Capítulo 6

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- Eu tô morrendo de fome - falei enquanto esperava do lado de fora algum dos meninos abrir a porta.

Paul havia pego eu e Mands às sete em ponto, não nos atrasamos um minuto sequer. Nós duas passamos a tarde toda tirando fotos de Londres e de todos os pontos turísticos. Não foi impossível lembrar de Gustavo quando eu tirava fotos panorâmicas de dentro da cabine do London Eye, realmente é uma visão absurdamente maravilhosa e eu tive que me controlar pra não chorar de emoção. Mandei uma mensagem para ele dizendo que estava no topo do London Eye e ele me respondeu com simples, porém magnânimas palavras :'Gostaria de estar aí com você'. Quase deixei cair minha câmera fotográfica e meu celular quando recebi a mensagem, ele conseguia ser fofo e direto em poucas palavras; sorri como nunca. Mands, óbvio, ficou me zoando o resto da tarde e eu tentava a convencer que Gustavo era apenas um amigo muito carinhoso e nada mais que isso - nem podia desejar mais que isso, com o tanto de fãs me odiando sem ao menos me conhecer.

- Seu amiguinho não disse que ia pedir pizza? - Amanda me provocou e eu ri.
- Disse sim, espero que ele tenha pedi...

Gustavo abriu a porta. De cueca. Apenas. De Cueca.

- E aí, meninas?

E o sorriso. E cueca. Ok, garotos com a idade nele não se desenvolvem tão rápido assim, desenvolvem? Abdômen, aquele maldito 'V' na zona de perigo - ou que leva até a zona de perigo - aquele sorriso brincalhão como se não tivesse noção do que ele pode fazer com um corpo feminino cheio de hormônios em fúria igual o meu no momento, aquela porra de cabelo todo desgrenhado e arrumadinho ao mesmo tempo, aqueles olhos, as mãos - sou apaixonada por mãos - e, porra, que CORPO! Sério, McFly teve corpo agora depois dos 24 anos - Tom Fletcher, eu AMO o seu corpo, tá?! - e como que esse merdinha na minha frente tem todas essas ondulações deliciosas na barriga? Todas essas definições que me dão vontade de mordê-las? NHAC!

- Gustavo Torres, tu não sente frio não? - Mands perguntou mordendo os lábios de forma meio provocativa e Gustavo riu graciosamente. - Na boa, amigo, não faz isso com meu pobre coração de fã.
- Se eu fosse você - ele cruzou os braços e se encostou no batente da porta - não entraria no quarto do Matheus. Se não me engano ele acabou de sair do banho.
- Espera... Essa aqui é a casa de quem? - Ela arregalou os olhos dando uma olhada geral. - Pensei que vocês morassem todos separados.
- Na verdade - ele fez um estalo com a boca e olhou pra mim, eu ainda estava meio maravilhada com a escultura na minha frente - Nós moramos nesse complexo, mas ficamos todos na mesma casa, sei lá... A casa de um é a casa de todos. Só quando estamos acompanhados, aí colocamos uma meia na maçaneta pra alertar - ele riu e eu não.
- Hm, e isso acontece com que frequência? - Eu perguntei me arriscando a falar alguma coisa.
- Bom - ele sorriu pra mim e pegou uma meia que estava na maçaneta do lado de dentro e a colocou do lado de fora. - Hoje seria um desses dias.
- Safado - Mands falou já rindo e passando por ele entrando na casa. Na boa, queria ser como ela um dia. - MATHEUS MATHEW!
- Ela já o achou - falei rindo. - Espero que você coloque alguma roupa quando eu fizer o photoshoot.
- Você realmente trouxe a câmera? - Gustavo perguntou dando um sorriso de lado, meu estômago revirava e eu não sabia pra onde olhar.

Vamos começar pelo topo do corpo de Gustavo Torres. Seu cabelo deve ser o mais macio e mais delicioso de se deslizar os dedos, e isso eu ainda não tinha feito e tava morrendo de vontade de fazer. É aquele cabelo que você quer ter no seu colo e ficar massageando e brincando e deixando o leve cheiro de perfume impregnar entre seus dedos. Descendo nós temos seu tão perfeito e simétrico e único rosto. Esses olhos que se iluminam cada vez que ele sorri, que ficam um pouco menores e quase se fecham quando seus lábios desenham um sorriso; o nariz perfeito, a boca que eu não consigo parar de olhar! Essa boca perfeitamente desenhada e, cada vez que ele a morde quando não quer dizer alguma coisa, eu mordo os meus lábios pra controlar minha vontade de pular em cima dele. Então nós temos seu pescoço estranhamente atrativo e com uma veia que sempre aparece quando ele canta ou faz alguma nota alta. Então colo, peitoral ambulante cheio de ondinhas parecendo um tanquinho - eu só quero lavar minha roupa ali, na boa - a parte do 'meio' do corpo que eu vou ter que pular, porque nunca vi (mas já olhei, e, meu Deus, papai do céu caprichou!), as coxas, que são gostosas porque eu acho que ele joga futebol ou gosta de ficar correndo com os meninos; e a coisa menos atrativa dele seria o pé. Mas com todos esses atributos citados acima, quem vai se lembrar da porra do pé? Virando ele de costas nós temos uma bunda melhor que a minha, dá vontade de morder literalmente! Ou apertar, morder e apertar... E tem as costas, desenhada e eu queria fazer desenhos com as minhas unhas ali. Gustavo Torres é o tipo de cara que você chama de 'delicioso' e te dá água na boca. Óbvio, nada nunca vai acontecer entre nós dois, então vou acalmando os meus hormônios e me conformo com a ideia de que eu tenho um amigo perigosamente desenhado pelos deuses e mais quatro dentro de casa mais ou menos iguais a ele.

- É claro que eu trouxe a câmera - respondi depois de tirar fotos mentais desse menino e guardar em um cantinho especial. - Aqui, ó - bati na bolsa que eu carregava ao lado do meu corpo.
- Vem, entra...

Ele deu espaço para eu passar enquanto abria a porta. Prendi a respiração quando estava ao seu lado pra eu não inalar o cheiro delicioso que estava vindo do seu corpo e quase entrei correndo dentro da casa. Quando entrei me dei de cara com um lugar típico adolescente bagunçado. Tinha uma bela sala, não muitos móveis, mas nos poucos que tinham havia roupa em cima - cueca, sapato, camiseta, jeans - ao fundo eu podia ver o que deveria ser a cozinha e do lado esquerdo aparecia um corredor que devia levar para os quartos. A gritaria vinha da cozinha e eu pude ouvir a voz de Mands e Matheus gritando um com o outro e rindo ao mesmo tempo. Sorri comigo mesma, para ela deveria estar sendo um sonho estar na casa do ídolo e ficar brincando com ele e coisas do tipo. Coloquei o case da minha câmera em cima de uma mesa que estava ali perto e tirei minha jaqueta jeans, colocando-a em cima.

- Os meninos estão na cozinha preparando pizza, eu vou colocar uma roupa.
- Ah, você não pretende então ficar andando de cueca pela casa? - Perguntei rindo enquanto o encarava com a mão na cintura.
- Eu até pretendia, mas não quero ficar te tentando desse jeito, Gi - ele sorriu de lado e coçou a nuca. - Deve estar sendo muito difícil pra você não me agarrar agora.
- Você é sempre tão pretensioso assim? - Eu ri e dei um passo na direção dele. Seu corpo parecia um ímã e nem eu sei porque estava fazendo isso. - Se eu não te agarrei até agora, Gustavo, não vai ser exatamente hoje que vou perder o controle.
- Ah, então você quer me agarrar - ele se aproximou mais de mim e meu corpo todo pegava fogo, o que eu estava fazendo? Se safa dessa agora, Giovanna...
- Por necessidades puramente físicas e fisiológicas. E não porque eu talvez esteja sexualmente atraída por você - respondi mordendo meus lábios com força e sentindo um formigamento em minhas pernas, eu acho que ia cair.
- Você fica sexy demais falando desse jeito - quando que eu não percebi o corpo de Gustavo totalmente em cima do meu e meu nariz quase encostando em seu queixo? Ele era relativamente mais alto que eu, então...
- Já mandei você parar de flertar comigo - respondi sentindo a respiração dele em meus cabelos; quente e pesada. - Tchau, Gustavo - e com um empurrão em seu corpo descamisado eu saí daquela situação perigosa e constrangedora.
- Uma hora você não vai mais aguentar, Gi - ele disse aos sorrisos e se dirigiu para um dos corredores que deveria levar até o quarto.

Respirei fundo algumas vezes e dei tapas de leve em meu rosto pra eu acordar dessa vida. Isso não me pertencia, eu não sou de ficar flertando com as pessoas e nem de me colocar nesse tipo de situação; mas que merda tinha nesse menino? Coloquei mais oxigênio em meu corpo a fim de meu cérebro receber a quantidade necessária para começar a raciocinar direito, peguei minha case com a câmera e a abri. Arrumei minha Canon SLR, coloquei as novas lentes novas que tinha comprado naquela tarde e fui correndo pra cozinha.

Assim que cheguei vi Matheus segurando Mands por trás pela cintura enquanto os dois gargalhavam, Dhiego e Lucas estavam decorando duas massas de pizza que estavam em cima da pia e Miguel preparava sete copos de suco de uva - um para cada um de nós eu imagino. Nenhum deles realmente viu minha presença lá, por isso peguei minha câmera, ajustei para o modo interno e bati uma foto sem precisar do auxílio do flash. A foto ficou linda, espontânea e parecia aquelas de revista Casa e Construção. Sorri com o resultado e bati outra, pegando o momento em que Matheus erguia o corpo de Mands do chão ao mesmo em tempo que dava um beijo em seu rosto; ainda bem que bati essa foto, eis uma coisa que ela vai querer guardar pra sempre. Quando eu ia bater a próxima foto, Miguel ergueu o rosto e me viu soltando um belo "HEEEEEEEEEEEEEEEEEY" que me fez ter ataque de riso. Todo mundo parou o que estava fazendo para me olhar e falar "HEEEEEEEEEEEY" igual ao Miguel, me vi obrigada a parar de tirar fotos.

- Como que a senhorita chega aqui, de mansinho e fica tirando fotos nossas assim? Quem te deu essa liberdade? - Dhiego falou enquanto limpava as mãos no avental do Pateta que usava e vinha até mim. - Deixa eu ver como ficaram essas bagaças.
- Nem pensar - falei rindo escondendo a câmera atrás de mim. - Isso aqui é ferramenta de trabalho e eu morro de ciúme dela.
- Fala sério - ele sorriu enquanto me dava um beijo estalado e molhado na bochecha e um abraço. - Boa noite, Gi.
- Boa noite, Dhiego - respondi bagunçando o cabelo dele de leve. - E aí, meninos?
- Oi, Gi - Lucas e Miguel falaram, Matheus estava ocupado demais se enroscando com Mands e ela dando gritinhos de alegria.
- É sério? - Eu apontei pros dois enquanto colocava minha câmera de volta no case e deixava em cima da bancada da cozinha. - Matheus é mais safado do que eu pensava.
- Sua amiga é bem atirada, Gi - Dhiego falou. - E ela é gata - ele riu, assim como os outros meninos. Obrigada por ressaltar o óbvio, Lizardo.
- É, eu sei - falei meio sem graça. - E então, o que estão cozinhando?
- PIZZA! - Miguel disse vindo até mim e me dando um abraço e um beijo, pelo menos todos estavam com suas camisas e bermudas... Ninguém descamisado, graças a Deus!
- Gosta de pizza? - Matheus finalmente falou depois de soltar Mands e vir até mim também me dar um abraço e beijo; eles são muito carinhosos.
- Adoro - respondi sorrindo. - Precisam de ajuda?
- Na verdade, não - Lucas disse colocando uma das pizzas no forno e jogando um beijo pra mim, sorri em resposta. - Vai demorar ainda uns trinta minutos, vamos pra sala?
- Eu vou lá em casa pegar cerveja, alguém me acompanha? - Matheus falou olhando pra Mands, que tinha ficado um pouco corada.
- Eu não vou deixar vocês dois sozinhos nem pensar, eu tô com sede e quero cerveja. Portanto, vou junto - Dhiego falou tirando o avental e pulando nas costas de Matheus.
- Que caralho, você não é leve não! - Matheus disse saindo correndo com Dhiego nas costas, enquanto este gritava parecendo uma menina. - VEM, ISA!
- Tô indo - Mands disse sorrindo pra nós e correndo na direção dos dois.
- Eles já se pegaram - Miguel disse enquanto caminhava pra sala e ia me abraçando e caminhando junto comigo. - Deram uma estaleca quando se viram.
- Dar estaleca não é se pegar - falei abraçando Miguel e indo pra sala. Que abraço gostoso, meu Deus. - Se pegar é dar beijo de língua.
- Acho que eles vão se pegar agora então - ele respondeu rindo. - Por falar em se pegar, já pegou algum londrino, Gi?
- Ainda não - eu ri sem graça me sentando no sofá ao lado de Miguel e vendo Lucas zapear canais na televisão. - Hoje conheci um aluno gatinho.
- Whoo, não fala alto - Lucas disse. - Nosso Gustavo fica com ciúme.
- Que ciúme o quê - respondi. - Tem um bando de fã pagando pau pra ele, pra que ter ciúme de mim?
- Porque ele gosta de você - Miguel respondeu me dando um carinhoso peteleco no nariz. - Ele fala de você o tempo todo.
- Gi, sério - Lucas olhou pra mim sorrindo. - Ele tá todo gamadão.
- Cala a boca - respondi. - Na verdade, calem a boca! Isso é pra você também, Miguel.
- Só estou ressaltando o óbvio - ele respondeu e tanto Miguel quanto Lucas sorriram cúmplices.

Lucas deixou em um canal de comida e tomou conta do sofá maior, estava totalmente deitado e brincava com o próprio cabelo. Eu e Miguel estávamos no outro, Miguel tinha o braço atrás do meu corpo e de uma certa forma estávamos abraçados, sem segundas intenções, eu juro. Quando Gustavo apareceu na sala - vestido da cabeça aos pés, já que agora ele usava um gorro cinza - entortou o nariz ao ver a cena entre nós. Sorri pra ele e tirei a almofada que estava ao meu lado, o convidando pra se sentar ali conosco, mas ele respondeu uma coisa que eu não entendi, e foi pra cozinha argumentando que estava com sede. Sede, aham!

- Posso fazer uma perguntinha de uma leiga pra vocês? - Cutuquei Miguel na perna e olhei pra Lucas, que agora estava ocupado demais vendo Cake Boss. - Se não quiserem responder, tudo bem.
- Manda - Miguel falou.
- É que - mordi os lábios - eu conheci hoje uma fã de vocês no curso - eles sorriram, deviam estar acostumados. - Sério, ela muito louca por vocês.
- Legal - Lucas falou fazendo 'joinha' com a mão. - E daí?
- Bom, eu e Mands estávamos falando baixinho sobre vir pra cá hoje e ela meio que caiu de paraquedas no assunto. Não comentamos nada, óbvio, mas ela disse umas coisas que eu fiquei meio neurótica - fiz careta e tanto Miguel como Lucas se viraram para me encarar. - E depois da aula nós duas vimos um grupo de meninas ouvindo a entrevista que vocês deram pra rádio...
- Vocês ouviram? - Miguel perguntou meio sorridente.
- Aham - falei rindo. - Bom, primeiro... Obrigada por 'nós amamos as duas', foi realmente fofo da parte de vocês - os dois me olharam totalmente fofos e meu coração explodiu metade. - Porém fiquei meio apavorada, porque o fato do Gustavo dizer que tem uma amiga especial fez com que as fãs quisessem se matar! E as meninas que eu vi estavam tremendo e chorando só de pensar nessa possibilidade. Digo, ele nem tá namorando nem nada e elas surtaram!
- Algumas fãs tendem a ser um pouco apaixonadas demais - Lucas respondeu me olhando meio preocupado. - Alguma delas te falou alguma coisa?
- Claro que não, elas nem sabem quem eu sou - ri nervosa. - É que eu fiquei com medo, entenderam?
- Medo do que em especial?
- Caso algum dia futuro alguém descubra quem eu sou, o que vão fazer? Tipo, a Mands tá toda no balacobaco com o Matheus... Se alguém ficar perseguindo a menina?
- Nossas fãs? - Miguel parecia preocupado.
- Olha, eu sei que vocês falam em entrevistas que as 'suas meninas' são tudo na vida de vocês, elas são realmente lindas, mas, vamos ser sinceros, tem limite.
- Uma vez um de nós que eu não vou falar quem é - Lucas começou a contar - se envolveu com alguém durante o Xfactor. - É, eu não fazia idéia de quem era. - As fãs na época realmente foram meio pesadas e até mandavam ameaças de morte no Twitter pra essa 'pessoa'.
- É disso que eu tô falando - respondi.
- Nós tentamos ao máximo manter nossa vida pessoal em segredo, mas às vezes não dá. Como hoje - ele riu.
- Eu só fico um pouco apavorada com o meu futuro - olhei para os dois. - Minha vida não está ganha como a de vocês, sem ofensas.
- Não me ofendi - Miguel falou.
- Minha mãe não é exatamente uma mãe careta, ela tem Twitter e sabe usar a internet muito bem. Não quero que no futuro ela leia uma fofoca da filha dela que veio pra Londres e acabou se engraçando com uma banda! Dei muito duro pra conseguir essa bolsa e pensar que posso perder tudo por culpa de uma fofoca ou... Amizade...
- Gi - Miguel virou o corpo pra mim e segurou minha mão, senti Lucas sentar atrás de mim no sofá e segurar meus ombros com carinho. - Nós entendemos o que essa situação toda deve estar sendo pra você e na verdade pedimos desculpas.
- Desculpas - Lucas disse atrás de mim e eu ri.
- Vocês não precisam pedir desculpas, a culpa não é de vocês.
- Se você não quiser que comentemos de você ou da Mands em entrevista, não vamos mais fazer isso - Miguel falou. - A princípio eu acho bom mesmo não falarmos nada.
- As notícias na internet são rápidas, o que é fofoca hoje vira besteira no dia seguinte. Logo mais as fãs vão ter esquecido isso e ninguém mais vai comentar do assunto.
- Vou falar pro Gustavo sair com outras meninas - Miguel falou com um sorrisinho no rosto e eu senti minhas bochechas corarem. - Aí ninguém precisa ficar sabendo quem é essa pessoa especial e vocês dois ficam, de verdade, sendo só amigos.
- É... - forcei minha voz a sair. - Acho que, acho que seria...
- Deixa de ser tonta, Gi - Lucas falou me abraçando por trás. - Gustavo é completamente doido por você, ele fica até de madrugada rolando o celular pelo seu número com vontade de te ligar, mas não faz isso.
- Sério? - Olhei para Lucas, de madrugada eu já estaria dormindo pesado. - Eu não... Não imagino...
- Se você gostar dele - Miguel disse - nós vamos apoiar! Isso inclui as fãs e qualquer fofoca que venha a aparecer.
- E isso vale pra Mands e pro Matheus - Lucas falou. - Vocês duas apareceram na hora certa para todos nós. E são completamente diferentes do tipo de meninas que estamos acostumados a conhecer.
- Modelos, cantoras, groupies, hipsters, interesseiras... - Miguel dizia listando o provável tipo de meninas que eles conheciam e foi impossível eu não rir.
- É mais ou menos por aí - Lucas acrescentou.
- Eu e Mands somos duas meninas normais, é isso?
- Ser normal é ser interessante, e vocês duas são isso - Lucas falou. - Não sei, o jeito despreocupado de vocês duas nos deixam com os pés no chão. A vida não é só esse momento que estamos agora, essa fama ou esse brilho. É muito mais que isso, é encontrar pessoas que podem mudar tudo de perspectiva, como vocês.
- Caramba - eu olhei pra ele com os olhos arregalados e ri. - Isso foi a coisa mais complicada e mais bonita que alguém já me disse.
- Eu nunca entendo direito o que o Lucas diz - Miguel falou fazendo careta e nós rimos.
- O que eu estou querendo dizer é...
- Não explica, Lucas - eu o cortei rindo junto com Miguel. - Obrigada, gente.
- De nada - e recebi um abraço apertado de ambos. - Se eu fosse você, iria na cozinha.
- Gustavo ficou o dia todo meio mal depois do que as fãs falaram. Ele só queria ficar com você e ligar pra você - Miguel falou. - Ele gostou muito da sua pessoa, Gi.
- Eu gostei da pessoa dele também - falei rindo. - Vou lá falar com ele.
- Vamos lá com o Matheus e o resto do povo, um pouco de privacidade vai fazer bem pra vocês dois - Lucas comentou enquanto se levantava do sofá. - Afinal, acho que vocês nunca ficaram realmente sozinhos.
- Ficamos na van - eu falei.
- Aquilo não conta, Paul estava calculando cada minuto - Miguel disse. - Se precisarem de algo é só gritar, a casa do Matheus é um metro daqui.
- Temos paredes finas - Lucas disse piscando um olho e rindo, eu ignorei esse comentário dúbio e vi os dois irem embora enquanto eu me dirigia pra cozinha pra falar com Gustavo.

Assim que cheguei, vi Gustavo sentado em cima da pia com a minha câmera em mãos vendo as fotos. Tinha um sorriso quase infantil no rosto e as pernas pendiam na frente do seu corpo e balançavam; era como ver a visão de uma criança de cinco anos sentada em uma cadeira, por ser pequena ou a cadeira alta demais, seus pés não chegavam ao chão. Limpei minha garganta um pouco alto e cruzei os braços na frente do corpo observando Gustavo e querendo chamar sua atenção. Funcionou.

- Belas fotos - ele disse levantando o olhar pra mim e sorrindo um pouco mais aberto.
- Obrigada - respondi. - A câmera é nova, então ajuda um pouco.
- Acho que o que ajuda é a fotógrafa - ele disse em um pequeno elogio enquanto pulava da pia e vinha na minha direção. - Sua câmera.
- Valeu - peguei a câmera da mão dele, dei uma olhada na foto que ele estava vendo e vi Lucas e Miguel no zoom. - Seus amigos são fotogênicos.
- Você gosta de tirar fotos deles, não é a primeira vez que os pega de surpresa.
- Tá querendo me lembrar daquela vez no London Eye? - Perguntei meio brincalhona e ele balançou a cabeça afirmando. - Aliás, as fotos daquele dia ficaram lindas.
- Por que eu nunca as vi?
- Eu gosto das coisas caseiras Gustavo - respondi. - Não passo minhas fotos pro computador, digo, não todas. Eu montei um pequeno estúdio lá no apê com a Mands e revelei as fotos lá, todas estão guardadas comigo em um local especial. - Como que você revela fotos em casa? - Ele fez careta e coçou a cabeça. Eu sorri.
- Não quero me gabar, mas, se você faz curso de fotografia, isso é o BÁSICO que você tem que saber, nem é tão difícil assim. Qualquer dia te mostro.
- Como você fez isso? - Ele perguntou curioso, sério que ele estava interessado na minha vida?
- Bom, - pigarreei um pouco antes de falar - não é algo tão simples, mas também não é nada impossível. Digo, com um pouquinho de dedicação, qualquer pessoa que não seja familiarizada com esse tipo de processo consegue montar um laboratório e revelar as fotos sem problema. Aí, como a Mands faz fotografia também, nós duas meio que dividimos os custos - falei sorridente, eu amava falar do meu trabalho.
- Continua - ele me incentivou sorrindo mais do que eu.
- Você precisa de um ambiente onde a luz possa ser vedada, no nosso caso escolhemos a lavanderia que fica no fundo do apê. Aí você precisa de uma lona preta pra isolar a entrada da luz, um revelador pra papel fotográfico, fixador, casquilho pra lâmpada incandescente e... Gustavo, você realmente quer saber disso?
- Você fica linda explicando sobre fotografia - ele sorriu e pegou minha câmera. - É quase a primeira vez que converso com uma garota sem que ela fique fazendo charme pra mim, não tô querendo me achar...
- Nem precisa - respondi sem graça.
- Posso bater uma foto sua? - Ele pegou minha câmera e apontou pra mim.
- Eu acho que já disse uma vez que odeio fotos, e você já tem uma foto minha em seu celular, que por sinal foi tirada de maneira totalmente clandestina.
- Por isso que dessa vez eu estou perguntando se posso tirar uma foto sua, quero me sentir fotógrafo uma vez na vida - ele riu.
- Não sou fotogênica - bufei.
- A foto que tenho em meu celular diz o contrário - ele sorriu malandro. - Vai, Gi, por favor!
- Ugh! - Gemi. - Tá bom, mas vamos em um lugar onde você possa se sentir realmente como um fotógrafo profissional. Onde é um bom lugar com iluminação?
- Meu quarto - ele falou já gargalhando e eu o olhei séria, mas por dentro querendo rir.
- Tô falando sério, Torres!
- Lá fora, a varanda é bem iluminada.
- Ok, vamos lá.


Saí na frente de Gustavo me dirigindo para porta dos fundos. Assim que a abri, dei de cara com um jardim muito maior do que minha casa no Brasil... FENOMENAL! Gustavo ligou as luzes e o ambiente ficou perfeito, era lindo demais. Com certeza eu faria o photoshoot dos meninos ali, já super imaginei mil fotos.

- E agora, o que faço? - Ele perguntou olhando pra câmera e olhando pra mim.
- Primeiro você encontra um lugar onde não faça muita sombra, como é de noite, precisamos do máximo de iluminação possível - falava enquanto dava uma geral na varanda tentando achar um lugar. - Aqui, por exemplo, é perfeito.
- Sério? - Ele perguntou meio duvidoso quando eu me sentei em uma das cadeiras de descanso.

Eu estava sentada na parte verde do jardim, havia a iluminação tanto da varanda quanto da lua. Havia uma sombra suspeita, porém com o flash ela iria desaparecer. Atrás de mim não tinha nada, apenas o muro que estava a muitos metros, ou seja, seria uma foto clean, sem adição de objetos ou pessoas. Eu gosto muito mais desse tipo de foto, onde você pode ver o que está sendo fotografado sem se perder no que acontece ao redor.

- Aham - respondi me levantando. - Eu vou ficar aqui e você precisar achar o foco da câmera. Primeiro, ligue-a.
- Isso eu já fiz - ele riu. - É nesse botão verde, né?
- É sim - eu ri. - Vai aparecer um quadradinho e você precisa colocar meu corpo no centro desse quadrado.
- Acho que consegui - ele falava enquanto parecia ajustar a câmera para mim. - E agora eu bato a foto?
- Liga o flash, como que tá a luz? Tá dando pra me ver?
- Tá sim - ele disse. - Posso bater?
- Aí pode - falei olhando pro meu lado esquerdo, não gosto de fotos onde a pessoa está olhando diretamente pra câmera. - E aí?
- Caralho! - Ele disse rindo enquanto olhava pra foto. - Dá muita diferença tirar com uma câmera profissional.
- Eu sei, certo? - Ri comigo mesma e fui até ele ver como ficou a foto. - Hm, não tá tão mal.
- Quando alguém diz que você é bonita e que você fica bem nas fotos, acho que poderia começar a acreditar - ele me respondeu, virando a câmera pra mim e batendo mais uma.
- HEY! Quer parar? - Respondi rindo. - Me devolve!
- Vem aqui - ele abriu um dos braços na minha direção. - Quero deixar essa noite como uma memória boa.
- Vai bater uma foto nossa? - Perguntei fazendo careta. - Ai Deus!
- Prometo não publicar, mas você vai ter que revelar e dar uma cópia pra mim depois.
- Tem a minha palavra - respondi. - Vai, vamos logo.

Me aninhei meio sem jeito ao corpo de Gustavo sentindo seu braço me aconchegar mais ainda. Encostei minha cabeça no seu ombro e coloquei a língua pra fora, enquanto ele encostava a cabeça na minha e eu presumi que sorria. Ele bateu a foto e logo em seguida virou a câmera pra ver como tinha ficado; como era de se esperar, ele ficou lindo e eu mega esquisita.

- Não sabe tirar foto igual pessoa normal não? - Ele perguntou rindo desligando a câmera e a colocando em cima de uma mesinha de centro.
- Não gosto de fotos! - Falei de novo, arrancando mais uma risada dele. - Mas essa ficou mais ou menos espontânea.
- Gostei - ele disse.
- Cara, é só você sorrir que você já fica lindo! Não te irrita isso não? - Falei um pouco na demência. Realmente, é só ele sorrir e já fica gato, se eu começo a sorrir pareço o Chandler de Friends.
- Você quando sorri fica linda - ele me disse passando as mãos nos cabelos.
- Fico estranha - respondi dando de ombros. - Escuta, posso te perguntar uma coisa?
- Que foi?
- Naquele dia no London Eye, quando você me viu - garganta, agora não é o melhor momento de você ficar seca. - Por que eu? Digo, por que dentre tantas garotas naquele dia você me escolheu?
- Quer mesmo saber? - Ele perguntou meio risonho.
- Por favor!
- Você se destacou no meio de todo mundo - ele disse sorrindo. - Você não estava ali para aparecer ou chamar a atenção de ninguém, mal olhava para os lados enquanto andava. E quando eu te vi tirando fotos das crianças e o seu sorriso mais infantil no rosto, eu simplesmente tive a certeza de que precisava falar com você.
- Isso é ridículo - falei nervosa.
- Claro que não - ele riu e se aproximou mais de mim. - Gi, no meio de tanta gente você foi a única que eu quis me aproximar. E não tinha como eu falar com você porque você não largava essa câmera por nada no mundo! O único jeito foi realmente começar a fazer gracinhas, o que deu certo.
- Tirar as calças no meio do povo não foi uma 'gracinha'.
- Eu IA fazer isso, mas não fiz - ele sorriu e pegou minha mão, acariciando com o polegar. Meu Deus, eu vou morrer!
- Só queria saber quem era essa garota que não se importava em ser cara de pau o suficiente pra tirar fotos das pessoas, que sorria quando uma criança olhava pra ela, que colocava o cabelo atrás da orelha e mordia os lábios quando parecia gostar de uma foto que havia acabado de tirar - Gustavo carinhosamente colocou uma mecha de meus cabelos atrás da orelha e eu inconscientemente mordi meus lábios.
- Agora você já sabe quem ela é - falei meio sem ar.
- Há muito mais nessa garota que eu quero saber, há muitas coisas que eu queria descobrir, mas ainda não consegui. Chamei ela pra um passeio pro London Eye e tudo acabou errado...
- Foi ótimo, Gustavo - falei quase em um suspiro. - Foi perfeito.
- Ainda tem meu cachecol?
- Claro que sim.
- Ainda quer ir de verdade em um encontro comigo?
- O Paul vai junto? - Nós dois rimos, eu sou tão idiota.
- Vou tentar vetá-lo, mas acho meio impossível - ele riu. - E então?
- Eu adoraria, mas seria comida viva pelas suas fãs no dia seguinte - falei meio triste.
- Isso realmente te incomodou - e agora ele passava as mãos desde meus ombros até minhas mãos, aquele vai e vem de mãos me dava calafrios. - Sinto muito.
- Não é sua culpa, Gustavo, eu entendo - falei. - Digo, também tenho meus ídolos e sinto ciúme deles de vez em quando, é totalmente normal.
- Mas...?
- Tenho medo de perder meu foco - funguei. - Vim pra cá com um propósito, e com certeza ter quinze minutos de fama não é o principal.
- Não queria que as coisas fossem assim pra você, Gi - ele suspirou. - Nessas horas eu queria não ter essa fama.
- Gustavo - levantei meu olhos e o encarei, puta merda, como ele era lindo. - Essa vida que você escolheu é a vida que você ama! Tem noção do quanto você pode curtir? Você tem milhões de garotas lindas que se jogam aos seus pés o tempo todo, quatro melhores amigos fantásticos e uma amiga que topa fazer photoshoots de graça!
- Há, palhaça - ele riu. - Gi, eu não... - pausa pra um suspiro dele. - Você realmente me vê só como um amigo?
- Claro! - A voz saiu um pouco aguda, é o nervoso. - Digo, claro que sim. Não é isso o que somos? Amigos?
- Você gosta do Lucas? - Ele me perguntou baixo. - Ou do Miguel?
- Gustavo! - Me afastei um pouco pra olhá-lo melhor. - De onde você tirou essa ideia absurda?
- É que hoje eu vi vocês no sofá e tem fotos demais deles na sua câmera, e o jeito como o Miguel te tratava, e o próprio Lucas...
- Eles não são seus melhores amigos? - Ele balançou a cabeça afirmando. - Não seria legal da parte deles dar em cima de uma garota que o amigo está a fim.
- O quê? - Essa pergunta saiu quase como um soluço. - O que, o que eles falaram?
- Disseram que você gosta de mim - eu ri. - Do tipo muuuuuito, sabe?
- Eu vou matar aqueles caras! - Vi as bochechas de Gustavo ficarem coradas e, ai meu Deus, que coisa linda!
- Gustavo - eu disse rindo e indo até ele, puxando sua mão e fazendo-o olhar para mim.
- Eu tô levando um fora?
- Não - quase gargalhei, quem sou eu pra dar uma fora nele?
- Mas você acabou de me dizer que me vê como amigo!
- Quer me olhar por meio segundo? - Eu controlava meu riso, até que finalmente ele me encarou. - Gustavo, você é um lindo! E eu não entendi até agora porque você está interessado em alguém tão sem graça como eu.
- É que...
- Shhh, espera - coloquei minha mão em cima dos seus lábios, senti um leve formigamento e decidi tirar minha mão de lá. - Você é o sonho de toda garota, Gustavo; e faz totalmente o meu tipo - eu ri e ele também. - Mas eu me amo mais! E amo essa segurança que tenho de poder ir aos lugares sem ninguém me importunar, de ter 98 seguidores no Twitter e ninguém dar a mínima ao que escrevo.
- Você não quer ser vista comigo.
- Se você fosse um garoto sem essa fama ao seu redor, eu teria te chamado pra sair há muito tempo atrás - falei. - Mas e se não der certo? E se eu ficar marcada como a garota que namorou você? E...
- 'Garota que me namorou?' - Ele perguntou com um sorriso brincalhão, ai Deus Pai, eu falei demais. - Você também quer isso?
- Tô falando por falar, não muda de assunto! - Respondi meio nervosa, meu estômago fazia festa e dava cambalhotas dentro de mim. - Que seja, Gustavo, você acha mesmo que alguma garota iria dizer 'não' pra você?
- Você acabou de dizer - ele apontou pra mim com um "micro bico" nos lábios, ah, pff!
- Gustavo Torres - respirei fundo e dei dois passos pra trás. - Eu gosto de você, mas tenho medo de ser morta pelas suas fãs e ver minha privacidade se escafeder porque sou sua amiga, namorada ou sei lá o que mais!
- Giovanna Donatelli - ele pegou minha mão e segurou forte. - Eu já disse pro mundo inteiro que tenho uma pessoa especial em minha vida hoje, por que não falar que essa pessoa é você?
- Gustavo...
- Por favor! - Ele encostou a testa na minha, agora eu podia sentir sua respiração um pouco mais pesada e quente em meu rosto. - Vamos fazer tudo em doses homeopáticas, bem devagar...
- Eu vou me foder!
- Eu tô aqui, não estou? - Levantamos nossos rostos ao mesmo tempo. - Antes de tudo eu sou seu amigo, eu te quero bem e eu tô completamente louco por esse enigma chamado Giovanna. Me dá a chance de te decifrar, de ficar mais perto de você, de poder falar de você sem eu ter que me enrolar nas respostas.
- E se me odiarem?
- E se não te odiarem? - Ele riu. - Ao mesmo tempo que eu vou te conhecer melhor, as outras pessoas também vão te conhecer. Dá essa chance a elas e... Pra mim.
- Amigos? - Perguntei meio rindo e ele fez careta. - Quê? Primeiro vamos mostrar pro público que somos amigos.
- Você aceita? - Ele sorriu, acho que pela primeira vez na noite ele sorriu com tamanha sinceridade. - Posso, posso falar de você?
- Pode - eu ri. - E seja o que Deus quiser!
- Obrigado - e Gustavo Torres me abraçou.

E foi aquele abraço demorado, gostoso e lerdo e cheio de emoções. Eu estava colocando minha vida na mão dele, eu iria me expor de uma maneira que eu nunca fiz na vida. Não seria apenas no Reino Unido, seria no mundo INTEIRO! Todos iriam saber quem eu era, a garota sem graça que é amiga do One Direction, que é amiga de Gustavo Torres! Eu não estava preparada pra isso, mas, ao mesmo tempo, por que não? O que demais poderia acontecer? Se eu fosse lembrar da reação das meninas na escola eu sei bem o que poderia acontecer comigo: morte!

- Vem aqui - ele me puxou pela mão e sentou na cadeira, me puxando junto e fazendo com que eu me sentasse em seu colo.
- O que vai fazer? - Perguntei meio nervosa, coloquei um dos meus braços em volta do corpo dele e deixei minha mão pousar no seu ombro.
- Quer saber já como vai ser a reação das fãs? - Seu sorriso era feliz, malandro e travesso, senti de novo aquele gelo na barriga.
- Quais são seus planos, Gustavo?
- Tem como sorrir pra uma foto dessa vez? - Ele pegou o celular e virou pra nós.
- Ah não, você vai publicar uma foto NOSSA?
- Claro, já não quer saber como vão reagir?
- Eu tava pensando em alguma coisa pros próximos seis meses, e não agora.
- Por favor, Gi, prometo que vou falar que você é uma amiga, nada mais.
- Ah, que seja!

1, 2... pronto! Sorri com os lábios fechados e Gustavo saiu com seu típico sorriso feliz. Eu estava sentada em seu colo com um dos braços ao redor do seu corpo, enquanto ele estava com o seu braço me segurando pela cintura. Pela foto dava pra ver claramente isso, agora eu tava ferrada de vez! Não precisou de muito tempo para Gustavo publicar a foto pelo Instagram e no segundo seguinte ela estar em seu Twitter.

- E agora esperamos alguns segundos - ele disse.
- Você sabe que arruinou minha vida, não sabe?
- Nem falei qual o seu Twitter, olha como eu sou bacana!
- POR FAVOR, não fala! - Quase gritei. - Sério, é capaz de eu ganhar um milhão de seguidores e vai saber quantos haters.
- Vamos tentar pensar pelo lado positivo? - Ele sorriu pra mim. - Vamos imaginar que todo mundo vai adorar você?
- Ok - suspirei. - E caso isso não aconteça...?
- Eu vou estar aqui com você - Gustavo disse beijando meu rosto e me abraçando.

Dei uma olhada na foto recém-publicada no Twitter em seu celular:

'A garota especial'

Esse era o título da foto. E ali estava eu, sentada no colo dele sorrindo tentando esconder meu susto e medo, enquanto Gustavo, por outro lado, parecia quase que completamente satisfeito. Em questão de segundos o número de mentions no Twitter subiu de 345 para 987, e esse número aumentava cada vez. Meu coração batia na garganta, estariam essas pessoas falando de mim? E se estivessem falando mal?

Agora o estrago já estava feito, prometi a mim mesma que só veria os comentários na manhã seguinte. Me aninhei ainda mais ao corpo de Gustavo e enterrei minha cabeça no seu pescoço, pelo menos por alguns minutos de privacidade meu mundo se resumia a ele, e ninguém precisava saber disso.

500 Days in LondonWhere stories live. Discover now