Capítulo 23

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Mands ficou quase uma hora só no meu cabelo! Hidratação, escova (muita escova) e chapinha (muita chapinha). Ao final, meus cabelos estavam lisos, longos, sedosos e brilhantes, parecendo cabelo de propaganda. Minha franja estava presa para trás formando um pequeno topete, enquanto o restante caía solto pelos meus ombros e costas, nem eu sabia que tinha como deixá-lo desse jeito. Ela me emprestou um vestido justo e curto cor marfim (tinha um ombro só, pequenos cristais bordados na lateral e em especial no ombro, justo desde meu busto até minhas coxas, não sabia como eu ia andar naquilo) e ela me fez jurar que eu ia de salto alto. Eu usava uma meia-calça preta e uma summerboot salto quinze, algumas pulseiras de couro com pedrinhas, minha bússola da sorte no pescoço e maquiagem bem carregada preta no canto dos olhos e um pouco mais clara do meio até o início. Muito rímel e lápis, bochechas coradas e um batom ligeiramente vermelho claro com gloss. Minhas unhas foram pintadas de vermelho e meu corpo passou por uma sessão esfoliante e massagem relaxante; me sentia outra pessoa.

Minha amiga não estava tão diferente, tão linda como sempre. Um short preto tão colado quanto meu vestido, blusa soltinha no corpo com a bandeira da Inglaterra estampada nela, um pouco "fumê", cabelo preso em um alto rabo-de-cavalo, cachos caíam perfeitamente em uma cascata gigante, sua franja mais curta estava desenhada de forma simétrica em cima dos seus olhos delineados em preto, parecia um olhar felino. Ela usava uma bota de cano alto e também de salto, não usava meia calça, porém estava com o triplo de acessórios. Brincos em forma de argolas gigantes, muitos anéis e muitas pulseiras. Sem falar no perfume, o de Mands puxava para um doce e o meu para um cítrico, e isso porque eu tinha falado pra ela que não queria ir muito chique, já que pretendia pular e dançar a noite toda, mas com esse vestido e com esse salto vai ser meio impossível. A única coisa que ela me pediu foi 'divirta-se e se esqueça do mundo, pelo menos por hoje'. E, com isso na cabeça, eu a deixei me arrumar. Hoje era tudo sobre diversão, e era nisso que eu iria me concentrar.

- Quer parar de se olhar no espelho? Já disse que você está linda!
- Tem certeza que esse vestido não está marcando demais a minha barriga?
- Gi, você nem tem mais barriga - ela riu. - Não que eu aprove essa sua fase de 'não vou comer', mas você emagreceu demais e está parecendo um cabide, não que isso seja uma coisa ruim, mas como agora você está bem mais magra, não tem mais barriga, tá lisinha.
- Estou magra demais? - Passei a mão por cima do vestido em meu corpo.
- Você está perfeita - ela veio atrás de mim e me abraçou. - Eu juro que se fosse macho te pegava, mas pra isso você tem o Gustavo.
- Graças a Deus - eu ri. - Ele vai gostar?
- Ele te ama, é claro que vai gostar - ela sorriu. - Agora vamos logo, os meninos estão nos esperando lá fora.

Esqueci de comentar, nós estamos nos arrumando na casa do Matheus. Como ia chamar a atenção demais se eles fossem nos buscar no alojamento, decidimos ir até lá. Eles ficaram loucos porque, eu e Mands estamos trancadas no quarto há pelo menos três horas, enquanto eles estão prontos a mais ou menos uma hora. Eles juraram que não iam entrar no quarto e nem espiar pelas janelas, mas por via das dúvidas trancamos tudo, e, na verdade, ainda bem que fizemos isso, Miguel e Dhiego tentaram entrar pela janela. Passei mais uma vez a mão pelos cabelos, pelo vestido e pela lateral do meu corpo, então respirei fundo e fui até Mands, que já estava com a mão na maçaneta me esperando para sairmos. Assim que ela abriu a porta, Miguel estava ali e, quando nos viu, eu tenho certeza de que parou de respirar por alguns segundos. Seu olhar passou rápido por Mands, que pareceu nem notar a presença dele ali, e depois foi direto para mim; desde meu salto, minhas pernas, cintura, busto e rosto; vi que ele ficou um pouco rubro e mordeu os lábios de forma discreta quando passou o olhar por meus olhos e minha boca, até eu fiquei um pouco sem graça e senti um formigamento esquisito no meu estômago. Seu olhar, porém, parou em cima da bússola prata que pendia em minha clavícula e no mesmo instante ele desviou o olhar, coloquei a mão em cima da pequena peça que Gustavo havia me dado e sorri.

500 Days in LondonWhere stories live. Discover now