E Agora? - rascunho

Apenas um beijo

Bufei alto e me virei para a janela, ele tinha de ser tão irritante? Está na cara que ele não iria sossegar até conversarmos, não tinha como fugir dessa. Encostei meu rosto no vidro e fechei meus olhos, com a lembrança de nosso beijo ainda vivida em minha memória, o cara sabia beijar, minha nossa, só de lembrar...

- Aline – Eduardo me chama gentilmente.

Em algum momento eu havia adormecido encostada no vidro do carro dele, me virei para ele ainda meio confusa e ele me premiou com um lindo sorriso.

- Chegamos. – ele disse quase em um sussurro.

Olhei além do para brisa do carro e vi que estávamos estacionados na frente do meu prédio.

- O que? Como você sabe onde eu moro? – pergunto desconfiada.

- Me desculpa, mas eu olhei na sua ficha. Mais sedo não sabia para onde você tinha ido e como não atendia seu celular eu vim para cá te procura. – ele fala com cautela – seu porteiro me disse que você não tinha carro então desconfiei que estava vagando por ai sozinha. Você quase me matou de preocupação.

Olhei em seus olhos amêndoas e suspirei, ultimamente eu andava suspirando muito. Ele era muito bonito para a minha sanidade mental, por um momento quis a ignorar todas as minhas convicções e voltar para onde nós havíamos parado no consultório dele, mas não dá para ignorar que ele tem uma mulher em casa a sua espera e que no fim das contas eu acabaria machucada, então é melhor nem ter esperanças de começar algo que nunca vai dar certo.

- Obrigada por me trazer em casa – eu digo me virando para a porta pronta para sair e nunca mais vê-lo.

- Nós precisamos conversar – ele disse segurando meu braço.

Olho novamente em seus olhos e engulo o nó que se forma em minha garganta.

- Eduardo, não se preocupe – eu começo a dizer – o que aconteceu mais cedo foi apenas um beijo, nada de mais – essa foi a mentira mais deslavada que eu já contei na minha vida.

- Não posso concordar com isso – ele diz se aproximando de mim – você sabe que foi mais do que isso – seu rosto está a centímetros do meu e seu olhar está cravado em meus lábios – eu nunca me senti tão atraído por alguém.

Olho para seus lábios também, ele está tão perto que seu perfume me inebria. Literalmente salivo de vontade de beija-lo novamente, alguns centímetros, apenas alguns centímetros e meus lábios tocariam os dele. Mordi meu lábio inferior analisando as consequências de avançar esses torturantes centímetros, o diabinho sentado em meu ombro esquerdo gritava em plenos pulmões que quem está na chuva é para se molhar, que mais um beijo não faria diferença, mas o anjinho também não me deixava esquecer da bendita esposa dele.

Oh meu Deus! O que fazer?

- Desde a primeira vez que eu te vi – sua voz sai rouca, extremamente sexy – fico pensando em você o tempo todo, me perguntando se está tudo bem, o que você está fazendo. - Oh meu Deus, oh meu Deus! Meu cérebro entrou em curto circuito, eu não conseguia pensar direito. - É surreal como você tomou todos os meus pensamentos – ele passa sua mão em meu rosto enxugando uma lagrima que eu nem havia percebido que estava caindo.

- Não me diga que você não sente o mesmo. – seu rosto se aproxima mais do meu e eu fecho os olhos esperando um beijo que não vem. – diga que você também me quer agora.

- Eu quero – respondo rouca.

Nossos lábios se grudam em um beijo lento e saboroso, experimentamos um ao outro, num ritmo totalmente diferente do que havia acontecido no consultório dele. Me deixo perder em seus lábios, memorizando cada gosto, cada toque. Após um tempo me afasto dele e olho em seus olhos novamente.

- Eu também te quero, mas nós não podemos ficar juntos – eu digo deixando cair mais lagrimas

Ele franze o cenho e pergunta:

- Por que não?       

- Por que sua mulher está te esperando e eu não posso fazer isso – digo apontando nós dois.

- Minha o que? – ele olha para mim confuso.

- Sua esposa, a doutora Karla – respondo engolindo o nó que se forma na minha garganta.

- Aline, sinto lhe informar, mas eu não sou casado, ainda mais com a Karla.