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A Primeira Paixão de Fred Weasley


– Olá! Podemos ficar aqui um pouquinho? O restante das cabines já foram ocupadas.

O garoto parado à porta era moreno, alto e tinha o cabelo cheio de dreads. Ele apontou para os assentos ainda vazios naquela cabine e a garota, já acomodada ali dentro, acenou positivamente, encolhendo-se junto a janela e cobrindo o rosto com o livro que tinha em mãos.

Ele adentrou a cabine assoviando e escolheu o outro assento ao lado da janela. Entretanto, para a surpresa da garota, mais dois garotos ruivos se juntaram à eles, acomodando-se nos lugares restantes. Ela passou mais uma página e, usando de tal ação como pretexto, pode espiar aqueles três ali, imersos numa conversa animada.

Estavam falando de vassouras.

Sim, isso mesmo.

Parecia-lhe absurdo ver alguém de sua idade conversando de maneira tão empolgada sobre o que pareciam modelos de meros utensílios domésticos, até lembrar-se de aquelas crianças, assim como ela própria, não eram assim tão comuns.

– Com licença. – ela abandonou o livro no colo de uma vez por todas e os três garotos calaram-se. – Vocês três... Vocês são... Argh. – ela baixou a cabeça e encarou os próprios pés, constrangida. – Vocês são bruxos também, não é?

Ah, não. É que gostamos de andar em trens cheios e falar coisas esquisitas. – disse o garoto ruivo e alto, sentado ao seu lado.

– Me desculpe, é que eu ainda não me acostumei com tudo isso. Não sei por onde começar. – ela levantou a cabeça, deparando-se com os olhares ansiosos deles.

– Já entendi. – o outro ruivo, de traços idênticos aos do primeiro, afirmou assim que a garota abandonou a frase. – Você é uma nascida-trouxa. É o que quer dizer?

Emily inclinou a cabeça, confusa com a expressão. Arqueou uma das sobrancelhas e uniu as mãos na frente do corpo, apertando os polegares um sobre o outro.

– Mais cedo, quando contei aos outros que eu era adotada e meus pais não eram bruxos, eles se levantaram e me deixaram aqui sozinha, dizendo que não queriam se misturar com gente como eu... Mas não foi disso que me chamaram... – ela contemplou a porta pensativa e eles acompanharam seu olhar distante. – Sabem o que é que significa ser uma Sangue-ruim? Nunca tinham me chamado assim antes. Eu não sei, mas não pode ser nada bom.

– Esqueça isso. Gente descente chama as pessoas pelo nome.  O meu, por exemplo, é Fred Weasley. – o ruivinho que à princípio se mostrou antipático mudou completamente sua postura. Ele sorriu confiante e estendeu-lhe a mão direita.

– Roxy. – ela timidamente correspondeu e apertou a do garoto.

– Esse é o meu irmão George e aquele é o Lee Jordan. Mas não me pergunte nada sobre ele, acabamos de conhecê-lo também. – os outros dois deram sorrisinhos simpáticos e acenaram. – É nosso primeiro ano em Hogwarts.

– É... Mas já sabemos para que casa vamos ser selecionados, não é, Fred? Os Weasley's sempre acabam na Grifinória. – George disse e o irmão assentiu imediatamente. Ele colocou-se de pé, espiando o corredor lá fora. – Acho que deveríamos dar umas voltas por aí para conhecer a galera. Quer ir com a gente?

Emily gentilmente negou a oferta e voltou a folhear o livro de feitiços, conforme os três saiam da cabine. Fred deteve-se diante do batente da porta e virou-se para o lado de dentro outra vez.

– Você até que é legal. Quando a seleção começar, espero que você também acabe na Grifinória... Até mais! – Fred disse, antes de desaparecer correndo pelo corredor.

Emily não entendeu o que aquilo significava, mas corou mesmo assim.

Infelizmente, quando a seleção de fato começou e o chapéu seletor foi colocado sobre sua cabeça, Emily esqueceu-se completamente do garoto ruivo no meio da multidão, torcendo para que fossem colocados juntos na mesma casa.

Tal garoto só tornou a ocupar seus pensamentos anos mais tarde, ainda que ela, nunca realmente tenha abandonado os dele.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora