Respeito

19.7K 942 91
                                    

Entramos na sala de mãos dadas, eu estava mais confiante depois da conversa que tivemos na cozinha, ter a certeza de que ele realmente quer um relacionamento comigo me deixou radiante, mas agora tínhamos que enfrentar a fera, quer dizer o meu pai que ainda muito nervoso andava de um lado para o outro na sala. Minha mãe falava baixinho com Francisco Cabelo Seboso no sofá, pela cara dele a conversa não era muito boa e por falar nele, o que é que ainda estava fazendo aqui?

Ficamos em pé na porta esperando alguém notar nossa presença, sem uma palavra meu pai apontou para o sofá de dois lugares vago, o qual eu sempre me sentava para receber bronca quando era criança. Sentamo-nos e esperamos, ele andou mais um pouco e com um suspiro de resignação sentou-se na sua poltrona, bem de frente para nós.

- Eu quero saber tim tim por tim tim o que está acontecendo dona Aline – meu pai disse olhando profundamente para mim.

Eu respirei fundo antes de falar, é complicado e constrangedor ter de explicar para o meu pai que eu namorava um fracassado total que me largou para ficar com uma mocreia qualquer e ainda por cima descobrir que eu estava gravida dele.

- Você contou para esse tal de João sobre a criança? – ele me pergunta.

- Contei, mas creio que nunca mais o verei na minha frente, ele não é uma pessoa que assuma suas responsabilidades. – eu suspirei alto com o pensamento de que o meu filho iria crescer sem um pai, o pequeno aperto que Eduardo deu na minha mão me reconfortou e de alguma forma me deu uma pequena luz no fim do túnel, era muito cedo para supor que ele poderia nos assumir, eu e o bebe, mas quando ele entrou nessa ele sabia que eu estava gravida e que isso significa um pacote completo, pelo menos eu espero isso.

- E quando o bonitão ai entrou nessa história? – eu sorri com a referência que o meu pai utilizou para falar de Eduardo, também fiquei com medo de como ele reagiria quando eu dissesse que dei em cima do meu médico.

- O Eduardo, na verdade é meu obstetra - eu não sabia como continuar é estranho falar de uma pessoa quando ela está ao seu lado.

- Seu médico? – a maneira com que a minha mãe falou mostrava a surpresa em sua voz, não sei se ela me julgava incapaz de me relacionar com alguém como um médico e levando meu histórico anterior de namorados até eu me achava incapaz de encontrar alguém assim, ou se só estava admirada dele ser um médico.

- Sim senhora – Eduardo fala pela primeira vez desde que entramos na sala – Aline me procurou para fazer o seu pré-natal, uma coisa levou a outra e acabamos fincando juntos. – o que não era totalmente verdade já que ficamos pela primeira vez no seu consultório durante uma consulta minha. 

- E qual são suas intensões com a minha filha? – pergunta meu pai.

Ai meu Deus, eu quase engasguei com essa pergunta, meu pai acha que estamos em que século? Eu queria que um buraco surgisse aos meus pés para eu poder enfiar minha cabeça dentro.

- Pai. – eu chiei – por favor!

Ele simplesmente me ignorou e ficou encarando o Eduardo, esperando uma resposta. Eu queria morrer, coitado do Eduardo estava na berlinda, era por isso que eu não queria leva-lo a casa dos meus pais para começo de conversa.

- Nós acabamos de nos conhecer – ele começa a falar meio sem graça – acho que precisamos nos conhecer um pouco melhor e ai decidimos para que lado nosso relacionamento vai. – uma resposta justa e diplomática, só que pela cara do meu pai ele não gostou nada.

Eduardo não estava com sorte hoje, meu pai estava terrivelmente irritado e isso nunca é bom.

- Olha rapaz, este cara aqui – ele apontou para o Francisco Cabelo Sebosos, eu até tinha me esquecido da presença dele ali – está disposto a casar e criar este bebe como se fosse filho dele enquanto você não está oferecendo nada de concreto a minha filha.

Aquilo estava virando um pesadelo, meu pai estava determinado a me casar, aparentemente ele já havia encontrado seu genro dos sonhos e não iria descansar até me ver com aquele cara nojento, mas se ele achava que eu iria aceitar isso estava redondamente enganado, a vida é minha e eu faço o que quiser com ela.

Eu ia abrir minha boca para rebater o que ele disse quando Eduardo apertou minha mão e se adiantou.

- Respeito – ele fala sem pestanejar - Eu dou respeito a ela, respeito sua opinião, respeito suas decisões, respeito suas vontades, respeito tudo que é referente a ela. Eu nunca vou força-la a fazer o que não quer, se ela quiser namorar comigo por um tempo antes de decidirmos dar o próximo passo então é isso que faremos.

E Agora? - rascunhoWhere stories live. Discover now