo naquele lago congelante. Deixou que toda a magia ali contida o envolvesse, como uma manta, porém elétrica e intensa.

Viajar pelo espaço dimensional era como mergulhar por um túnel escuro, rapidamente, feito uma flecha, deslizando por um turbilhão de água fria, onde não se podia respirar e nem sentir absolutamente nada. Dante era guiado pela ligação existente entre Sam e June, como se puxasse uma linha até a localização que mentalizara antes. Concentrava-se inteiramente nisso.

A verdade era que a magia era como um cavalo indomável, não queria obedecer, não queria ser controlado e tudo o que queria era disparar por um campo aberto. Mas Dante tinha que tomar as rédeas e dominá-lo, guia-lo para o caminho que ele queria. Mas, em se tratando de feitiço de teletransporte, era mais como tentar domar um dragão que cospe fogo que queria te matar incansavelmente.

Dante sentia uma dor física, como se alguém estivesse apertando cada parte de seu corpo, com força. Ele agarrou mais firmemente a alça da lamparina e a medalha.

De repente, foi como um tranco. Como se Dante tivesse batido de cara em um muro e, subitamente, não segurava mais rédea alguma e não estava mais sob o controle. Sentiu-se girando, como se estivesse no olho de um tornado, incapaz de resistir a sua força.

Foi puxado pra baixo, rápido e impiedosamente.

Dante tentou gritar, mas não conseguia ouvir sua própria voz, o som era incapaz de sair de sua garganta e isso só serviu para deixa-lo ainda mais desesperado.

Vincent correu pelos corredores, mas a magia de labirinto impedia que ele conseguisse se guiar pelo castelo por mais que alguns metros. Achava sempre os mesmos quartos, os mesmos andares, as mesmas escadas e as mesmas salas.

Mas, em todo o caminho, Vincent apanhava objetos que pudesse usar como arma, colocando-os nos bolsos internos de seu casaco puído. Pegou um abridor de cartas, uma corda de amarrar cortina, um garfo que estava em seu quarto, uma caneta tinteiro e um peso de papel. Em uma sala social para leitura e tomar chá, onde havia uma grande lareira, ele conseguiu um atiçador de lenha, um haste de aço com uma ponta afiada.

Estava perambulando pelos corredores, quando encontrou o gnomo serviçal de Maximus. Os gnomos, de uma maneira geral, eram baixos elementais da terra, seres que pareciam coiotes encurvados que andavam sobre as duas patas traseiras. Possuíam garras, a cauda se arrastava no chão, o corpo era coberto por pelos marrons, ele tinha um focinho comprido e grandes orelhas lateralizadas. Seus olhos eram de um intenso verde, possuindo diferentes tons da cor. O gnomo usava um gorro vermelho e trapos cinzentos.

Ele segurava uma vassoura e arrastava um balde com a outra mão, enquanto resmungava.

Vincent, irritado e desesperado, atingiu o gnomo com o atiçador de lenha, atirando-o contra a parede. O gnomo berrou, em parte dor e em parte surpresa.

O feiticeiro se ajoelhou no chão, poiando um de seus joelhos sobre o peito da criatura, apontando a ponta afiada do atiçador contra seu rosto canino, ao mesmo tempo em que possuía traços expressivos genuinamente humanos.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now