Prólogo

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"Prezada Senhorita Giovanna Donatelli:

Temos os prazer de informar que seu requerimento para ingressar na Escola de Artes London College of Communication foi APROVADO.
Favor enviar a documentação necessária para o seguinte endereço: (...)"

Eu só fiquei parada ali no meio da minha cozinha com as mãos tremendo e olhando pra aquele papel timbrado, meu nome estava ali. MEU NOME! E o melhor de tudo, a palavra APROVADO brilhava e eu esqueci completamente de ver o que estava escrito abaixo. Essa parte de papelada eu posso deixar para meus pais, o importante é que eu consegui ENTRAR NA ESCOLA DE ARTES DE LONDRES! Isso significa que minha bolsa foi aceita, isso significa que meus pais não vão desembolsar com o curso, isso significa que finalmente vou sair dessa cidade de merda eu vou PRA LONDRES!

Terminei meu terceiro colegial com honra, passei em todas as matérias e fui homenageada na formatura. O único problema é que meus pais queriam que eu fizesse algum vestibular, coisa que eu não queria. Depois de longas noites de briga, discussão e eu me trancando no quarto fazendo greve social, meu pai finalmente me autorizou a ficar um ano 'de folga' para eu pensar melhor nas oportunidades que vida iria me trazer. Mas eu não queria ficar de folga, eu sabia muito bem o que queria. Eu sou fanática por fotografia e a Escola de Artes de Londres é a melhor DO MUNDO! Por isso, meio que escondida eu acabei enviando meu formulário para eles em meados de novembro; para minha total surpresa agora no meio de janeiro eu recebo uma carta avisando que eu passei, fui aprovada e posso finalmente começar meu curso. Meus pais sabem que eu mandei o formulário (avisei pra eles duas semanas depois, houve outra crise, mas o que eles iam fazer?), eles não aprovam de jeito nenhum eu ir sozinha pra outro país e ficar lá por mais ou menos um ano e meio (500 dias dá nisso, né?). Vou morar nas acomodidades da escola, sozinha em uma cidade que eu não faço ideia do que me espera! Estudei Inglês toda a minha vida, então não vou ter problemas com a língua - embora os britâncos falem um tipo de Inglês completamente diferente dos Americanos -, não tenho problema com frio porque eu AMO frio, não tenho frescura com comida, não tenho muitos amigos aqui e nem namorado. WHY NOT?

Subi as escadas de minha casa correndo. É domingo, passa um pouco das oito da manhã, meus pais ainda estão dormindo. Aqui no Brasil em janeiro é absurdamente calor, por isso tenho medo de abrir a porta do quarto dos meus pais e dar de cara com uma cena nada agradável. Abri a porta devagar e, quando vi que ambos estavam usando os usuais pijamas, sorri e pulei em cima deles abanando a carta e gritando 'PASSEI, PASSEI, PASSEI'. Demorou um pouco para eles se acostumarem com a claridade do quarto e com o fato de que eu estava pulando igual uma macaca em cima deles. Quando meus pais conseguiram me controlar e eu finalmente parei de chorar para dizer que eu fui aprovada na minha requisição, a mistura de felicidade com surpresa tomou conta do quarto e no segundo seguinte eu estava sendo carregada no colo pelo meu pai até a cozinha e ele gritava para todo mundo ouvir que eu era o maior orgulho da vida dele. E era mais ou menos assim que a felicidade tomava conta do meu corpo, todas as minhas extremidades formigavam e eu sentia que ia vomitar e desmaiar ao mesmo tempo. Eu ia pra Londres, PRA LONDRES!

500 Days in LondonWhere stories live. Discover now