Capítulo 21

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I want, I want, I want
And that's crazyyyy
I want, I want, I want
To be loved by you...

Não sei quantas mil garotas no andar de baixo se matavam de gritar, berrar enquanto eu via os cinco garotos da minha vida no palco vestidos de roupa de gala e mais felizes do que eu já tinha visto em todos esses meses que passamos juntos. Os cinco agradeceram ao público maluco, se abraçaram e se curvaram diante daquelas garotas. O sorriso no rosto dos cinco era algo indescritível, eles amavam estar ali no palco diante daquela multidão.

Era sábado, nove horas da noite. Passei a semana editando as fotos dos meninos na rádio e me preparando para atividades extra curriculares que teríamos a partir de semana que vem, isso incluía algumas viagens pela Inglaterra. Nós sairíamos de Londres para outras cidades vizinhas, o que incluía Bolton. Dá pra imaginar a felicidade de Amanda e a minha própria. Sam e Lucas também estavam mais animados do que nunca, porém a preocupação deles era de quando saíria o resultado do photoshoot feito com Tyra Banks. Disso eu não tinha a mínima noção, já que a data para revelar o resultado fora adiada, pelo menos, umas cinco vezes. CINCO VEZES! Isso para dois gays que querem muito ir para Paris é uma tragédia grega, mas confesso que para mim também é.

O fato é que, com toda essa correria semanal eu mal consegui ficar com Gustavo ou com algum dos meninos. Os cinco tiveram reuniões a semana inteira - isso incluía uma reunião básica na casa do Tom Fletcher a fim de decidir que tipo de música eles teriam em seu próximo CD - decidiram se vão ou não para a América e Nova Zelândia e marcaram alguns encontros esporádicos em shoppings para atender as fãs britânicas. Enquanto isso, o quarteto fantástico de fotógrafos amadores passava o dia todo na escola estudando, eu babando em cima dos livros e, à noite, só pensava na minha cama. Três noites eu fui dormir às quatro da manhã para acordar às oito e meia. Meu relógio biológico está todo desconfigurado e eu nem vou começar a falar da minha alimentação, essa sim está uma tragédia. Não que Mands tenha desistido de pegar no meu pé, mas ela também anda com a cabeça cheia de coisas e não tem mais tempo de ficar me vigiando pra saber se eu comi direito ou não, quem faz isso agora é Miguel Thompson. Sim, Miguel fica me ligando todo dia ou mandando mensagem perguntando se eu comi, o que eu comi e que horas vou comer de novo. Eu minto praticamente toda vez. Nesse ritmo acelerado eu às vezes passo o dia com uma banana e uma maçã que eu como de manhã, muita água e muito café; com essa brincadeira eu perdi cinco quilos em duas semanas e minhas calças e blusas estão mais largas. Bem mais largas.

Hoje, enquanto nos arrumávamos para o show dos meninos, Mands percebeu que minha calça jeans, que antes costumava ficar bem mais apertada nas pernas, está larguinha e caindo da minha cintura. Ao invés dela ficar feliz por mim, ela fez cara feia e ignorou, apenas apertando de leve meu quadril e falando que "meus ossos estão mais protuberantes do que antes", dei de ombros. Hoje a banda iria se apresentar em uma arena de shows aqui em Londres a fim de angariar fundos para uma instituição de caridadade, ou seja, o dinheiro dos ingressos seria doado para essa instituição. Amanda estava quase parindo um pequeno Mathew de tanta felicidade, eu estava em êxtase porque esse seria meu primeiro oficial show da One Direction. Havia passado os últimos dias ouvindo CD dos meninos, mas desisti de tentar aprender as músicas, e a única que eu de verdade adorei, Gustavo me disse que não fazia parte do repertório. Qual o problema de cantar "Another World"? Poxa, essa é uma música tão boa! Mas não, eles vão cantar "Stand Up", e essa eu não sei de cor, digo... Eles já cantaram Stand Up e eu só balancei a cabeça a música toda. Mas, falando do show, foi realmente uma gracinha. Eu nunca tinha ido em show de boyband, já sabia que não ia ver muita guitarra, explosões, fogos e solos magníficos, mas quando eles cantaram "Use Somebody", eu confesso que me arrepiei. Primeiro que eu amo Kings of Leon, segundo que a voz do meu namorado é maravilhosa. O momento em que eles param o show para ler os tweets foi o meu favorito, cada coisa que essas fãs perguntam! E ah, foi bem legal ver um sutiã sendo arremessado bem na cara do Gustavo; novamente eu me pergunto qual o problema dessas meninas de hoje.

O show demorou um pouco mais de uma hora e meia e foi bem agitado. Eles eram cinco garotos ridiculamente charmosos e deixavam as meninas suspirando a cada palavra, música e sorriso que davam. Mands, ao meu lado, gritou todas as músicas e ao final estava rouca, me lembrei que aquele era o primeiro show da One Direction que ela ia. Quem estava conosco também era Lary - para o total desgosto de Amanda, que insistia em dizer que era ciumenta, que eu deveria ser mais amiga dela do que da Lary e pra eu ter cuidado com essa menina. Lary foi apenas como companhia, perguntou se podia ir junto conosco e, por que não? Lucas ficou todo abobalhado e eu percebia que durante o show ele ficava de vez em quando nos procurando com o olhar. Nós estávamos no camarote superior esquerdo, um pouco acima do palco; de onde nós estávamos dava pra ter uma visão perfeita de tudo, isso incluía das fãs. Gustavo de vez em quando olhava para nós e sorria, eu podia ver as fãs acompanhando o seu olhar a fim de saber pra onde ele tanto olhava, e quando nos avistavam corriam para os celulares e batiam fotos e mais fotos, outras eu tenho certeza de que atualizavam os status no Twitter ou no Tumblr. Por três vezes eu quis pegar meu celular, mas Mands me proibiu de bisbilhotar o que quer que seja que as meninas estavam falando de mim, ou do show ou qualquer outra coisa. "Hoje a noite é de diversão" ela repetia pra mim, e, assim sendo, eu decidi aproveitar o show do meu namorado.

- Como foi ver os meninos pela primeira vez? - Lary me perguntou assim que as luzes começaram acender. - Já perdi as contas de quantas vezes vi One Direction ao vivo.
- Acho que ninguém aqui quer saber quantas vezes você viu os nossos namorados ao vivo - Mands falou e novamente eu quis enfiar minha cabeça em um buraco.
- Amanda! - Olhei-a meio brava e ela deu de ombros, como sempre. - Desculpa, Lary, é o nosso primeiro show - eu ri nervosa. - Gostei bastante.
- Nós já tivemos outras apresentações particulares, perdi as contas de quantas vezes Matheus cantou SÓ pra mim - Mands disse com desdém e vi Lary abafar uma risada. - Não foi assim exatamente meu primeiro show.
- Tô vendo, você nem parece em êxtase - Lary apontou para o estado deplorável de Mands. Toda suada, vermelha e descabelada; quem riu dessa vez fui eu.
- O que você...
- Escuta - abracei Mands de lado e apertei um pouco seus ombros. - Como vamos sair daqui? Digo, só tem um jeito, eu acho.
- Vamos ter que passar pelas fãs, mas só esperar elas saírem, não demora muito - Lary me respondeu suspirando e passando as mãos pelos cabelos. Caralho, ela era linda.
- Preciso de água - Mands reclamou. - Vou no bar ali atrás pegar uma garrafa, alguém quer?
- Pega uma pra mim? - Eu tinha certeza absoluta de que Lary disse isso apenas pra irritar minha amiga, afinal, ela deu aquele sorriso travesso no final.
- Sem gás ou com gás? - Mands ainda perguntou de forma educada, dava pra sentir a tensão no ar. - Fiquei sabendo que com gás tem mais calorias.
- Acho que não preciso me preocupar com isso - ela passou a mão pela cintura e pelos quadris, Mands podia pular no pescoço dela a qualquer momento.
- Com gás, então - minha amiga bufou e saiu em passos firmes. Mands era bem branquinha e ficava vermelha fácil, no momento ela estava roxa.
- Eu geralmente não sou tão chata assim - Lary se desculpou. - Mas é bem engraçado deixar sua amiga brava.
- Mands é um amor de pessoa, mas ela pode ser bem ciumenta de vez em quando. Na verdade, eu nunca a vi assim - olhei pra trás e percebi que ela ficava o tempo todo olhando para mim com aquele bico enorme. - E é muito estranho eu afirmar que no momento ela está com ciúme da minha pessoa e não do Matheus.
- Ela está sendo uma boa amiga, só isso - Lary riu. - Escuta, eu queria te perguntar uma coisa, posso?
- Claro que sim.
- Você está, se cuidando? - Seus olhos tinham um certo brilho de preocupação, senti meu estômago endurecer. - Digo, você emagreceu bem da última vez que nos vimos.
- Nos vimos uns dias atrás, Lary - desconversei. - Essa foi uma semana difícil, eu acabei não me alimentando bem.
- Gustavo percebeu?
- Quase não nos vimos, acho que ele nem notou - dei de ombros.
- Ele é muito detalhista, acho estranho ele não ter comentado nada - ela suspirou e sorriu. - Só gostaria que você se cuidasse, os meninos são muito apaixonados por você e absurdamente preocupados.
- Os meninos? No plural?
- Gustavo é o único que pode te beijar nos lábios, mas não é o único que sente uma atração por você - ela sorriu. - Acredite.
- Mas, o que...
- CHEGUEI - Mands entregou a garrafa de qualquer jeito pra Lary e já veio pro meu lado sorridente. - Que horas vamos sair daqui?
- Acho que já podemos - Lary deu uma olhada no andar debaixo. - Já está bem vazio e se andarmos rápido ninguém vai notar nossa presença.
- E por onde vamos? - Perguntei já sentindo Mands me puxar pelo braço. - Tipo, pelas escadas mesmo?
- Vamos descer por essa lateral esquerda, andar pelo corredor e depois entramos no camarim. Na verdade, vocês vão entrar no camarim, eu preciso fazer umas ligações antes - Lary sorriu. - Vou deixar vocês sozinhas com os meninos primeiro.
- Obrigada - Mands falou bebericando sua água.

Saímos de cabeças baixas pelas escadas laterais, chegamos no térreo e fomos mais ou menos correndo pelo corredor principal entre as cadeiras até o palco. Quando chegamos lá, Lary abriu uma porta lateral e nos deu passagem; era meio escuro e ela disse para seguirmos reto, teria uma porta grande de madeira e era só abrir, já daria para um grande corredor dos camarins. E assim o fizemos. Assim que abrimos essa tal 'grande porta de madeira', demos de cara com um corredor enorme e cheios de portas para todos os lados, porém era só seguir a gritaria de vozes que encontraríamos nossos garotos. Um, dois, terceira porta que estava aberta, e ali dentro: One Direction. Lucas e Miguel estavam com as camisas brancas sociais abertas e riram de alguma besteira falada aparentemente por Matheus. Gustavo encontrava-se sem camisa e brincava de ficar jogando água em Dhiego, que, diferente dos outros, estava apenas de cueca. Só os cinco estavam ali, eu vi algumas mulheres com crachás passarem de um lado pro outro olhando os meninos dentro do camarim e soltarem risadinhas, apesar de serem mais velhas era impossível resistir ao charme desses cinco palhaços lindos. Mands e eu paramos em frente a porta e ficamos assistindo o espetáculo, uma olhou pra cara da outra e abafamos o riso, sério que nenhum deles iria notar nossa presença ali? Depois de mais ou menos um minuto, nós cansamos de esperar, Mands limpou a garganta bem alto e eu gargalhei, porque os cinco pararam de fazer quaisquer coisa que estivessem fazendo e nos olharam assustados. Pelo menos nós estávamos sozinhos no camarim, seria bem engraçado se algum empresário ou outra pessoa mais influente estivesse presente. Se bem que eu acho que o pessoal que trabalha com a banda já está um pouco mais acostumado com esse tipo de brincadeira dos meninos.

- Oi, crianças - falei rindo quando o olhar de susto passou. - Divertindo-se muito?
- Oi, meu amor - Gustavo veio até mim com os braços abertos e me abraçou de forma apertada e demorada, e todo suado. - Você tá limpinha.
- Eu não fiquei pulando por mais uma hora e meia em cima de um palco - respondi rindo dando um selinho demorado nele. - Diferente de você.
- Por isso o Gustavo é magro, pensa se ele não perdesse as calorias que come durante o dia? Nunca vi um cara comer tanto - Dhiego falou ao fundo vindo até nós e dando um beijo estalado em minha bochecha. - Gostou do show, Gi?
- Adorei - sorri. - Vocês são muito, muito bons! Me surpreendi - abracei Gustavo de lado, apesar do seu corpo suado, e recebi um beijo em meus cabelos como resposta.
- Eu percebi que Mands não parava de pular e cantar todas as músicas - Miguel, que agora estava deitado sozinho no sofá, disse ao fundo com uma voz bem preguiçosa e cansada. - Até os covers.
- Quando vocês vão entender que eu, de verdade, sou a fã número um de vocês? Depois desse tempo todo, francamente - ela riu bem brincalhona e nós rimos juntos.
- Minha bebê é a garota mais linda - Matheus veio caminhando até Mands e já se derretendo todo. - Mais charmosa, mais perfeita desse mundo - e finalizou sua melação romântica com um beijo demorado.
- Eca! - Dhiego riu. - Arrumem um quarto.
- Primeiro um banho, meu amor - Mands disse empurrando Matheus de leve pelo peitoral.
- Pra que tomar banho se o que eu quero fazer com você agora vai me deixar suado de qualquer jeito? - Matheus sorriu fazendo uma cara de mil e uma intenções deixando Mands vermelha. - Fica vermelha não que eu sei que você gosta.
- Meu Deus, que fogo no rabo! - Falei.
- Quando você e o Gustavo começarem a acasalar, você vai entender - ele apontou o dedo pra mim e para Gustavo. Na mesma hora quem ficou vermelha fui eu, Gustavo contou pros meninos sobre o fato de nós dois nunca... Bom, isso aí?
- Espera um minutinho aí - e agora Lucas apareceu na conversa. - Vocês dois nunca? Sério? Qual teu problema, Gustavo?
- O problema não é com ele - falei baixinho. - Digo, eu sou meio difícil...
- Virgem? - Dhiego falou tão natural e tão fácil que eu até me assustei. - Você é virgem?
- Dhiego! - E agora, finalmente, foi a vez de Gustavo falar alguma coisa. - Cala a boca.
- Qual o problema da Gi ser virgem? - E de novo Dhiego abriu a boca. Eu enterrei meu rosto no peitoral de Gustavo e ele me abraçou, senti os meninos atrás de mim rirem bem baixinho e isso incluía minha melhor amiga, Amanda Chata Colaneri.
- Eu sei que talvez não seja da minha conta, mas, por quê? - Miguel coçou a nuca, a cabeça e fez careta. Não muito discretamente ele me olhou de cima a baixo.
- HEY - Gustavo berrou. - Não precisa ficar encarando minha namorada desse jeito, precisa?
- Só to tentando entender o motivo da Gi nunca ter, bom, você sabe...
- Ai Miguel - eu ri. - Sei lá, não apareceu a pessoa certa ainda.
- E o Gustavo? - Lucas perguntou. - Ele não é a pessoa certa?
- Gente, não tô querendo ser chata nem nada...
- Você é sempre chata, Mands - Dhiego brincou.
- Continuando minha linha de raciocínio, Lizardo - ela bufou. - Por que estamos falando de algo tão pessoal assim? A Gi é virgem sim, e qual o problema?
- Problema nenhum - Lucas disse. - Eu só acho um desperdício, porque ela é gata.
- Olha - respirei fundo. - Não que o Gustavo nunca tentado, e já vou falando isso antes de vocês começarem a fazer piadinhas sobre a masculinidade do meu namorado.
- Eu ia mesmo - Matheus riu baixinho.
- É complicado - mordi os lábios. - Eu só, sei lá, quero esperar o momento onde eu não tenha que "pensar" que estou transando, que venha de maneira natural. A possibilidade de começar a tirar a roupa e...
- Ok, Giovanna - Gustavo veio por trás de mim e tapou minha boca com a mão. - Acho que ninguém aqui vai querer saber dos detalhes que passam na sua cabeça.
- Eu até que estava começando a me interessar pelo assunto - Dhiego brincou.
- Enfim - eu tirei a mão de Gustavo de cima da minha boca, ele continuou me abraçando por trás deixando seu braço um pouco abaixo do meu pescoço. - É isso, gente, eu sou virgem e acho que vai dar literalmente na cara quando eu perder a minha "flor".
- AI QUE BROXANTE! - Miguel gargalhou assim como todo mundo. - Flor?
- Queria que eu falasse o quê?
- Não queria que você falasse nada - ele fez careta.

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