E Agora? - rascunho

Briga

Fui me mudando aos poucos para o apartamento de Eduardo, primeiro fui levando algumas roupas, depois alguns objetos pessoais, depois meus livros e assim por diante. Ele não gostou muito de eu ficar protelando a mudança, mas entendeu meus receios, apesar de falar que eram infundados. Eu queria ter certeza da decisão dele, por isso resolvi manter meu apartamento por mais alguns meses, pelo menos os quatros meses até o fim do meu contrato de aluguel.

Ele também me levava e buscava quase todos os dias no trabalho, e quando tinha algum parto ou consulta de emergência me deixava seu carro para eu não ter de ir de ônibus, como se eu fosse ter o bebe no meio do caminho só por estar em um transporte público. Esse também foi o motivo da nossa primeira briga, pois para ele deixar o carro comigo tinha de ir de moto ao trabalho, o que me deixava extremamente nervosa.

- Não precisa Eduardo, o shopping é perto e eu posso ir de ônibus – eu falava enquanto ele vestia uma jaqueta de couro.

Deus! Ele ficava extremamente sexy vestido assim.

- Eu prefiro que você vá de carro, além de ser mais confortável é mais seguro.

- Por isso mesmo, é um absurdo você deixar o conforto do seu carro para os perigos de uma moto. Não gosto quando você anda naquela coisa – eu disse nervosa.

- Não tem perigo algum, sempre andei de moto e nunca sofri nenhum acidente.

- Por isso mesmo, você nunca sabe quando pode acontecer e aquilo não é um automóvel, mas sim uma arma.

- Isso não tem nada haver.

- Uhgru! – eu já estava totalmente sem paciência – eu não vou trabalhar com o seu carro e ponto. – Bati o pé.

- Você que sabe. – ele saiu batendo a porta e eu fiquei me sentindo um lixo por ter brigado com ele.

Só de birra fui ao trabalho de ônibus, e como a lei de Murphy não perdoa ninguém ser jogada de um lado para outro por causa do balanço do ônibus lotado somado com o cheiro de peão de obra mais perfume barato de camelo me deixou enjoada, tive que descer antes do meu ponto e ligar para a Rube me socorrer.

- Por que você não ligou para o Eduardo? – Rube me pergunta enquanto segura o meu cabelo para eu vomitar no meio-fio.

- Porque nós brigamos – eu murmuro limpando minha boca.

- Por que? – Robe me ajuda a levantar e me leva até o seu carro.

- Divergência de opinião - conto a ela toda a nossa discussão enquanto ela só dá rizada da minha cara.

- Mas como ele é fofo, só está pensando no seu bem. - Ela ligou o carro para me levar até o trabalho.

- Não importa, não acho justo ele ficar sem carro para eu não ter que andar de ônibus.