· 75 · Revelio

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Se uma única folha decidisse escolher aquele exato momento para se soltar do galho em que estava, a duração de seu percurso até o chão ainda seria mais fugaz do que a porção de tempo que os dois levaram para deixar o mundo particular em que coexistiram através de seus olhares. Esses meros segundos foram, para ambos, o equivalente à décadas.

– Do que foi que me chamou? – Emily interrompeu a insustentável tensão entre eles.

– Eu não sei. – embora tenha dito em voz alta, a justificativa de Fred soava mais como um pensamento que houvera acabado de ganhar vida própria. Ele desviou sua atenção para os próprios sapatos, sentindo-se um tolo. – Realmente não sei.

– Tudo bem, não se incomode com isso – Emily assentiu compreensiva, porém abaixou-se para apanhar a varinha. – Tenho certeza que Atlas vai nos explicar. – a jovem ergueu o braço na direção do rapaz e este foi empurrado por uma rajada de ar contra o tronco mais próximo, no qual cordas o amarram firmemente.

Atlas fechou os olhos e reprimiu um gemido. Suspirou como pôde, já que o nariz quebrado causava-lhe intenso desconforto. Já esperava tal reação dela, mas na prática, era bem mais doloroso. Reconhecia o fato de que a garota tinha justificadas razões para reagir de tal forma, mas talvez se soubesse a verdade, as coisas pudessem ser amenizadas.
Pela primeira vez depois de muito tempo, Atlas deveria ser honesto, um hábito estranho à ele.

– Por onde quer começar? – perguntou. Emily soprou o ar enfurecida e mordeu o lábio inferior com indignação, dando as costas ao rapaz.

– Fred. Deve saber de algo para reverter o Obliviate que usou. – George sugeriu e aproximou-se para conferir se a amiga estava bem, mas ela dispensou a gentileza com um aceno.

– É praticamente impossível, embora o Lorde das Trevas use a maldição Cruciatus nestes casos. Devo adiantar que as vítimas enlouquecem, morrem, ou as duas coisas. Não acho que seja uma boa opção – Atlas explicou num tom soberbo. – Principalmente porque não usei nenhum Obliviate nele.

Ah, claro! E eu venho fingindo esse tempo todo... Surpresa pessoal! – Fred zombou e revirou os olhos.

– Narcisa me pediu algo, logo após o Natal. Te contei essa parte, Emily. – ele ignorou o comentário ácido e prosseguiu.

– É, mas deixou de fora a parte em que contava exatamente que tipo de pedido foi esse. – ela cruzou os braços.

– Se há algo que pode-se dizer sobre as habilidades mágicas da sua tia, é que existe uma frieza calculada quanto à assuntos da mente. Narcisa poderia mentir para o próprio Lorde das Trevas sem ser desmascarada. Se deixasse-a resolver por conta própria a questão entre vocês, iria garantir que fosse irreversível. Me restaram poucas alternativas. – Atlas direcionou sua atenção para Fred. – Éramos amigos, Fred. Lembra-se de quando costumávamos sair para beber?

– Isso sim é algo que eu gostaria de esquecer. – o ruivo acrescentou.

– Foi em uma dessas noites que te convenci de que era alguém confiável. Nos tornamos amigos e, por isso, você me contou sobre Emily. – ele continuou e a jovem olhou para Fred. O garoto apenas deu de ombros, ignorante aos detalhes, já que desconhecia-os. – Eu poderia modificar as memórias, mas eram muitas. Não tenho o talento necessário para fazer isso com a mesma perfeição que fizeram por você, Atria.

– E o que você fez? – ela perguntou entredentes.

– Poção do esquecimento. O manipulei para desejar esquecê-la e sem que soubesse, coloquei na cerveja que estava bebendo. – Atlas revelou, engolindo em seco. – Realizei algumas alterações na fórmula original para que funcionasse como eu queria, mas achei que poderia preparar uma poção-antídoto capaz de reverter os efeitos quando chegasse a hora.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyWhere stories live. Discover now