· 6 · Longa História

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– WEASLEY!!

Emily apareceu marchando furiosamente na direção dos três. Um dos punhos fechados junto ao corpo, a face rubra e os olhos sedentos por violência. A varinha apontada para os gêmeos com frieza, numa espécie de força súbita e intensa.

– E lá vamos nós... – Fred disse baixinho.

– O que foi que você fez, cara? – George perguntou.

– Nem me lembro. – Fred mentiu.

Sabia perfeitamente o que tinha feito.

– E então? De qual dos dois eu devo fazer picadinho? – Emily intercalou a varinha do rosto de um para o outro.

– Eu te responderia se soubesse pelo quê, exatamente, um de nós merece virar picadinho dessa vez. – George manteve as mãos erguidas em sinal de rendição, sem abandonar o cinismo.

– A lista costuma ser bem longa, sabe? Temos uma certa reputação. – Fred deu de ombros. – Nunca entendi. Somos tão inofensivos.

– O que houve? – Lee tentou fazê-la se afastar, atraindo sua atenção.

– Um dos dois idiotas aqui me deu um maldito caramelo incha-língua. Por um momento, achei que tivesse envenenado minha melhor amiga!

– Ah, então voltaram a ser amigas? Nesse caso, deveria estar grata pelo que quer que tenhamos feito.

– Não sei, George. Algo me diz que isso não é bem um agradecimento. Estou na dúvida entre a varinha apontada na nossa direção, a entonação da voz e as ameaças. – Fred disse zombeteiro e desviou a ponta da varinha para o lado com o indicador.

– Weasley, eu juro! Mais uma gracinha...

– Olha, se acalme e conversaremos melhor. – Lee tentou desesperadamente apaziguar a situação.

– Exato! Paciência é uma das dádivas da Lufa-Lufa. – Fred, pra quem ela agora olhava com uma fúria mortal, disse com seu sorriso travesso.

– E vocês tem mesmo muita coragem... Imagino que seja pra compensar a estupidez, já que essa sim é requisito pra ser um gêmeo Weasley. – ela sorriu com prazeroso sarcasmo. – Eu avisei.

Emily ergueu a varinha um pouco mais, se preparando para lançar uma azaração. Porém, antes mesmo que pudesse pensar em qualquer uma delas, uma voz soou rigidamente à suas costas, juntamente com passos apressados em sua direção.

– Srta. Carpenter! – a professora Minerva McGonagall chegara a tempo de presenciar parte da cena. – Não acredito que serei obrigada à dizer isso uma segunda vez, em um intervalo de tempo tão curto, para uma aluna que normalmente é tão exemplar. – ela parou entre eles, muito desapontada. – Detenção!

– Mas...

– E menos cinco pontos para a Lufa-Lufa por tentar azarar outro aluno. – os gêmeos começaram a vibrar satisfeitos.

– E vocês também. Detenção para os quatro! Nem quero imaginar o que fizeram para a pobre coitada chegar à esse ponto. – ela ergueu as barras do vestido e olhou-os de cima a baixo, antes de rodar nos calcanhares e sair murmurando. – Pelas barbas de Merlin! Se me aparecer mais um Weasley nessa vida, eu juro...

– Espero que estejam felizes! – Emily guardou a varinha e cruzou os braços na frente do corpo.

– Radiante! Minha semana não começa enquanto eu não perder horas limpando o castelo com Filch. – Fred copiou seu gesto.

– Pois já deveria estar acostumado. Ia acabar sendo pego por alguma de suas idiotices de qualquer jeito, não precisava ser justo pela única na qual estou envolvida! – ela reclamou, cerrando os olhos.

– Se ouvi bem o que McGonagall disse, você não é assim tão diferente, huh? Que idiotice aprontou da última vez? – ele instigou. George e Lee assistiam a discussão com interesse.

– Não é da sua conta! – ela saiu recitando todos os xingamentos possíveis dos quais conseguiu se lembrar.

– Gostei dela. Onde foi que arrumou essa garota, Lee? – George perguntou, quando ela não estava mais presente.

– Não é óbvio? No St. Mungus. – Fred disse. – É uma doida!

– É a garota dos pássaros. – Jordan informou. – Você sabe... A que Fred disse que adoraria conhecer.

– Ela?! – o garoto abriu bem os olhos e depois balançou a cabeça em negação. – Ela?! Não. Sem chance.

Quando Emily retornou à enfermaria para se encontrar com Anabel, a jovem já havia sido liberada por Madame Pomfrey.

Horas se passaram e ainda assim, não havia o menor sinal de Anabel em qualquer parte do castelo em que Emily procurasse. Nem mesmo nas aulas tinha decidido aparecer. Anabel definitivamente estava empenhada em evitá-la pelo resto do dia, o que lhe parecia muito justo, já que oferecera para a amiga um doce enfeitiçado no meio de uma tentativa de reconciliação.

– Diggory! – ela acenou para o garoto, que encerrou sua conversa com Ernesto MacMillan ao vê-la. – Por acaso tem notícias da Anabel? Tentei falar com ela o dia inteiro.

– Não. Deve estar no dormitório. – seu rosto adotou uma expressão mais séria. – Especialmente depois do que fez com ela.

– Você soube? É uma longa história, mas posso garantir que foi um mal entendido.

– Foi o que imaginei. – ele relaxou. Cedrico sabia que ela não agiria dessa forma, mas preferia ouvi-la dizer com todas as palavras, para afastar qualquer sinal de dúvida. – Já está sabendo? Ernesto acabou de vir me contar que as delegações estrangeiras vão chegar na sexta que vem. Finalmente o Torneio vai começar!

Com os últimos acontecimentos, já tinha praticamente se esquecido do Torneio Tribruxo. Embora desejasse participar, Emily não possuía a idade necessária. Muito menos acreditava corresponder aos níveis de autoconfiança e habilidade mágica que um evento como aquele requisitava. Só tinha a certeza de que Cedrico seria sua grande aposta.

– Srta. Carpenter – McGonagall apareceu ao seu lado. – Gostaria de lembrá-la que Argo Filch vai aguardá-los na entrada do Salão Principal. Irão cumprir com suas detenções após o horário do jantar. – Minerva virou-se. Estava prestes a sair, quando repentinamente ocorreu-lhe que faltava mencionar um detalhe. – E devo acrescentar, que as tarefas deverão ser executadas sem a utilização de magia.

– Detenção de novo? – Cedrico questionou.

– Eu te disse... – ela suspirou – Longa história.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyWhere stories live. Discover now