Vincent Maddox

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Vincent Maddox não era o que Eleanore estava esperando. Quando o chamaram de Mestre e disseram que ele era o dono da casa, ela havia imaginado um homem velho, que possivelmente teria uma longa e grisalha barba. Mas a realidade estava muito longe de ser essa.

– Seu cabelo é branco. – Foi a primeira coisa que Eleanore pensou e raciocinou naquele momento.

Vincent pegou uma mecha de seu cabelo e a contemplou, como se tivesse se esquecido desse detalhe sobre sua aparência.

– Você é muito observadora... – ele fez uma pausa, esperando que ela se apresentasse.

– Eu sou Eleanore VonBerge, é... – Ela engoliu em seco, já que não havia resquícios de saliva em sua boca. – um prazer, senhor Maddox.

De uma forma bem graciosa, ele se levantou da poltrona, era um homem esguio e tinha um porte elegante, postura reta e impecável. Ele pegou o livro, que havia apoiado no braço da poltrona. Ele não estava sorrindo e a vela pairando perto de sua cabeça projetava sombras sinistras em seu rosto, deformando suas feições.

– Não precisa me chamar de senhor, pode ser apenas Vince. – Ele semicerrou os olhos para Eleanore – Que eu me lembre, você não estava aqui quando eu deixei o castelo, mas olha só você, na minha sala.

Um frio percorreu a coluna de Eleanore, fazendo-a estremecer.

– N-não. É que eu estava... chovia muito e eu só quis um lugar para me abrigar. Não sabia que alguém morava aqui, não tive a intenção de invadir.

Vincent a rodeou, mantendo uma certa distância respeitosa, estudando-a como se ela fosse uma peça decorativa particularmente interessante.

– Você é filha daquele homem mal encarado que tem terras nas montanhas? Albert VonBerge?

Eleanore deu um passo atrás e sentiu o ar sendo arrancado de seus pulmões.

– V-você conhece meu pai? – ela pôde sentir sua voz soar trêmula.

– Apenas de vista. – Vincent vasculhou o rosto da garota, como se estivesse buscando compreender os sentimentos dela. – Está com medo, por quê?

– Eu não quero vê-lo. – ela disse, concisa.

Vincent deu passos calculados na direção de Eleanore, que tinha que erguer o queixo para olhar no rosto dele, já que ele era um tanto mais alto que ela. A vela o seguiu bem de perto, mantendo as sombras macabras em seu rosto.

– E você veio pra cá? Para esse castelo? Sabe o que dizem dele? Deveria, porque me deu muito trabalho plantar essas histórias pelos vilarejos locais. – Um ínfimo sorriso repuxou o canto de seus lábios, mas foi tão rápido, que Eleanore pensou ter imaginado.

– Foi você quem disse que o castelo era assombrado? – Eleanore franziu o cenho, confusa – Eu não entendo porquê.

– A conclusão é simples, querida Eleanore, eu não queria que ninguém viesse pra cá.

Ela recebeu o golpe, recuando para trás mais um passo.

– Me perdoe, eu...

– Me diga, Eleanore, como você entrou aqui? – O rosto de Vincent parecia petrificado, ela não conseguia dizer se ele estava irritado ou não.

– Por que ficam me perguntando isso? Eu só empurrei a porta e entrei. – Eleanore disse na defensiva, colocando os braços à frente do corpo. Será que ele era agressivo? Ela ficou se perguntando, apreensiva.

Vincent notou o medo de Eleanore e se afastou dela, como que para dar espaço, ou manter uma distância que ela considerasse segura.

– Amanhã eu explico para você porque você não deveria conseguir entrar, até lá, sugiro que você durma, já é tarde. – Ele passou por ela e Eleanore pôde sentir o estranho aroma de terra molhada que Vincent exalava, lembrando-lhe da tempestade que passou.

O FeiticeiroWhere stories live. Discover now