Capítulo 38

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Estava com a cabeça encostada no ombro de Gustavo, me dando tapas internos tentando ficar acordada. Eram cinco da manhã e lá estávamos no aeroporto esperando os meninos embarcarem para Nova Iorque, sem falar que hoje temos as piores provas no curso possíveis! Mands dormia no colo de Matheus, Lary e Lucas compravam café, Dhiego abraçava Miguel e os dois dormiam juntos, Gustavo fazia carinho em meus cabelos de um jeito preguiçoso, de quem também já estava querendo dormir.

Apesar de ser tão cedo e do nosso desânimo, os fotógrafos e fãs não desanimavam em nenhum segundo. Nós ficamos em uma área reservada, como se fosse uma sala VIP, porém mesmo dali dava para ouvir as fãs cantando e chamando pelos meninos e os barulhos de câmeras e flashes; todo segundo vinha um segurança se certificar de que estávamos bem, que nada tinha acontecido e que ninguém tinha conseguido tirar nenhuma foto nossa. É claro que conseguiram, acabei de entrar no tumblr e já vi as fotos dos meninos dormindo, e, óbvio, eu e Mands junto com "tags" nada educadas.

- Como você está com a prova? - Gustavo perguntou com uma voz rouca e sonolenta.
- Se eu responder, você vai prestar atenção?
- Estou tentando me manter acordado, Gi, coopera comigo - o ouvi rir - Toda viagem é a mesma coisa, e ainda tem a imigração no aeroporto.
- Vocês passam por isso?
- Opa, sempre passamos. E dessa vez pelo menos eu espero que o Dhiego tenha lembrado de trazer o passaporte.
- Dhiego esqueceu o passaporte?
- Cinco vezes - Gustavo fez cinco com a mão e riu quase sem força alguma - Ah, puta merda, que dor de cabeça!
- Hm? - tirei minha cabeça de seus ombros e o encarei - É de sono?
- Não sei - ele fez careta e massageou as têmporas - Tá todo mundo um pouco ansioso com o show no Madison e, agora que está tão perto, tá dando mais ansiedade e com isso, mais dor de cabeça.
- Você tem isso sempre?
- Perto de alguma coisa importante - ele suspirou - Sim.
- Eita, paixão! Você nunca me disse nada - sorri e fiz carinho em sua testa e seus cabelos - Minha mãe me ensinou umas coisas pra passar a dor de cabeça, posso tentar?
- Tudo o que você quiser, amor.
- Ok - eu ri - Me dá sua mão.
- Qualquer uma?
- Aham - ele colocou a mão direita em meu colo e inclinou a cabeça pra trás, fechando os olhos. Deus, ele estava tão cansado.
- Minha mãe diz que devemos apertar aqui - apertei o dedão de sua mão, bem na base da unha - E segurar por trinta segundos.
- Tá doendo - ele resmungou, sem ao menos abrir os olhos.
- Eu sei que está, mas é pro seu bem - repeti o que minha mãe sempre me falava, Gustavo riu rouco - Tenho que fazer isso três vezes, depois sua dor de cabeça melhora.
- Simpatia brasileira?
- Na verdade tem uma razão pra isso dar certo, mas às cinco da manhã eu não vou lembrar - eu ri e pressionei a base de sua unha mais uma vez, dando um pequeno intervalo e repetindo.

Foi a vez de Gustavo deitar a cabeça em meu ombro e me abraçar pela cintura, não me dando muito espaço para me mexer, porém nem fiz questão de reclamar. Ia passar um bom tempo sem ele e não estava a fim de desperdiçar qualquer momento nosso.

Quando eu estava começando a me entregar a um novo sono, ouvindo claramente os outros meninos e Mands roncarem, ouvi passos de salto alto pelo chão e uma risada conhecida. Lucas e Lary voltaram com cafés e rosquinhas para nós todos; acho que, do pessoal, eles eram os únicos mais animados e mais acordados! Abri meus olhos com um pouco de preguiça e vi os dois trocando beijos e carícias, ali na nossa frente mesmo. Sorri de forma discreta, me dava um certo alívio saber que eles estavam juntos novamente.

- Costa? - era a voz de Dhiego - Não tem Starbucks?
- Dhiego, agradeça por eu ter descoberto um café aberto essa hora - Lary disse, entregando um saquinho com alguma coisa dentro e o copo de café para ele.
- Qual o problema com Heathrow e seus cafés fechados? - Lucas reclamou - É um aeroporto, eles deviam ficar abertos o tempo todo, vinte e quatro horas...
- Lucas, quer parar de reclamar? - Matheus falou - Achou o café, achou comida, ótimo! Cadê minha parte?
- Também vai ficar sem comida, por ser tão ranzinza essa hora da manhã! - Lucas riu.
- Considerando meus padrões, ISSO ainda não é MANHÃ!
- Alguém me passa a comidaaaaa! - Gustavo reclamou.

Sentamo-nos no chão mesmo da sala VIP - embora as pessoas lá tivessem insistido para que sentássemos nas mesinhas - e abrimos os sacos da cafeteria COSTA, sentindo aquele cheirinho de comida quente; tenho certeza que tinha alguma coisa com peito de peru ali dentro. Mands pegou o café das mãos de Lary e me olhou meio desconfiada. Embora as duas estivessem se "comunicando" agora, sempre existiria essa tensão entre elas e, honestamente falando, já estou até acostumada com isso.

- Acho que ela cuspiu no meu café. - Mands fez careta - Sério, ela cuspiu no meu café.
- Lucas beija a Lary todo dia e não fica doente - respondi dando uma mordida no meu lanche de, adivinha? PEITO DE PERU - Ai como eu amo peito de peru - falei de boca cheia, me deliciando com aquele gosto.
- Eu queria que, só por um dia, você me defendesse - Mands abriu a tampinha do café, analisando se tinha alguma coisa estranha flutuando - Não é porque ela pediu desculpas que de repente tudo pode voltar ao normal.
- Amiga... - segurei sua mão, sorrindo - Eu amo você, você é minha melhor amiga e eu sempre vou te defender, mas temos que dar um crédito ao Matheus e especialmente à Lary, porque ambos já pediram desculpas, e honestamente, não vejo mais nenhuma faísca de "traição" entre os dois.
- Se fosse o Gustavo que tivesse te traído, tenho certeza que você ia ficar com os dois pés atrás.
- Mas não foi o Gustavo - pisquei e ela fez careta - Vamos lá, os meninos vão passar um tempão fora, curte seu namorado. E, outra, daqui a pouco é natal, entra no clima natalino.
- Já estamos em dezembro, né?
- Sim, e eu sei também que o natal está chegando porque Tom Fletcher gosta de fazer contagem regressiva - eu ri com a infantilidade fofa do meu ídolo.
- Acertei nos pedidos? - Lary sentou-se ao meu lado, com um carinha de sono tão óbvia quanto a nossa - Lucas conhece vocês muito bem, mas eu fico com uma dúvida, sabe?
- Peito de peru - fiz "joinha" com a mão - Melhor coisa que você podia ter pedido.
- Ai, que bom - ela sorriu - E você, Mands? Tudo certo?
- Sim, obrigada - ela travou a mandíbula, pelo menos ela respondeu de forma educada.
- Lary, você vai viajar com os meninos?
- Não, Gi. Na verdade vou precisar ficar e arrumar as datas da tour deles pela Europa, divulgação do CD, essas coisas.
- Algum plano pra levar os meninos pro Brasil?
- Acredite - ela riu - É o que eles mais pedem - Lary sorriu - E você será nossa guia.
- Pelo menos em São Paulo eu posso dar uma ajudinha.
- São Paulo?
- Uma das principais cidades - dei de ombros - Mas, então... Tour pela Europa?
- Gi? - Miguel e Lucas interromperam nossa conversa - Podemos falar com você, rapidão?
- Eita - Mands arregalou os olhos - Posso ir junto?
- Nhé, não - Miguel riu - É uma coisa tipo, nossa, sabe?
- Uma coisa de vocês? Com minha amiga? E eu não posso saber?
- Oi "Senhora controladora obsessiva", sua amiga vai voltar inteira pra você, fica tranquila - Lucas jogou as mãos pra cima, querendo se livrar de qualquer culpa.
- Gustavo sabe que você está pegando a namorada dele e a levando pra algum lugar pra ter uma conversa particular?
- Sim, Colaneri, ele sabe - Miguel bufou - Sabe, depois que o Matheus fez o que te fez, você anda tão mal humorada.
- Eu tenho minhas razões, não é?
- Eu tô de boa - foi a vez de Lucas dar de ombros. Alguma coisa tinha picado Amanda nessa madrugada, porque ela estava impossível.
- Só estou meio cansada das pessoas esconderem coisas de mim e eu ser a última a saber - ela lançou um breve olhar pra mim. Mas, hein? - Vou achar o Matheus.
- Ok - ela simplesmente se levantou e passou pelos meninos, nem olhando direito na nossa cara.
- TPM? - Lucas riu.
- Não, outra coisa - suspirei - Lary, nos dá licença, por favor?
- Claro - ela sorriu - Vou ver se está tudo certo com a viagem.

Não fui muito longe com os meninos, na verdade fomos perto do banheiro masculino, o que não me deixava nada à vontade com a situação. Mas, como nós éramos as únicas pessoas ali - pelo menos eu não ouvia ninguém falando ou andando - resolvi ficar um pouco mais tranquila, apesar do cheiro irritante de xixi que vinha do banheiro. Por que meninos são tão fedidos?

- Gi - Lucas suspirou e colocou as mãos nos bolsos - Nós precisamos te contar uma coisa.
- Que coisa? - estava ficando assustada com esse drama e suspense todo - Pelo amor de Deus, meninos, aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu - Miguel me respondeu - E acho que você deve ser a primeira a saber.
- O que, caceta?
- Amanda sabe da carta - Miguel disse.

Nessa hora eu não sei direito o que aconteceu comigo, porque eu não conseguia mais focar em nenhum deles, não sentia mais meus pés e nem meu corpo. Me senti caindo pra trás e cada parte de mim parecia estar adormecida... Nem senti Miguel e Lucas tentando me segurar, mas já era meio tarde demais. Eu caí dentro daqueles baldes amarelos que os faxineiros usam para carregar produtos, vassouras, rodos e essas coisas. Só me dei conta que estava lá quando aos poucos senti minha calça jeans ficar molhada e minhas costas geladas, e eu comecei a chorar. Lucas e Miguel arregalaram os olhos assustados e pararam por um tempo me encarando, não mostrando nenhuma intenção em me ajudar. Assim que eu me dei conta de onde estava, não conseguia levantar e desisti mentalmente porque comecei a chorar, só de pensar na reação de Mands quando soube da carta, a raiva que ela deve ter sentido de mim, e na verdade isso explicaria todo esse mal humor. É como se fosse uma sensação de traição, e eu não sei quem traiu primeiro: se fui eu por esconder isso dela ou um dos meninos - que provavelmente foi o Matheus - por contar pra ela, mesmo depois de eu ter implorado por segredo. Fiquei ainda ali dentro daquele balde por não sei quanto tempo, até senti Miguel me puxar pelos ombros e Lucas pelas minhas pernas, me ajudando a levantar e ficar em pé, já que minhas pernas pareciam gelatinas e eu sentia um pouco de frio.

- Porra, não viu essa merda de balde lá atrás, Miguel?
- E você realmente achou que eu fosse imaginar que ela ia tombar desse jeito?
- É a Giovanna! Ela sempre tomba.
- Parem... De... Falar... - balbuciei de qualquer jeito, soltando meus braços que eles ainda seguravam - Como... Como... Amanda?
- Era brincadeira, Gi - Lucas soltou e mordeu os lábios.

Era, o QUÊ?

- QUE PORRA VOCÊS TÊM NA CABEÇA, CARALHO?
- Eu disse que ela ia ficar pirada - Miguel suspirou e, não pensei duas vezes antes de dar um chute ali mesmo onde os meninos mais sentem dor.
- Caralho, vocês dois tem noção do que fizeram comigo? De como eu estou?
- E de como ELE está, você tem noção? - Miguel rangia os dentes, curvado e com as mãos em cima das calças. Lucas estava a uns passos longe de nós dois.
- Espero que gangrene essa merda - dei uma olhada em mim mesma; estava encharcada e, pra ajudar, estava fedendo a cloro - Pra que essa brincadeira idiota?
- Não era brincadeira, nós de verdade achávamos que você não fosse ter essa reação, afinal está bem na cara que a Mands tá sabendo de alguma coisa - Lucas coçou a nuca.
- Ela sabe ou não, porra?
- NÃO SEI - Miguel gritou - Eu acho que não, eu não contei nada. Lucas?
- Claro que eu não contei, tá doido?
- Escutem - balancei a cabeça - O que vocês querem afinal?
- A gente queria falar pra você contar pro Gustavo logo, porque vimos umas coisas meio suspeitas e achamos que ele está suspeitando de algo - Miguel repondeu, aos poucos voltando a se reerguer.
- Coisas suspeitas? Como assim?
- Ele andou vendo passagens aéreas e... - Lucas tirou um papel de dentro do bolso da calça - A Lary me entregou isso uns três dias atrás.

Peguei o papel e ali tinha dois nomes de companhias aéreas que faziam voos diretos para o Brasil. Uma era a TAM e a outra a British Airlines; ambas estavam com detalhes de horários, preços e essas coisas. Detalhe que as datas eram para o fim do ano, mais precisamente após o natal, dia 26 dezembro. Havia algumas anotações na letra do Gustavo ali, e ele parecia estar nervoso ou com pressa quando escreveu, porque eu não consegui entender quase nada.

- Gustavo pediu pra Lary pesquisar umas passagens pra ele, ela o fez sem entender nada, mas acabou me contando depois achando que eu soubesse de alguma coisa.
- Você contou alguma coisa pra Lary, Lucas?
- Não, de jeito nenhum, você me pediu segredo e assim vou continuar. Mas tá meio na cara que o Torres tá sondando você e que deve ter descoberto algo.
- Gustavo não sabe disfarçar, se ele soubesse de algo ele teria deixado escapar de algum jeito - dobrei o papel e entreguei de volta pra Lucas - De qualquer forma, obrigada.
- E o que você vai fazer agora?
- Não sei, Miguel - cocei a cabeça e suspirei - Não posso dar a notícia pra ele minutos antes de vocês embarcarem pra Nova Iorque. Como você espera que ele vá se concentrar no show se eu falar 'hey, então, acho que volto pro Brasil no começo do ano. Legal, né?', tá doido?
- Ainda mais com todo o rolo que tá acontecendo, temos coisas demais pra nos preocupar.
- Rolo? - olhei desconfiada pro Lucas e vi Miguel reprovar o amigo com o olhar - Que rolo?
- É... Bem, nada a ver com você, Gi.
- Que rolo, Tunner?
- Já ouviu falar da banda The Wanted? - Miguel perguntou.
- Sim, carinhosamente os chamo de "Os Glad You Came" porque é a única música que conheço deles - dei de ombros - Qual o problema?
- Estamos meio que de briga marcada com eles em Nova Iorque - Lucas falou meio com os dentes trincados.
- Vocês o quê?
- Eles que começaram! - Miguel disse em defesa - Tem dois deles que adoram uma briga e começaram a nos provocar. Tem noção que...
- Eu de verdade não tô interessada na briga de vocês - ergui minha mão, pedindo pro Miguel ficar quieto - Vocês que são boybands, vocês que se entendam. Onde que o Gustavo entra no meio do assunto?
- Se vamos brigar, vai todo mundo, oras - Lucas disse como se fosse algo óbvio.
- Ah, que lindo! Vocês vão brigar com show marcado no Madison Square Garden - bati palmas em total desprezo - Ai, moleques...
- Hey, se seu namorado aparecer com olho roxo, é bom que você esteja ciente que ele brigou defendendo a banda.
- Sim, com certeza eu vou morrer de orgulho dele - rolei os olhos - Podemos voltar ao ponto que realmente importa? O de o Gustavo saber que eu talvez volte ou não volte pro meu país?
- Tá - Miguel suspirou e colocou as mãos nos bolsos - Olha, eu acho que se você contar pro Gustavo ele vai querer que você volte.
- Sim, eu tenho certeza - murmurei - E se eu não contar ele vai ficar muito puto comigo.
- Também tem essa - Lucas piscou - E aí?
- E aí que eu achei vocês! - Gustavo apareceu sorrindo, mas quando me viu toda encharcada, o sorriso murchou - Caraca, que te fizeram?
- Pegadinha antes da viagem - inventei a primeira coisa que apareceu em minha mente - Não te chamaram por razões óbvias, né?
- Porque eu não ia deixar fazerem isso com você - ele riu e foi até mim, mas sem antes lançar um olhar de reprovação para os amigos - Amor, você tá fedendo.
- É, eu sei - ri baixo. E mesmo com todo esse cheiro de cloro, Gustavo me abraçou - Não faz isso paixão, vão reclamar do seu cheiro o voo todo.
- Eu troco de roupa antes - ele me beijou no rosto - Cambada, precisamos fazer nosso check-in e entrar pra sala de espera.
- Já? - Miguel parecia, novamente, com preguiça - Nós vamos passar pela sala normal?
- Acho que não, a Lary tá vendo um jeito de entrarmos no avião pela pista e ficar esperando na sala VIP. Tem muita gente do lado de fora nos esperando.
- E as fãs? - perguntei.
- Foi avisado que nós não vamos poder falar com ninguém, mas elas continuam lá. Vi até umas meninas falando que estão esperando você e a Mands.
- Ótimo - dei uma olhada em mim mesma - Fantástico - e agora, olhei pra Miguel e Lucas.
- Quer uma calça emprestada, Gi? - Lucas riu - Só tem de moletom, mas acho que serve.
- Eu tô indo pro curso depois, Lucas, não vou de calça de moletom.
- Você vai com a calça de moletom do Lucas Tunner - ele piscou e nós rimos - Tem certeza?
- Pega, amor - Gustavo disse - Eu tenho uma camiseta na bagagem de mão, te empresto também. E aproveita e passa um pouco do meu perfume, porque esse cheiro de cloro tá forte demais.

Ri sem humor nenhum, se Gustavo soubesse o real motivo de eu estar toda molhada não estaria fazendo piadinhas e muito menos se importando em me emprestar roupas.

Depois de finalmente me trocar - felicidade em dizer que a calça de Lucas coube em mim e que a camiseta do Gustavo ficou um pouco larga - fomos nos despedir dos cinco e de alguns produtores que conhecíamos por causa deles. Abracei um a um e, apesar da brincadeira de mau gosto dos meninos, eu os abracei forte, sabendo que os próximos dias seriam difíceis e eu ia sentir saudade deles. Mas o mais complicado era sempre me despedir do Gustavo.

- Arrasa, meu amor - disse ainda abraçada a ele, me mantendo na ponta dos pés e dando um beijo em seu pescoço.
- Você também, gênio - ele riu, depositando um beijo em meus cabelos - Escuta amor, você vai ficar bem, certo? - Gustavo me encarou, fazendo carinho meu rosto e em meus braços - Digo, com aquele lance de comida e tal.
- Eu tô melhor, eu juro - sorri - E a Mands tá controlando minha alimentação, tem até um alarme no celular dela lembrando "que horas a Giovanna tem que comer" - nós rimos.
- E com respeito ao curso, essas coisas, tudo tranquilo?
- Gustavo? - o olhei curiosa - Você quer me dizer alguma coisa? - perguntei com um gelo no estômago, porque se ele dissesse algo eu poderia desmoronar na mesma hora.
- Não. - ele sorriu e mordeu os lábios - Só que vou sentir muita saudade - ele enrugou o nariz e engoliu a seco alguma coisa que queria falar... E senti que eu e ele podíamos chorar a qualquer momento.
- Eu amo você - respondi, dando um beijo na ponta do seu nariz e fazendo carinho em seus cabelos - Volta inteiro pra mim.
- Com certeza - ele riu - Me deixe orgulhoso, combinado?
- Combinado.

O puxei pelo pescoço, dando-lhe um beijo que tinha gosto de despedida, tristeza e segredos guardados que não tinha mais porque guardar, ele já sabia. Senti Gustavo apertar minha cintura e aprofundar mais nosso beijo, enquanto eu segurava em seu pescoço e, mesmo durante esse nosso momento, tive que me controlar pra não chorar, já que senti minha boca ficar amarga e salgada, mostrando que o choro estava chegando à garganta. Ele percebeu isso, interrompendo o beijo e me dando vários selinhos depois. Sorri sem graça e o abracei novamente; dessa vez eu não queria deixá-lo ir, dessa vez era diferente porque eu poderia nunca mais vê-lo. E se eu fosse embora antes dele voltar? E se a Miriam aparecesse em Londres dizendo que eu tinha que voltar com ela pro Brasil? E se minha MÃE aparecesse aqui e me obrigasse a voltar com ela? E se isso tudo acontecesse antes de Gustavo voltar? Essa seria nossa última vez juntos, e ele nunca iria me perdoar por ter escondido isso dele.

- TODOS A BORDO! - Dhiego gritou e nós dois começamos a rir - Vamos pombinhos, separando, separando.
- Por favor, não vai dormir com uma americana qualquer - choraminguei e Gustavo gargalhou, dando um beijo demorado em meu pescoço.
- Qual sua nacionalidade mesmo? - ele murmurou em meu ouvido, dando uma mordida de leve depois - Brasileira, certo?
- Gustavo Torres...
- Só durmo com brasileiras, meu amor.
- Ah, grande consolo - eu ri, o empurrando - Vai logo antes que a princesa Lizaro comece a gritar mais ainda.
- Te amo - ele me beijou novamente e correu ao encontro dos meninos.

Eu e Mands vimos os meninos se afastarem e nos abraçamos. Namorando por quase um ano e até agora não nos acostumávamos com eles indo embora para turnês, shows e eventos, e agora era um pouco mais difícil pra mim...

- E então, provas?
- Provas! - Mands fingiu ânimo - Vem logo, caso contrário acabo desistindo e volto pra casa pra dormir.
- Ligou pro Jeff?
- Já está lá fora nos esperando, ele nunca falha.
- Grande taxista - eu ri e caminhamos pra fora do aeroporto, tentando de algum jeito despistar as fãs que nos aguardavam.



1) No texto, a principal crítica que se faz ao Photoshop é:
a) O uso exagerado dos seus recursos provoca falsificação da realidade.
b) O fato de estar disponível na internet para qualquer indivíduo.
c) O seu emprego em fotografias digitais, comerciais, publicitárias e jornalísticas.
d) Os seus cinco mil comandos e menus produzem más fotografias.
e) O seu emprego descontrolado provoca problemas visuais nas pessoas.


Olhei pra Mands, Sam e Lucas e eles pareciam tão perdidos quanto eu. Na verdade eu sabia a resposta, mas estava tão cansada que não queria responder e esse meu cansaço me dava dúvidas, e dúvidas me deixam estressada. Tinha mais quarenta minutos de prova e três questões múltipla-escolha pra responder; não estava nem um pouco empolgada para pensar em como iria solucioná-las. Passei as folhas de prova e resolvi conferir as minhas questões abertas, só pra ter certeza que não tinha escrito nenhuma besteira, apesar da minha mente estar vagando pra bem longe dali, brincando entre Nova Iorque e Brasil.

3) O que é megapixel?
Megapixel na verdade é apenas um número ligado a qualidade da imagem digital, um CCD com 3 megapixel é um CCD onde o produto de seus pixels na horizontal pelos pixels na vertical é da ordem de 3 milhões de pixels. Uma câmera digital que tem 3000 pixels na horizontal e 2000 pixels na vertical tem 6 000 000 pixels, ou seja, 6 megapixel (prefixo mega é igual a milhão). Em termos práticos, uma imagem de 3 megapixels gera uma excelente impressão em papel fotográfico, processo químico, no tamanho 10 x 15 cm.

4) Cálculo de Resoluções e tamanhos:
Ex: Maior lado da imagem 3888 pixels: 3888 dividido por 300 pixels (alta resolução) = 12.96 polegadas . 2,5 cm (tamanho da polegada) = 32,4 cm Consulte o manual de sua câmera, veja os tamanhos de imagem em pixels e monte sua própria tabela.

5) Qual é a relação entre a qualidade da imagem e o número de pixels?
A qualidade da imagem é diretamente proporcional ao número de pixels que forma a imagem. Maiores sensores de imagem produzem maior número de pixels que por sua vez irão gerar imagens digitais de melhor qualidade.
Full Frame Reflex Digital, fator de corte de imagem 1.1 x - tamanho 24 x 36 mm
1.3x Fator de corte, tamanho 28.7 mm x 15 mm
1.5x Fator de corte tamanho 18 x 24 mm
1.6x Fator de corre, Tamanho 22.5 x 15 mm
Quanto maior a área do sensor, melhor a qualidade da imagem.


6) O que é um CCD?
CCD significa charge-coupled device, ou seja, dispositivo de carga acoplada. É um sistema eletrônico formado por fotodiodos onde a luz incidente produz diferenças de potencial que são proporcionais a quantidade de luz incidente. Assim, quanto mais luz atingirem os fotodiodos que formam o CCD maior é a voltagem: esta é interpretada pelo sistema eletrônico da câmera e associa esses valores aos tons presentes na cena fotografada.

7) O que é um CMOS?
CMOS significa Complementary metal-oxide semicondutor, é produzido com tecnologia mais simples que os CCD e, portanto mais econômicos. Atualmente a qualidade dos detectores CCD são superiores aos CMOS.
Há diversos tamanhos de sensor e o formato padrão é baseado no filme 35 mm cuja área é 36×24 mm. Câmeras com sensor desse tamanho são conhecidas como "Full Frame" (quadro inteiro). Além dos sensores Full Frame temos os sensores menores, chamados de APSC que possui cerca de 50% da área de um sensor full frame (crop factor ou fator corte) que correspondem ao sensor imagens de tamanho 18x24mm.


8) O que é resolução de uma câmera digital?
A resolução de uma câmera digital é basicamente o produto do número de pixels na horizontal pelo número de pixels na vertical, quanto maior esse número, melhor é a qualidade da imagem. Agora cuidado, pois os valores em megapixel podem ser reais ou interpolados. A regra é 72 dpi, resolução de imagem para mídia eletrônica, como e-mail, publicação de imagens na internet e 300 dpi para impressão em gráfica ou laboratório fotográfico. Caso pretenda fazer banners ou imprimir cartazes, pergunte antes qual a resolução recomendada.

Reli uma, duas, três vezes, e quando vi que estava tudo certo e que eu estava a cinco minutos de entregar a prova, resolvi chutar as questões que ainda estavam em branco e entreguei-a terminada para Olivia. Mands, Lucas e Sam terminaram junto comigo, e nós todos estávamos com aquela sensação de alívio. Primeira prova da semana: DONE!
- E agora, que faremos?
- Vamos pra casa terminar de estudar? Ainda temos quatro dias e seis provas pela frente, pessoal - respondi, dando uma espreguiçada no banco em frente ao nosso apartamento - E, tecnicamente, eu não sei o que vai cair na última prova.
- Ela vai ser prática, Gi - Sam sorriu - Não viu o edital?
- Vi no dia que saiu, esqueci completamente.
- Quem vai aplicar é o Leishman - Lucas riu - Seu fotógrafo favorito, e você nem tá ligada no que tá acontecendo.
- Leishman vai aplicar nossa prova final prática? - senti minha barriga formigar - Tá brincando.
- De jeito nenhum, é o próprio - Sam sorriu - O que será que a aluna favorita que já teve fotos divulgadas na Super City ou sei lá o que do McFly vai tirar nessa prova? Hmm, que difícil.
- Cala a boca - eu ri - Será que vai demorar muito pros meninos chegarem a Nova Iorque?
- Mas já tá com saudades?
- Óbvio - sorri - Daqui a pouco vamos começar os preparativos pro natal e essas coisas e o Gustavo não vai estar aqui.
- Nem o Matheus - Mands fez bico - Queria planejar algo especial pro nosso primeiro natal juntos, mas com ele fora e chegando quase em cima do natal, vai ficar complicado.
- Vai se vestir de mamãe noel, Mands? - Sam provocou, abraçando a Mands pela cintura e dando um beijo e seu pescoço, nós todos rimos.
- Que mamãe o que! Quero algo mais sexy, uma elfa, sei lá.
- Elfa?
- Duende feminina - Lucas disse, quando viu a cara estranha de Sam.
- Não é exatamente uma duende feminina... - eu ia começar a dizer.
- Vai quer mesmo explicar pro Sam o que é um elfo?
- Qual o problema de explicar algo pra mim?
- Você nunca entende.
- Eu sempre entendo, vocês que não têm paciência pra me explicar nada.
- Parem de destruir o clima do nataaaaaaal - Mands gemeu.

Eu sorri vendo aqueles três brincando e brigando, como sempre fazíamos quando estávamos sozinhos. Fechei meus olhos no banco só ouvindo as gargalhadas de Mands e as vozes afetadas de Sam e Lucas, enquanto a irritavam. Tentei aquecer meu coração aproveitando a situação, mas por dentro eu sabia que eu estava ficando cada vez mais longe dali, eu podia sentir.

Algo ia acontecer nesse natal, e eu não estava com um bom pressentimento.


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