Caindo

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Na terça feira, me troquei umas cinco vezes antes de ir trabalhar, minhas roupas já estavam ficando apertadas e definitivamente estava ficando difícil entrar nos meus jeans, já tinha três calças jeans que não fechavam na cintura nem com reza braba.

E nesse momento eu estava no banheiro no shopping onde trabalhava no final do meu horário de almoço me amaldiçoando por ter comido uma porção de fritas a mais no almoço. O botão resolveu não fechar mais, eu pulei, me torci, prendi a respiração, mas de nada adiantou o bendito botão não entrava na casa. E para piorar a situação eu estava com uma regata que deixava uma pequena faixa da minha barriga, agora bem saliente, de fora, então não tinha nem possibilidade de disfarçar este botão aberto.

Desisti dos meus intentos de sair daquele banheiro sem pagar mico e respirando fundo sai dali para encarar uma praça de alimentação lotada e com meu botão aberto. Baixei a cabeça e, como dizem, engatei a primeira rumo a loja onde trabalhava, no meio do caminho comecei a sentir minha calça deslizar dos meus quadris, segurei o cós com a minha mão livre, pois a outra segurava minha nécessaire, e comecei a correr em direção a loja.

Quando eu estava quase na porta da loja, o vejo vindo em minha direção. Doutor Eduardo estava com calças sociais cinza e uma camisa branca remangada até o cotovelo, ele não havia me visto, estava conversando animadamente com uma morena alta que lhe sorria como boba, a mesma morena do bar, reconheci após uns instantes. Ela estava vestida com calça e camisa branca, talvez também fosse médica, não sei.

Acelerei o passo, para não ter de esbarrar neles, se ele estivesse sozinho tudo bem, eu gostaria de esbarrar, cair, me jogar... em cima dele, mas com uma beldade morena a tira colo, isso se tornaria muito constrangedor, fora o fato de eu estar gorda ao ponto de não conseguir nem fechar o botão da minha calça.

Bem em frente a porta da loja onde eu trabalho ele me viu.

- Aline! – disse em simples reconhecimento.

- Doutor Eduardo – o cumprimentei com um aceno de cabeça, já disposta a correr para dentro da loja, mas não estava com tanta sorte.

- Você trabalha aqui? – ele me perguntou.

Voltei um passo antes de responder, já que seria muito má educação se eu entrasse na loja e o ignorasse, olho para ele e suspiro hipnotizada por aqueles olhos amêndoas.

- Sim – simplesmente respondo.

Ele sorri e olha mais uma vez a fachada da loja, a morena ao seu lado também olha e sorri para mim.

- Prazer, sou a doutora Karla Rodrigues, muito prazer!

Doutora Karla Rodrigues, ptz. Rodrigues é o sobrenome do doutor Eduardo, automaticamente olho para as mãos deles e apesar dele não usar aliança, ela usa uma muito chamativa, o que torna obvio que é casada e que gosta de ostentar seu status. Não sei por que senti uma dor no peito e um pouco desolada por saber que ele era casado.

- Vamos Edu, hoje minha agenda está cheia e meu consultório é do outro lado da cidade. – Doutora Karla fala me arrancando dos meus devaneios – Muito prazer mais uma vez – ela diz levantando uma mão para me cumprimentar enquanto enlaça a outra no braço do Doutor Eduardo. 

Eu automaticamente estendo a mão e a cumprimento de volta, me esquecendo, por um momento, que meu botão não fechou e que minha calça estava caindo.

E Agora? - rascunhoWhere stories live. Discover now