· 44 · Privacidade, Por Gentileza

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– Não é a Nokta? – Anabel comentou, admirando a coruja sobrevoar o Salão Principal junto com as demais, para entregar o correio. A ave pousou sob a mesa e largou uma carta ali, tornando a alçar vôo antes que Emily pudesse sequer agradecer. – Desde quando sua coruja te odeia?

– Desde que tem que ficar em casa para que eu traga o gato – ela respondeu, antes de rasgar a abertura do envelope. – Ainda não recebeu nenhuma carta de Hogwarts.

– Ah, pobrezinha. Mas era de se esperar, vocês não são irmãs de verdade.

– Anabel! – Emily repreendeu-a.

– Me desculpe, me expressei mal – apressou-se em corrigir, limpando os lábios sujos de chantilly. – Quis dizer que sua ancestralidade mágica vem dos seus pais biológicos, então é natural que ela não seja uma bruxa.

– É, eu sei. Mas Sarah estava tão animada sobre isso e seria difícil despejar toda a verdade assim. Ela não sabe sobre minha adoção.

– É, eu me lembro. – Anabel concordou e finalizou a fatia de torta. – Você já se perguntou? Sobre quem eram.

– Algumas vezes. É inevitável. – ela deu de ombros. – Gosto de pensar que não tiveram outra escolha.

– É... Talvez tenha sido culpa de Você-Sabe-Quem. Seus pais podem ter lutado contra ele. – Anabel enfatizou, em apoio. – Admiro sua conformidade com o assunto. Eu já teria revirado toda a biblioteca.

– O quê? – disse sem dar-lhe atenção, percorrendo o Salão com o olhar. Fred acenou para ela e a garota retribuiu o gesto, levantando-se.

– Eles têm documentos, listas de vítimas, memoriais, anuários antigos... – Anabel levantou-se também e as duas entrelaçaram os braços. – Eu procuraria por qualquer mínima pista. Quem sabe? Talvez não seja tão difícil assim encontrar alguma coisa.

– Bom, você só esqueceu um pequeno detalhe... Não estou procurando por ninguém! – Emily sorriu amigavelmente e separou-se dela antes de correr até Fred.

Os dois se cumprimentaram mantendo uma respeitável distância, já que Umbridge vinha tornando a vida dos apaixonados um verdadeiro inferno. Eles foram juntos para a aula de Herbologia e sentaram-se lado a lado, como já vinham fazendo há algum tempo.

– O que tem nas cartas? – Fred sussurrou.

Repetia a mesma pergunta desde o minuto em que passou pela entrada da estufa. Estava empenhado em recuperar as cartas, ou ao menos, descobrir seu conteúdo.

– Chega – ela sussurrou de volta, concentrada em examinar o vaso à sua frente. – Se vai dizer aos outros...

– Eu não vou. Prometo! – ele interrompeu-a depressa e ergueu a mão  na altura do ombro. – Mas se não quiser devolver, ao menos me diga o que escreveu.

Ela desistiu, convencida por sua voz suave e olhar cheio de expectativa. Há pelo menos uma semana, Fred vinha insistindo no assunto sem parar.

A jovem abaixou-se, agarrou a alça da mochila e puxou um dos livros de lá de dentro. Folheou-o lentamente, divertido-se ao torturar o garoto com a espera.

– Uma delas te enviei no verão. A outra, no Natal. Se quer tanto saber o que escrevi, leia. Aí está.

– Me escreveu no Natal? – ele analisou os envelopes e deixou escapar um sorrisinho bobo, que fez questão de desmanchar assim que se deu conta. – Você realmente sente minha falta quando não estou por perto, não é, Carpenter? – Fred brincou e ela tentou puxar os envelopes de volta. Ele tomou a mão dela na sua e entrelaçou-as por baixo da enorme mesa – Brincadeira, gatinha, estou brincando!

The Castle On The Hill | Fred WeasleyWhere stories live. Discover now