O Grande Dia

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  • Dedicated to Rafael Tonelli
                                    

Os meses passaram voando, tudo estava a mil maravilhas, nenhum incidente desagradável, nada que pudesse estragar nossa felicidade, eu e Eduardo estávamos cada vez mais apaixonados um pelo outro, nem o desgosto do pai dele ou a intromissão do meu abalava nosso relacionamento.

Houve mais algumas mulheres do passado dele me olhando torto nas festas, mas eu nem ligava, Eduardo mostrava que me amava o tempo todo, nunca imaginei que seria tão paparicada na minha vida como agora.

Eduardo me fez parar de trabalhar assim que completei trinta e seis semanas de gravidez, ele queria marcar uma cesariana, mas eu me neguei e disse que tudo devia ser como manda a natureza.

- Só não me diga que você quer ter o bebe em casa, por que isso eu não vou permitir. – ele diz para mim.

- Não, pode ficar tranquilo, eu quero ter o bebe no conforto de um hospital com uma bela anestesia, mas quero parto normal, sem nada de bisturi e não sei mais o que?

- Você está com medo disso, você nem vê essa parte. – ele reponde.

- É tão ruim assim eu querer o parto natural? – pergunto desconfiada.

- Não, só que é um ambiente mais controlado, o natural podemos ser pegos desprevenidos.

- Duvido que você vá ficar desprevenido nas próximas semanas.

Ele concordou discordando como diria a minha mãe, mas não me deixava nem um segundo sozinha, não sei como ele conseguiu mas até o Junior fingiu que a internet da casa dele não estava funcionando para ficar uma noite em que Eduardo tinha cirurgia de olho em mim.

Em meio a tanto paparicos e cuidados finalmente o grande dia chegou, Tati estava linda de noiva, na realidade todo mundo estava lindo, menos eu que mais parecia um botijão enfeitado com cetim lilás, mas também o que eu podia fazer eu devia ser a única madrinha da história dos casamentos em pé naquele altar em com trinta e nove semanas de gravidez.

Eduardo, a organizadora do casamento e até a Tati insistiram em colocar uma cadeira para eu me sentar durante a cerimônia, mas eu bati o pé e falei que não, que eu não era nenhuma invalida para ficar sentada ali e que não era nada de mais passar alguns minutos em pé, só que uma pequena pressão na parte baixa da minha barriga estava começando a me fazer arrepender da minha teimosia.

O padre que também parecia um botijão de tão gordo, pelo menos eu não era a única, estava declarando Tati e Fabio como marido e mulher quando Eduardo percebeu o meu desconforto.

- Você está bem? – ele sussurrou no meu ouvido.

- Está tudo ótimo – eu respondi com um sorriso falso no rosto.

Ele apenas apertou um pouquinho a minha mão e voltou a prestar atenção no fim da cerimônia.

 Aos pouco me senti um pouco melhor e consegui sair do altar sem nenhum incidente. No meio do coquetel de entrada da recepção estou conversando com algumas amigas de faculdade de Tati enquanto Eduardo está no bar brindando com os amigos do noivo, quando a bendita dor voltou, só que dessa vez bem mais intensa, me apoiei na cadeira próxima a mim e resolvi que sentar um pouquinho não iria me fazer mal. Robe que estava perto de mim olhou intensamente para o meu rosto.

- O que houve? – ela me pergunta.

- Nada – eu minto.

- Apesar da sua maquiagem dá para perceber que você ficou pálida de repente. – ela diz não com uma sobrancelha erguida.

- Não é nada mesmo, só um pouco de cansaço. – tento novamente.

- Tem certeza? – ela pergunta desconfiada.

Eu só balanço a cabeça rezando para que a dor passe logo, eu sei que é muita burrice eu tentar ignorar isso no estágio em que estou da minha gravidez, só que não queria estragar a festa de casamento da minha melhor amiga por algo que possa ser bobagem, eu já tive dois alertas falsos na última semana, esse só deveria ser mais um.

Respiro fundo quando a dor finalmente some mais uma vez, sorrio para minha amiga e resolvo voltar a circular na festa.

Algum tempo depois a organizadora nos chama para tirar fotos com os noivos na mesa do bolo, Tati está radiante e Fabio não consegue tirar aquele sorriso bobo do rosto de quem ganhou na loteria. Esperamos o fotografo terminar de tirar a foto deles com seus avós e nos aproximamos.

- Ai meu Deus! Eu estou tão emocionada – Tati fala ao meu ouvido quando a abraço. – nem acredito que como tudo ficou perfeito.

Tati havia mergulhado de corpo e alma para fazer a festa de casamento dos sonhos de qualquer garota, todos nós demos uma mãozinha, até Eduardo conseguiu Deus sabe como fazer o dono de um dos espaços mais badalados para festas liberar a data que a Tati queria. Então realmente tudo estava maravilhoso, um verdadeiro sonho para qualquer noiva.

- Você merece amiga – eu respondo abraçando-a forte.

Nos posicionamos atrás da mesa conforme a recomendação do fotografo, eu abraço o Fabio enquanto Eduardo abraça a Tati para a foto, quando a dor volta com força total, me apoio no Fabio para não derrubar a mesa do bolo e involuntariamente solto um gemido de dor.

Fabio me olha assustado enquanto todos se voltam para mim.

- Ali, o que foi? – pergunta Fabio.

- Você está bem Ali? – também ouço a Tati perguntar.

- Amor, o que você está sentindo? – Eduardo fala junto com eles.

Quando vou responder a eles sinto algo quente escorrer pelas minhas pernas e imediatamente olho para baixo e todos seguem o meu olhar. Uma poça de agua se forma aos meus pés, primeiro imagino que fiz xixi nas calças involuntariamente, o que é bem a minha cara, mas um milésimo de segundo depois me dou conta de que aquilo significa que minha bolsa estourou, que Cecilia está pronta para nascer, justo agora.

E Agora? - rascunhoWhere stories live. Discover now