E Agora? - rascunho

Sem Graça

- Limonada? - ela fala sob meu dedo.

- Isso - respondo abaixando minha mão - totalmente sem álcool.

Ele me olha sem entender por alguns segundos e de repente fica vermelho até a raiz dos cabelos. Literalmente quase babo encima daquele deus, não dá para acreditar que um gato daquele digno de ser capa de revistas, estava envergonhado por minha causa.

Ele abaixa o olhar e me devolve o copo totalmente sem graça, o constrangimento é palpável entre nós, ele olha para tudo menos para mim, o que é engraçado e por isso não consigo aguentar e começo a rir sem parar. Minha rizada o contagia e ele ri sem graça também.

- Desculpe-me - ele diz ainda sorrindo.

- Tudo bem - respondo - esse copo realmente faz parecer que é bebida alcoólica.

- Sim, parece. Mas fui rude com você.

- Já disse que tudo bem. - olho para ele e seus olhos castanhos brilham em meio as luzes difusas do bar. - você faz isso com todas as suas pacientes?

- Não - ele fica vermelho novamente - é que eu a vi bebendo, e quando pediu o segundo copo não aguentei assistir.

- É estranho vê-lo fora do consultório. - digo de supetão.

Antes que ele possa falar qualquer coisa uma morena alta surge ao nosso lado e o beija no rosto.

- Me senti abandonada - ela praticamente ronrona para ele.

- Só vim falar com uma paciente - ele fala para ela - até semana que vem Aline, se cuide - se despede de mim e vai embora sem nem esperar uma resposta minha.

De repente me senti muito sozinha ali naquele bar, olhei para os lados e vi Tati com Fabio aos beijos em um canto do bar, enquanto Robe conversava bem de perto com um negro de dreads ali próximo. Me virei para o bar e tomei meu suco de vagar, de vez em quando olhava para a direção onde o Dr. Eduardo havia ido, mas não o vi mais.

Após algum tempo me despedi das meninas e disse que iria embora de ônibus, Robe, já pegando o cara dos dreads, insistiu que eu levasse seu carro embora, pois já tinha carona.