Sequestro

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Apesar de ter falado para o Eduardo onde eu estava, continuei andando, torcendo para que ele não me achasse e que desistisse de conversar comigo. O único problema desse plano é que eu realmente não sabia onde estava e já havia escurecido a algum tempo. Dobrei uma esquina e entrei em uma rua movimentada, uma onda de alivio me invadiu imediatamente.

- E ai gatinha! – um cara em um carro me comprimente do meio-fio

Olhei para ele meio assustada e ele me mostrou uma nota de cem reais. Olhando em volta, percebi que estava em uma rua... uma rua não tão bem movimentada assim, havia várias prostitutas, alguns garotos de programas e diversas Dreg Queens fazendo programas.

Ai meu Deus, aonde eu fui me meter?

- Entra ai gata. – o cara sem noção insiste.

- Des... desculpe-me senhor, eu não... – tento dizer que eu não sou uma prostituta, se bem que era só ele olhar para mim, eu estava vestida normalmente, não tinha nada de maquiagem, definitivamente não estava procurando atrair ninguém, a não ser um médico gostosão qual está me procurando neste momento para conversar sobre um beijo que trocamos a pouco tempo que foi interrompido pela esposa dele.

Que confusão!

- Ei, este ponto é meu – uma garota, hiper maquiada, usando um top e uma faixa como saia grita – pode vasa daqui.

Não esperei ela falar duas vezes e comecei a correr de volta pelo caminho que eu vim, na esquina esbarro com tudo em alguém e só não caio estatelada no chão por que uma mão forte me segura pelo braço.

- Aline, até que fim te encontrei – Eduardo continua segurando meu braço e me leva dali – você tem ideia de como essa região é perigosa? Eu estava ficando louco te procurando. Por que você não atende o seu celular?

Ele estava com raiva, podia ver o quanto ele estava nervoso. Peguei o meu celular da bolsa e vi que tinha diversas ligações dele não atendidas nesses últimos minutos, eu realmente não o ouvi tocar, mas resolvi ficar calada para não irrita-lo ainda mais. Após ele me arrastar uns dois quarteirões ele parou ao lado de um BMW preto e destravou as portas.

- Entra.

- Doutor Eduardo eu não... – eu não queria entrar no carro dele e muito menos conversar com ele no estado em que estava.

- Entra Aline! -  sem espaço para argumento entrei no carro emburrada, quem ele acha que é para falar comigo desse jeito.

- Olha aqui Eduardo... – comecei a falar.

- Evoluímos. – ele disse sarcástico – detesto quando você me chama de doutor Eduardo. – ele enfatiza a palavra doutor.

- Doutor Eduardo – falei de pirraça.

- Aline, nós já passamos dessa faze, sabemos que tem algo acontecendo entre a gente e precisamos conversar sobre isso.

Respirei fundo, eu não queria falar sobre o beijo que trocamos mais cedo, não queria ouvir que foi um erro, que não aconteceria novamente, não queria ouvir que ele ama a esposa e que foi apenas um momento de fraqueza. Olhei pela janela tentando engolir o nó que havia se formado na minha garganta.

De repente o celular dele começou a tocar e ele atendeu no viva voz do carro.

- Alo.

- Onde você está? – a voz da Doutora Karla saia dos autofalantes – você está a mais de uma hora atrasado.

- Karla, agora não – ele foi cortante – mais tarde nós conversamos.

- Edu, o que está acontecendo?

- Já disse que mais tarde nós conversamos. – e ele desligou a ligação.  

Uma lagrima escorreu pelo meu rosto, ele estava nervoso e foi super grosso com a esposa, ninguém merece receber patadas por minha culpa. Eu não consegui reconhecer onde estava, mas mesmo assim não conseguiria ficar nem mais um minuto perto dele sem me debulhar em lagrimas, de novo. Então, ao passarmos por um ponto de ônibus, resolvi pedir para ele parar o carro.

- Para aqui, vou pegar um ônibus até em casa. – Eu pegaria um ônibus até a lua se pudesse fugir dele.

- Nem pensar, se eu deixar você sair desse carro agora, tenho certeza que você vai fugir e nunca mais vou te ver – ele lança um olhar para mim que me deixa envergonhada, como ele sabia exatamente o que eu ia fazer? - nós temos que conversar sobre o que aconteceu, se depois se você quiser fugir tudo bem.

- Você não pode me manter presa nesse carro, isso é sequestro – Deus, tinha horas que ele era irritante, custava deixar isso para lá?

- Então considere-se sequestrada.

E Agora? - rascunhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora