O "Falecido"

25K 932 25
                                    

Tive que ficar até mais tarde na loja por conta do meu atraso, dei uma desculpa esfarrapada para a minha gerente dizendo que me atrasei por causa do meu estado, e ela aceitou com um sorriso no rosto, o que me fez ficar com remorso e quase falei a verdade, quase!

Sai correndo da loja morta de fome, o que ultimamente virou meu estado natural, fui rumo a praça de alimentação já salivando só de pensar no sanduiche gigante de rosbife com vitamina de açaí da lanchonete do Natureba, quando me deparei com uma sena que fez perder totalmente a fome e meu estomago revirar.

O... O... o “falecido” estava no maior amaço com uma morena bem na frente da minha lanchonete favorita, bem no banco onde nós demos vários amaços, na frente da lanchonete onde ele me pediu em namoro.

Comecei a ver tudo em vermelho, como pode aquele... aquele cretino, cachorro, galinha... como ele pode, como ele tem coragem de aparecer aqui no shopping onde eu trabalho para dar uns amaços em uma sirigaita? Nesse momento eu sangue ferveu, e não sei como chequei até aquele banco, mas me deparei na frente deles gritando.

- João, seu escroto. – eles pararam de se beijar e me olharam envergonhados – você terminou comigo dizendo que não tinha mais tempo para namorar, que iria se focar unicamente no seus estudos – olhei para a morena e levantei a sobrancelha – estou vendo seus estudos.

Ele cursava pós graduação em direito, com o trabalho em um escritório de advocacia, segundo ele, estava cada vez mais difícil me encontrar pois ele não tinha tempo e por isso estava terminando comigo, ou seja, fui rebaixada a um incomodo que precisava de atenção e tempo, me senti um lixo na época, mas acabei entendendo o lado dele. E agora isso? Ele não tinha tempo para mim, mas tem para a sirigaita?

- Ali – é a única coisa que ele consegue balbuciar.

Ele está vermelho de vergonha, sei que ele detesta escândalos e com certeza eu estou fazendo um ali, no meio da praça de alimentação do shopping, com todo mundo olhando para a gente.

- Seu idiota, eu chorei por semanas. – eu continuava gritando sem pensar – me debulhei em lagrimas por um cretino que nem você, mas como eu fui estupida em acreditar nas suas lorotas...

A morena não sabia onde enfiar a cara, ela olhava para todos os lados, menos para mim, ela devagarzinho colocou a bolsa no ombro e tentou sair dali, mas João não a largava.

- Não acredito que passei tanto tempo caindo na sua lábia – eu andava de um lado para o outro feito uma leoa – e agora isso? O que eu vou fazer com um bebe que tem um pai tão cafajeste...

- O que? – ele de repente fala, e percebo que foi eu que falei demais.

E Agora? - rascunhoWhere stories live. Discover now