· 53 · O Gatinho Quer Passear

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Dias se passaram sem que houvesse nenhum avanço.

Emily estava péssima. Segurar a varinha era um castigo e revisitar o passado, uma tortura. Estava completamente arrependida pela sugestão e desejava nunca ter mencionado absolutamente nada sobre o patrono.

– Precisa pensar em algo melhor. – Atlas sugeriu, desembalando a figurinha do sapo de chocolate que havia comprado para a garota. Ele torceu o nariz e mostrou-a ao testrálio deitado ao seu lado, que soltou o ar pelas narinas como se pudesse rir.

– Estou tentando! – Emily vociferou, revolta e enérgica. – Essa porcaria de feitiço é que não funciona.

– Modos, boca suja. – ele atirou a caixinha vazia na cabeça dela e a garota mostrou-lhe a língua. – Concentre-se e tente outra vez.

Emily suspirou e ergueu a varinha, murmurando aquelas palavras pela milésima vez.

Nada aconteceu.

– Eu desisto! – atirou a varinha no chão, entre infindáveis reclamações. – Coisa imbecil.

– Até para amaldiçoar alguém, é preciso querer de verdade. É a mesma coisa com o patrono, sabe? Precisa achar o estímulo certo. Você só não encontrou-o ainda.

– E o que é que você acha que tenho feito, Atlas? – ela retrucou com amargura. – Estou vivendo no meio do nada há mais de um mês, aturando sua encantadora companhia e tive a minha mente invadida quatro vezes por semana nas suas lições de oclumência. Se havia uma memória feliz aqui dentro – apontou para a própria cabeça. – Se perdeu há tempos. Caso contrário, já teríamos encontrado.

– É impossível. Viveu a melhor vida que poderia com aqueles trouxas. – o jovem apanhou a varinha dela e levantou-se da grama.

– É... E o que aconteceu, huh? – ela empurrou-o com brutalidade. – Ao menos estão vivos, Atlas?

Ele olhou-a com uma expressão indecifrável. Atormentado pela própria culpa, ponderou se deveria contar-lhe sobre os trouxas e se isso faria com que ela se acalmasse e confiasse nele. A ideia não lhe agradou muito.

– Eles estão seguros, Atria. Disse à você que os protegeria e foi exatamente o que fiz. Só esperava que depositasse um pouco mais de fé em mim. – ele assumiu, com a voz embargada. Ela permaneceu em silêncio. – Reconheço não ser a melhor influência, mas tudo o que fiz até hoje, foi por uma razão. Eu nunca machucaria essas pessoas.

Atlas poderia ser muitas coisas, mas uma parte dele ainda conservava certa bondade. Por essa parte, para que crescesse e se apoderasse de todo o resto, Emily sentiu pela primeira vez que estava disposta a lutar. Havia reconhecido naquele olhar frágil e fala sincera, o mesmo garoto de sua infância.

– Eles estão realmente bem?

– Estão. Não se lembram de você e de coisa alguma sobre magia, então ninguém vai atormentá-los. Sou muito bom com feitiços de memória. – ele garantiu. – Bellatrix e Rodolphus não sabem quem são e tampouco onde estão vivendo.

– Atlas, me descul...

Shh! Ouviu isso? – Nyx colocou-se de pé, olhando fixamente para o bosque.
O rapaz puxou a varinha, seguindo na direção das árvores ali perto. Emily calou-se, na esperança de ouvir novamente o som a que ele se referia. – Alguém aparatou aqui perto, no bosque. – ele concluiu e correu até ela, empurrou-a na direção da Torre e entregou-lhe a varinha. – Vá para dentro.

– E vocês?

– Vamos atrasá-los. Se esconda lá dentro e espere. Se eu não aparecer, chame por Nyx e sumam daqui.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyWhere stories live. Discover now