· 62 · Fome de Vingança, Sede de Poder

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30 de maio de 1997
01:00 da manhã

Medo.

O único sentimento que Atlas fora capaz de distinguir dentre a bagunça de emoções corroendo-o. A situação na clareira havia deixado muito claro para ele que a garota a quem amava, ainda não poderia se defender sozinha. Atria precisava de toda a ajuda que pudesse conseguir e a única forma viável seria mostrando-se prestativo em seus deveres.

Atlas conferiu pela última vez e saiu do quarto. A jovem continuava a dormir pacificamente quando ele apanhou a capa e deixou a Torre, com um único objetivo em mente.

Era um bruxo excepcional, afinal de contas. Nada parecia impossível para Atlas e sua infinita determinação... E Voldemort sabia disso.

Por isso sentira a marca queimar em seu pulso, no início da madrugada. Por isso estava indo em direção ao seu mestre com tamanha coragem, mesmo sem ter a certeza do retorno. Por isso e por Agnes.

Para que pudesse alcançar o que vinha buscando com tanto afinco. Pela refeição gélida a ser consumida por seu corpo faminto e a sede insaciável de sua alma.

Por vingança e poder.

Deslizou os dedos pela superfície da bússola e escorregou-a para dentro do bolso interno do colete. Arrumou o colarinho e bateu à porta, esvaziando uma lufada de ar dos pulmões antes de entrar.

O Lorde das Trevas não proferiu sequer uma palavra ao vê-lo, embora tenha murmurado de forma desconexa para a cobra, que conseguiu entendê-lo perfeitamente. O animal enrolado sobre os ombros ergueu a cabeça e deslizou para a mesa vagarosamente, aguardando por novas instruções.

– Quando Severo trouxe-o até aqui, me garantiu que seu talento seria de grande utilidade. Contudo começo a considerar a possibilidade de que o mentor estivesse enganado sobre o aprendiz. – ele finalmente fez-se ser ouvido, a voz rouca ecoando por todo o salão. Um homenzinho quase careca, de nariz pontudo e olhos minúsculos assistia-os, acanhado nas sombras.

– Peço perdão, Milorde. Não é minha intenção. – Atlas curvou-se num movimento sutil e performático, quase como se este tivesse sido ensaiado, ou fosse uma prática frequente.

– Não me agrada ter que esperar por tanto tempo. – disse retirando a mão branca e esguia do apoio da cadeira e colocando-a sobre a mesa, ao lado da cobra.

– Milorde, se me permite, gostaria de informar que consegui encontrar uma alternativa para o que vinha buscando. – sua voz era calma, contrastando com o estado de espírito.

A figura sorriu de maneira imperceptível. Figura, porque a aparência de Voldemort já não mais recordava à de um humano, senão em pouquíssimos detalhes. Alto e esquelético, tinha a pele branca como um crânio, os olhos vermelhos com pupilas semelhantes às de um felino e um nariz ofídico, com fendas para as narinas. Tornara-se um monstro em todos os aspectos possíveis.

– Mostre-me. – ele ordenou. O homenzinho corpulento deixou o esconderijo e correu até Atlas, que entregou-lhe o objeto. – Traga até mim, Rabicho. – o servo apressou-se em sua direção. Voldemort tomou a bússola e analisou-a entre os longos dedos.

– Acredito que seja um Taboo, Milorde. As propriedades mágicas do encantamento se manifestam conservando características originais daquilo que é objeto de escolha do bruxo. Em Hogwarts, soube sobre a existência de um espelho que reflete o desejo mais profundo do coração daquele que se vê. Havia um mapa capaz de mostrar a localização de qualquer um nos terrenos do castelo... – Atlas disse. Rabicho olhou para o garoto com um misto de surpresa e aflição. –  Embora este talvez seja o caso de um feitiço Homunculous.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyDonde viven las historias. Descúbrelo ahora