· 64 · Crianças Amaldiçoadas

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Atria deslizou os dedos por dentro da manga esquerda do vestido e ergueu-a até a altura do cotovelo. Tocou a tatuagem no pulso, queimando a pele como brasa e deixou escapar uma exclamação frustrada, cobrindo o braço novamente.

Estava sentada em um dos degraus da escadaria de entrada da mansão Malfoy. Snape conseguira trazer Draco em segurança e Emily, por sua vez, fugira por uma das passagens secretas do castelo. Devia todo o conhecimento acerca de esconderijos, passagens e atalhos à Fred, já que com as infinitas restrições de Umbridge, o casal precisava encontrar formas eficazes de aproveitar o tempo que tinham juntos, sem receber punições por isso.

Tendo seu malévolo desejo atendido por um plano bem sucedido do jovem Malfoy, O Lorde das Trevas havia convocado seu fiéis seguidores para celebrar a fatídica morte de Dumbledore. Atria e Draco porém, foram impedidos de adentrar o Salão até que este decidisse dar início à discussão de assuntos pendentes.

Atria uniu os calcanhares, desceu as mãos pelo saiote e debruçou-se sobre o colo para alcançar a areia com o indicador. Draco afastou-se da coluna de mármore na qual estava apoiado e jogou os cabelos para trás, aproveitando para arrumar a gravata e conferir também o colarinho.

– Certo. Sem nervosismo. – ele murmurou. Ouvindo aquilo, Atria virou a cabeça na direção dele.

– Não estou nervosa. – informou pacientemente.

– E eu não estava falando com você. – Draco fez uma careta insolente e a jovem correspondeu, igualmente rabugenta.

Um familiar gato preto surgiu da trilha de arbustos e transformou-se em um moreno alto, de olhos verdes. Atlas cumprimentou-os e colocou o peso do corpo contra o corrimão de pedra da escadaria, fazendo malabarismo com a varinha entre os dedos. Embora não quisesse transparecer, estava tão nervoso quanto o loiro.

– Como consegue desenhar runas num momento como este? Não está apavorada? – Draco questionou, inconformado com a tranquilidade da prima. Os sapatos dele marcavam o piso da varanda de um lado para o outro, graças à tamanha inquietação do garoto.

– Você voltou inteiro, então acredito que não fiz nenhuma bobagem.

– Tem certeza? – ele insistiu.

– Acha que eu deveria estar com medo de alguma coisa, Draco?

– Bem, Fenrir deve estar lá dentro contando à todos como você tentou matá-lo hoje mais cedo – o loiro enfiou as mãos no bolso da calça. – E ainda que ele não seja tão importante, essa situação pode gerar desconforto e receio quanto ao seu comprometimento com os demais.

– Concordo com o que fez e acho que foi merecidamente bem executado, mas não posso negar que Draco tem razão. – Atlas disse assim que Atria olhou-o em busca de apoio. – Espero que tenha um plano em mente.

– Aquele babaca nem sequer está dizendo a verdade. – ela passou a sola do coturno sobre os traços, apagando-os.

– Eu estava lá quando você o amaldiçoou, Atria. Vi tudo, esqueceu?

– Não, não estava me referindo à parte sobre atacá-lo, isso eu realmente fiz. – deu de ombros e levantou-se, batendo uma mão na outra para limpar os resquícios de areia. – O fato é que não me limitaria apenas à tentativa, se quisesse mesmo matá-lo.

– E você não quis, Atria? – Atlas perguntou sorrindo, achando muita graça na expressão descrente do Malfoy.

– Ele está respirando o suficiente para mentir, não está?

A porta foi abruptamente aberta por Tiny que, encolhendo-se mais do que nunca, pediu para que os três entrassem. Enquanto aguardavam, um grupo de Comensais deixou o salão de jantar e passou por eles com sorrisos vitoriosos estampados nos rostos. Tiny indicou a saída para os convidados e depois correu para o outro cômodo, deixando-o numa fração de segundos com a respiração descompassada.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyWhere stories live. Discover now