· Bônus ·

126 16 47
                                    

O Favor de Hermione Granger

(Trecho descartado)

Fred largou-se na poltrona mais próxima e permaneceu em silêncio, o que Hermione considerou suspeitosamente incomum partindo dele. A garota decidiu simplesmente ignorar a presença do ruivo e continuou a trabalhar no gorro que estava tricotando para algum pobre elfo desavisado.

Insatisfeito com a reação da mais nova, Fred começou a cantarolar baixinho numa tentativa de deixá-la irritada. Depois, quando seus esforços não surtiram efeito, ele apanhou uma das almofadas e começou a jogá-la no ar, aparando-a antes de cair.

– Diga de uma vez o que quer, Fred. – Hermione largou as agulhas de tricô e encarou-o sem paciência.

Ah, me desculpe... Estou atrapalhando? Nem notei. – colocou com um sorrisinho cínico nos lábios e deixou a almofada de lado. – Pode continuar o que estava fazendo. Posso esperar até que termine os detalhes do seu gesto rebelde e revolucionário pela causa élfica. – ele debochou.

– Eu já acabei. – disse entredentes e mostrou o gorro. Fred apertou os olhos e fez uma careta de quem claramente discordava.

– Tem certeza? Eu acho que é melhor...

– Eu já acabei. – ela repetiu pausadamente, num tom semelhante ao de uma ameaça.

– Certo, certo. É você quem sabe. – ele virou-se na poltrona e apanhou algo do chão. Em seguida, entregou um embrulho para ela. – Preciso de um favor. Consegue fazer um desses?

– O que tem de errado com seu suéter? – ela perguntou, retirando a blusa do embrulho e analisando-a.

– Nada. É só um presente para alguém. Se não souber como fazer um novo, basta só... Mudar um pouco a letra. Acha que consegue fazer isso? – ele questionou esperançoso.

– Eu sou iniciante nisso aqui. Mal consigo fazer gorros! – ela gesticulou para as peças espalhadas por toda parte.

– Por favor, Mione... Ao menos tente, é muito importante para mim. – ele uniu as mãos na frente do rosto. – Prometo dar um tempo nos experimentos com primeiranistas.

– Desculpe-me, Fred. Estou sobrecarregada demais. Tenho certeza de que sua mãe não verá problema algum em fazer um suéter para Lee também, no próximo Natal. Porque não pede à Molly?

– Primeiro, porque não é para Lee e mamãe faz muitas perguntas. – ele assumiu, puxando a peça das mãos dela. – Segundo, porque não posso esperar até o Natal, já que o aniversário dela é em maio.

– “Dela?" Por favor me diga que estamos falando de quem estou pensando... – Hermione provocou-o e ele revirou os olhos. Ela cobriu os lábios e conteve um gritinho de animação. – E se você mesmo fizer?!

– Garota, você por acaso perdeu o juízo? – Fred arqueou as sobrancelhas. – Vou te deixar pensar um pouquinho sobre a atrocidade que acabou de sugerir.

– Eu aposto que ela iria amar, por mais horrendo que fosse o resultado. – a jovem suspirou e sacudiu o braço dele. – Anda, Fred! Faça um esforço!

– De jeito nenhum! Não vou tricotar absolutamente nada! Posso muito bem pensar em outro presente até lá. – ele saiu marchando furiosamente em direção ao dormitório, sentindo-se ofendido. Hermione deu de ombros e começou a separar a lã para iniciar o próximo gorro.

Cinco minutos se passaram e a garota tornou a ver Fred se jogar no lugar vago ao seu lado. Estava agora de cara emburrada, com o suéter no colo e os braços cruzados.

– Se contar isso à alguém, Granger... – ele passou o indicador pelo pescoço.

– Não sei do que está falando. – ela instigou.

– Não. Claro que não. – ele disse em voz baixa e olhou ao redor, desconfiado.

Fred suspirou derrotado e olhou para cima, balançando a cabeça completamente descrente do que estava prestes a fazer. Ele segurou o suéter numa das mãos e, apontando para ele com o indicador da outra, resmungou baixinho:

– Pode pelo menos me dizer por onde devo começar?

— · —
Hoje o bônus foi bem curtinho, porque ele na realidade é um descarte. Depois que escrevi acabei não gostando muito.

Além desse, tem um outro trecho descartado de um capítulo recente (quando a Emily visita o Fred antes de ir para a Travessa do Tranco) que vou deixar aqui para vocês lerem.

Eu fiquei super insegura com a reação de vocês à esse segundo trecho e acabei descartando (pensei que pareceria muito apelativo, mas no fundo eu até acho fofo, não vou mentir).

Leiam e me contem se fiz bem em descartar, ou se deveria ter mantido.

— · —

Ela puxou a varinha e apontou-a para a mão esquerda, na qual segurava uma pedra miudinha, apanhada da própria calçada.

Avifors. – sussurrou. Um brilho azulado deixou a varinha discretamente e a pedra tomou a forma de um pássaro de asas escuras e bico amarelado. Emily acariciou-o e ergueu a mão, lançando-o com cuidado no ar.

O pássaro voou até o suporte de lâmpada ao lado da janela de Fred e pousou, entoando uma canção triste. O ruivo arqueou as sombrancelhas em surpresa e olhou ao redor com desconfiança. Era de fato incomum ver um melro-preto gorjeando no meio da noite.

– Tendo uma noite difícil também? Acho que nós dois caímos do ninho. – ele riu, convencido de que era apenas uma ave inofensiva. – Aqui. Uma companhia mais familiar... – Fred retirou a varinha do bolso e desenhou no ar. – Expecto Patronum.

Uma Pega translúcida surgiu e aproximou-se do suporte onde a outra ave estava pousada. O melro-preto encerrou o canto triste e alçou vôo.

As aves rodopiaram sob a luz do luar como se estivessem dançando, enquanto os outros dois assistiam sorrindo.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora