· 56 · Dicotomia

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Atlas revelou à ela (omitindo e amenizando os detalhes violentos) o que realmente acontecera aos seus pais. A natureza da questão foi chocante para a garota, que sentiu-se profundamente culpada por julgá-lo com tamanho desprezo.

É claro que culpar um grupo inteiro de indivíduos não era exatamente a coisa mais racional a se fazer, mas esperar racionalidade de alguém como ele era simplesmente inútil. Atlas era movido por sentimentos, vivia em função deles e para eles.

O prazo dado por Bellatrix para os treinos era uma contagem regressiva, se aproximando do fim. Num piscar de olhos, dezembro começava a se despedir graças à chegada do Natal.

Emily não pôde deixar de imaginar como estariam seus amigos e sua família, comemorando a data na companhia uns dos outros e trocando presentes.

Ela suspirou, ansiosa para livrar-se do voto perpétuo. Considerava-o uma verdadeira maldição, confinando-a àquela tenebrosa realidade em que se encontrava. Se sentiria a pessoa mais feliz do mundo se Atlas ao menos deixasse-a visitar a família.

Infelizmente, isso significaria colocá-los sob a possibilidade de correr um risco desnecessário. Como não tinham notícias de Bellatrix há dias e não sabiam o que a mulher estava tramando, se estivesse mantendo algum tipo de informante secreto, provavelmente encontraria-os e na primeira oportunidade...

Não. Odiava sequer pensar sobre isso.

E havia Anabel, que há muito nem parecia ter se importado com a ausência de notícias ou cartas, quando Emily se recusou a continuar a escrevê-las. Talvez a amiga ainda se lembrasse daquela noite e preferisse manter a distância. Não poderia culpá-la, era o melhor a fazer.

– Arrume-se, vamos sair. – Atlas cantarolou alegremente do outro lado da porta.

Emily estranhou o comportamento, mas não questionou, embora estivesse tentada a fazê-lo. Não tinha a menor intenção de estragar a chance de passar um dia longe daquele inferno de paralelepípedos de concreto sobrepostos. Estava ansiosa por uma oportunidade de obter informações desde seu último contato com o mundo exterior.

– Aonde iremos dessa vez? – Emily perguntou, visivelmente animada diante da perspectiva de respirar novos ares.

– Não fique tão feliz, você não vai gostar nada quando descobrir nosso destino desta noite. – o sorriso dela desapareceu quase instantâneamente.

Antes que pudesse reclamar e exigir uma explicação apropriada, estavam de braços dados, deixando a colina para trás e se deparando com um hall de entrada grande, mal iluminado e suntuosamente decorado, com um magnífico tapete que cobria quase todo o piso.

– Sua tia Narcisa gentilmente nos convidou para um jantar esta noite e achei que seria indelicado recusar, já que com Lucius preso em Azkaban, a comemoração desse ano será muito solitária para ela e para Draco – Atlas informou como se não encontrasse problema algum no que dizia. – Além disso, ele vem tentando cumprir uma importante tarefa e achei que deveríamos demonstrar apoio.

– Não. Você enlouqueceu? De jeito nenhum. Vamos voltar. – Emily sussurrou e agarrou-o pelo braço.

– Temos uma oportunidade de ouro hoje a noite, Atria. Você não está pronta e podemos tentar ganhar tempo. – ele acrescentou. – Vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para convencê-la de que estamos avançando, entendeu?

– Espere um momento, acho que estou ouvindo... Vá conferir, Tiny. – era uma voz feminina, vinda de dentro do cômodo mais à frente. A porta foi aberta por um serzinho minúsculo e maltrapilho, de orelhas enormes e desproporcionais ao tamanho de sua cabeça.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyKde žijí příběhy. Začni objevovat