· 51 · Bode Expiatório

220 25 138
                                    

Emily estava sentada em uma das peças de concreto caídas perto de uma velha torre, meditando sobre os acontecimentos dos últimos dias. Ela e Atlas permaneceram naquele lugar desde que deixaram a Mansão Malfoy, para esconder-se do restante do mundo.

O sol da manhã refletia em seu rosto, acariciando-o.

– Está me ignorando há dias... O gato comeu sua língua? – Atlas apoiou-se na parede, esperando que ela dissesse alguma coisa em resposta à gracinha. Emily abriu os olhos e virou-se apenas o suficiente para que ele visse de relance sua cara emburrada. Ele riu e ela voltou ao que estava fazendo.

– Qual é, diga alguma coisa! – Atlas agachou-se ao lado dela. – Estou entediado.

– Que lugar é esse? – ela cedeu e questionou apática.

– Um lugar seguro. Não gosta daqui? – perguntou, avaliando o humor da garota a fim de tentar uma nova aproximação.

– É tranquilo – Emily deu de ombros. – Estou satisfeita por não estarmos na Mansão. Não tenho boas memórias daquele lugar.

– Podemos conversar sobre isso, se quiser. – o rapaz entendeu como um momento de trégua e sentou-se.

– É claro, Atlas. Vamos fazer isso! – disse exagerando uma empolgação e apoiou os braços atrás do corpo, virando o rosto para ele. – Por onde devo começar? Desde a parte em que meus pais decidiram dedicar nossas vidas aos planos do Lorde das Trevas ou podemos, por favor, pular toda essa história e simplesmente não falar sobre esse assunto?

– Pode usar seu sarcasmo contra mim se isso te ajuda a encarar a verdade, Atria.

– Meu nome não é esse.

Ah, é... Ou pelo menos foi. Belo nome, não acha? Atria Lestrange.

– Eu te disse para não me chamar assim! – ela esbravejou, levantando-se do chão.

– É o seu nome! – Atlas copiou o movimento, mas de maneira bem menos revolta. – Uma Lestrange. Uma descendente da nobre Casa dos Black! – ele cantarolou irônico.

– E acha que eu não sei? – a jovem reclamou, transparecendo a mágoa guardada em seu peito. – Tenho sido atormentada por esse fardo desde o dia em que soube de toda a verdade. – apoiou as mãos na cintura, olhou para cima e depois para ele. – Muito obrigada por isso, aliás.

– Não é a mim que você deveria estar culpando. Caso não tenha notado, pelo menos eu, estou tentando nos manter vivos. – o jovem apertou os punhos, travando uma batalha contra si mesmo. – Já disse à você que não temos outra escolha. É melhor ir se acostumando com isso.

Ele deixou o lugar. Emily caminhou novamente até a peça de concreto e sentou-se, encolhida e abraçando os joelhos, com a cabeça apoiada sobre estes.

Ela chorou.

(...)

A garotinha corria por um dos longos corredores da mansão. Seu coração acelerado quase saltava do peito, enquanto procurava por um lugar seguro para se esconder. Ao longe, uma voz feminina entoava de maneira sombria uma melodia infantil, com o som de saltos chocando-se contra o velho assoalho.

Atria já estava quase chegando à porta do cômodo mais próximo quando tropeçou no tapete e caiu. Seus pequenos pés não alcançavam velocidade suficiente para fugir da ameaça que suntuosamente aproximava-se. O vestido também não era de grande ajuda.

Ela rastejou até o enorme móvel de mogno e colocou-se ao lado deste, encolhendo-se e chorando baixinho. Esperou, conforme a cantoria e os passos se tornavam mais audíveis e seu medo, mais evidente. Atria tremia, abraçada ao próprio corpo como se isso pudesse protegê-la ou manter juntos os pedacinhos de si que pareciam prestes a se desintegrar.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyWhere stories live. Discover now