Fofoqueira

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Com o meu rosto variando entre as tonalidades de vermelho humilhação e o roxo vergonha, eu levanto minha calça e entro correndo na loja rumo a área dos funcionário ao fundo. Deus! Que vergonha, esse é um daqueles momentos que você quer se enfiar a cabeça em um buraco que nem um avestruz e nunca mais sair.

- Aline, Aline! – escuto minha gerente me chamando – você está bem?

Eu estava tão envergonhada com o que havia acontecido que eu não sabia se ria ou chorava, os soluços que comecei a emitir era um misto dos dois, eu ria e chorava ao mesmo tempo tentando contar para a minha gerente o que havia acontecido. Ela mais deu rizada da situação do que me confortou, mas depois acabou saindo com a promessa de arrumar uma calca nova para mim.

- Está tudo bem? – ouvi a doutor Eduardo perguntar a minha gerente.

- Claro – ela respondeu – a Ali é assim mesmo, é toda atrapalhada e vive pagando mico – não acredito que ela estava dizendo isso para ele – esses dias atrás ela fez o maior barraco na praça de alimentação por que viu o ex namorado dando uns amassos em uma morena peituda, coitada que pai foi arrumar para esse bebe.

Enfiei meu rosto nas minhas mãos, eu sabia que ela era fofoqueira, mas precisava dizer isso para ele, Deus que vergonha! Com que cara eu iria a consulta hoje?

- Ex-namorado? – ele a questionou.

- É, ela está gravida dele, mas ele a abandonou antes de saber do bebe por uma garota da academia dele, mas ele sempre foi um cafajeste, nesses últimos meses ele já desfilou com várias garotas por aqui – o que? – Só que a Ali está sempre tão concentrada no trabalho que nunca via – Deus! Enterrei meu rosto nas mãos de tanta vergonha - se bem que eu sempre achei que ele estava com ela por que a coitadinha praticamente o sustentava. – Não dava para ficar pior, será que essa mulher nunca iria calar a boca.

- Ela o sustentava?

- Sim, ele vivia pedindo dinheiro para ela, mesmo ela não ganhando assim tão bem, não negava nada para ele, acho que ela tinha medo de ele a deixar. Bem, Não deu certo, né!

Deus! Eu nunca mais iria sair daquela saleta, ninguém merece uma chefe que cuida da tua vida e depois faz fofoca para completos desconhecidos, ainda mais para um desconhecido que é meu médico e um deus grego!

- Ela não me parece esse tipo de pessoa! – ele comentou.

- Ah! De qualquer forma, ela vai acabar sozinha mesmo. – Essa mulher não semancol?   

- Como assim? - Ele também estava muito curioso para o meu gosto.

- Fique sabendo que depois que ela contou para o cafajeste que estava gravida ele deu no pé – como ela ficou sabendo disso? -  e a coitada vai ter de criar esse bebe sozinha, até mesmo por que quem vai se interessar por uma mulher gravida ou com filhos!

- Acho que isso não é um problema.

- Desculpe, você é homem, mas me diga, que homem vai querer uma mulher assim? – eu estava quase engolindo uma humilhação e saindo daquela sala para dar umas bordoadas nela, para ver se calava aquela matraca, quando ouvi outra voz:

- Edu – Doutora Karla o chamar.

- Diga a ela que a vejo mais tarde, ok? – ele se despediu da minha gerente e eu suspirei aliviada, agora eu teria de ter uma conversa séria com certa superior minha explicando que é falta de educação ficar falando da vida dos outros para estranhos, mesmo que esse estranho seja o médico dessa pessoa.

E Agora? - rascunhoWhere stories live. Discover now