Sem rumo

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Já no corredor as lagrimas começam a escorrer pelo meu rosto, não dá para segurar, aperto sem parar o botão chamando o elevador, não quero que ele perceba que eu sai do consultório e venha me procurar no estado que estou, seria muito humilhante ele me ver chorando que nem um bebe. Ele é totalmente proibido para mim, mas eu sou muito burra, por que fui me apaixonar por um homem casado?

O que? Eu estou apaixonada? A constatação de que eu sinto algo assim por ele só me fez chorar mais. Finalmente o elevador chega ao andar e abre as portas.

- Aline -  Eduardo percebe minha ausência e chama meu nome do seu consultório.

Entro correndo no elevador e aperto diversas vezes o botão para fechar a porta, assim que elas começam a fechar ele aparece no corredor, de frente ao elevador com um olhar assustado.

- Aline – ele sussurra vendo a porta se fechar e o meu rosto coberto de lagrima.

Solto um soluço alto enquanto o elevador desce suavemente até o térreo e saio correndo assim que a porta se abre. Não dá para acreditar que eu fiz exatamente o que jurei jamais fazer depois de ser corneada, ajudei a cornear alguém, coitada da Doutora Karla, apesar de odiá-la pelo simples fato de ser a esposa de Eduardo, também tenho dó dela, ninguém merece ganhar um belo par de chifres.

Vago sem rumo durante algum tempo, tentando me convencer de que não aconteceu nada de mais, mas de qualquer forma terei de encontrar um novo médico, como vou olhar para ele na próxima consulta, não dá! Meu estomago ronca e eu pesco meu celular na bolsa, há mais de vinte chamadas não atendidas de um numero desconhecido, algumas mensagens de texto e de voz, abro a primeira mensagem de texto.

“Aline, td bem? Vc saiu correndo”; “Precisamos conversar sobre o que aconteceu”; “Onde vc está?”; “Aline por favor atenda o telefone”. Eram diversas frases curtas, como quem escreve a mensagem as presas. Termino de ler as mensagens e o celular começa a tocar novamente, é o número desconhecido, que não é tão desconhecido assim agora, é o Eduardo.

Eduardo, quando foi que eu comecei a pensar nele assim? Fico olhando para o visor do celular até a chamada cair na caixa postal, o que eu iria falar com ele agora? Como eu iria encara-lo? O celular voltou a tocar, é ele novamente, tocou diversas vezes antes de eu criar coragem e atender.

- Alo – minha voz saio esganiçada por causa do choro, pois é eu ainda estava chorando.

- Aline, graças a Deus, fiquei preocupado, você saiu correndo e não... – ele fala apressadamente, quase ofegante.

- Edu... Doutor Eduardo – eu o interrompo – eu não podia ficar...

- Onde você está agora? – ele me corta – precisamos conversar.

Eu realmente não queria conversar com ele, eu queria ficar deitada em um quarto escuro e dormir até tudo isso passar, até apagar da minha memória o beijo que troquei com ele, meu médico gostosão, que infelizmente é casado. Droga, sou uma destruidora de lares!

- Não... não há nada o que conversar.

Eu estava tentando segurar o choro novamente, o que não era nada fácil, minha voz estava rouca e esganiçada, me abracei tentando localizar onde eu estava, havia andado sem rumo por muito tempo e não conhecia essa parte da cidade.

- Já chegou na sua casa? – ele insistiu.

- Não, não sei bem onde estou, mas não se preocupe...

- Em que rua você está, vou te buscar. – ele não iria desistir.

- Não precisa... – comecei a falar novamente.

- Em que rua? – seu tom era totalmente autoritário.

Não tinha forças para discutir com ele, queria e não queria vê-lo, sabia que essa vontade de ficar perto dele era totalmente errada, ele era casado e eu estava gravida de outro, mas infelizmente meu coração não estava nem um pouco a fim de me escutar. Suspirei alto e falei onde estava, ou pelo menos onde eu achava que estava.

E Agora? - rascunhoWhere stories live. Discover now