· 46 · A Canção de Despedida

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Emily congelou.

Já sabia que os gêmeos tinham planos de abandonar a escola, mas presenciar os primeiros passos para que isso se concretizasse era completamente diferente. A realidade com a qual lidaria dali em diante era assustadora.

Não o veria mais na mesa da Grifinória durante nenhuma das refeições. As aulas de Herbologia se tornariam monótonas sem ninguém pra incomodá-la a cada cinco minutos rabiscando seu pergaminho, lançando-lhe bilhetes e distraindo-a com assuntos aleatórios no meio de explicações. Não poderia correr até ele pra ouvir uma piada boba em um dia ruim e sequer teria dias bons.

Tudo isso porque Fred estava prestes a deixá-la.

– Então, vocês irão realmente fazer isso. – ela tentou manter-se apática. – Têm certeza? Quero dizer, é uma grande decisão.

– Já decidimos. – ele assegurou. – George e eu conversamos sobre isso. Não tenho mais nenhuma razão pra continuar aqui.

– Nesse caso, acho que não há muito a dizer além de desejar-lhes boa sorte. – a linha de seu maxilar travada, como se tentasse fazer uma força descomunal para guardar as verdadeiras emoções dentro de si.

"Fique aqui, comigo. Me deixe ser uma razão..." Emily quis implorar, porém engoliu as palavras antes que saltassem de seus lábios sem permissão. Ele parecera irredutível em Hogsmead e agora não seria tão diferente.

– Obrigada. – Fred disse, no ápice de seu orgulho. – Vai ser melhor assim.

Ela assentiu, balançando a cabeça. Por mais doloroso que fosse aceitar, Fred tinha toda a razão.

A jovem apanhou a varinha caída no chão e guardou-a, sentindo o peso do mundo recair sobre seus ombros. Se era a coisa certa, por que parecia tão errado? Se era a melhor decisão, por que precisava ser tão difícil?

Emily caminhou na direção oposta, torcendo para não ceder ao impulso de olhá-lo nos olhos novamente, ou acabaria se arrependendo de sua escolha. Seus pés praticamente se arrastavam até à saída, tamanho o desejo de permanecer ali com Fred.

Em um ato súbito de coragem (e clara estupidez) ela recuou, deu meia volta e correu até ele, que também tentava disfarçar os olhos castanhos marejados. Fred avançou em seu encontro, puxando-a para um beijo apaixonado e intenso, numa despedida cheia da dor mais poética do mundo:

O amor.

Emily afastou-se, com o sabor salgado das lágrimas começando a molhar seu rosto.

– Por quê? – ele perguntou, levando as duas mãos ao rosto de Emily e deslizando os polegares suavemente pela pele dela, limpando as lágrimas contidas ali. – Por que está tornando as coisas mais difíceis? Não pode simplesmente aceitar que também nos quer juntos?

– É tudo o que eu mais quero, Freddie. – ela confessou, colocando uma de suas mão sobre as dele. – Mas eu não posso fazer isso.

– Isso não faz sentido, Emily! – ele gesticulou frustrado e soltou-a. – Eu não entendo!

– Eu sei...

– Se nós dois estamos aqui, agora, querendo exatamente a mesma coisa... Que razão no mundo existiria para impedir isso? – Fred mordeu o lábio inferior e suspirou. – Merda... Ao menos sabe o que fez comigo? Não faz ideia do quanto gosto de você. – ele deslizou o indicador lentamente por seu braço, provocando-lhe arrepios – Olhe nos meus olhos e diga que não sente nada por mim. Te deixarei em paz se for este o caso.

Ela vacilou por um instante, cedendo ao calor do toque dele em sua pele. Como poderia negar sentimentos tão avassaladores, com ele estando tão próximo, tão real...

The Castle On The Hill | Fred WeasleyWhere stories live. Discover now