· 45 · Cavalheirismo

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Uma onda de adrenalina percorreu o corpo da garota, fazendo-a arrepiar com aquele tom de voz grave, assim tão perto e distinto. Uma de suas mãos quentes, firmes e macias, acariciando a sua, gélida e trêmula.

Fred retornou para a posição anterior, a fim de olhar em seus olhos enquanto aguardava por uma resposta. Reunira toda a coragem que possuía, então o nervosismo era perfeitamente compreensível numa situação como aquela. E para piorar, o silêncio, o olhar surpreso e os lábios entreabertos da jovem não entregavam qualquer indício do que se passava na mente dela.

Depois de segundos que pareceram durar uma eternidade, ela baixou a cabeça e quebrou o contato visual entre eles. Naquele momento, Fred pressentiu o que estava por vir.

Foi a primeira vez na vida em que Fred Weasley soube a sensação de ter seu coração partido.

– Eu... Sinto muito, Fred. – a voz dela era fraca e suave, como se temesse causar ainda mais danos. – Não posso fazer isso. – Emily afastou-se e seguiu em direção à Comunal da Lufa-Lufa, sem oferecer explicação alguma.

Fred permaneceu naquele corredor, sozinho, reunindo os fragmentos de seu coração e tentando entender o que havia acabado de acontecer entre eles.

Mas Emily também estava arrasada.

Depois de deixá-lo e voltar ao dormitório, a jovem passou o resto da noite lamentando-se com lágrimas pesadas de um choro silencioso, a fim de não incomodar as demais garotas do dormitório.

Em outras circunstâncias, teria aceitado sem pensar duas vezes. Mas a gravidade da proximidade entre eles e os riscos que esta poderia ocasionar futuramente, pareciam ter pesado em sua consciência.

Quanto mais se aproximava de Fred, mais reais as chances de colocá-lo em perigo. Em seu egoísmo camuflado pela paixão, ficara cega para o que aquilo realmente significava, simplesmente porque odiava a ideia de ter que deixá-lo. A mera possibilidade vinha alimentando tal medo dia após dia e havia encontrado um limite. Emily temia que, estando com Fred, a possibilidade se transformasse numa certeza.

Anabel lhe avisara sobre as rédeas traiçoeiras do destino que poderiam guiá-la e colocá-la exatamente no caminho errado sem que percebesse.
Se ao menos tivesse escutado-a quando ainda havia tempo para se afastar sem sentir aquele peso, dor e culpa...

Emily demorou bem mais do deveria para se levantar naquela manhã. Quando enfim o fez, estava desanimada e triste. Não teve ânimo para falar com Cadwallader e brigar com Summerby quando este insistiu, pela décima vez, que o Ministro Fudge estava acamado no St. Mungus depois de um duelo de proporções avassaladoras com Dumbledore, na noite anterior.

– Estou dizendo à vocês – William afirmou seguro de sí. Os três passeavam pelo primeiro andar durante o intervalo. – Só se fala disso na escola inteira.

– E vocês por acaso tem provas, William? Viu alguma coisa acontecendo? – Erick questionou e o outro murchou, soltando um muxoxo. – Pare de insistir nessas besteiras e vamos logo para o Salão. Você vem, Emily?

– Acho que vou voltar para a cama. Passei a manhã inteira com dor de cabeça – ela informou aos dois, que se entreolharam compadecidos.

– Então descanse por hoje, nós avisaremos aos professores. Se não estiver se sentindo bem, vá ver Madame Pomfrey. – Erick recomendou e William assentiu apoiando-o. – Nos vemos mais tarde. Aposto que até lá, William já vai ter mais versões para te contar.

– Claro. – ela respondeu sem convicção alguma, com um sorriso educado. Estava mais interessada em seus próprios dilemas do que nas fofocas e aulas do dia.

The Castle On The Hill | Fred WeasleyWhere stories live. Discover now