17. Um outro Henri

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Eu não queria estar olhando nos olhos dele porque isso me fazia lembrar do quão insegura eu sou. Até quando a Stella insegura iria viver em mim? As vezes queria voltar no tempo para mudar meu passado, mas infelizmente a ciência não descobriu como fazer isso.

Muitas pessoas dizem que coisas ruins acontecem com a gente para que aprendamos com elas e não cometamos o mesmo erro, mas acho que prefiro não aprender na pele a ter um namorado obsessivo.

Pego meu roupão e vou para a varanda do quarto na tentativa de uma fuga. Eu preciso de ar fresco. Preciso me lembrar de como eu era. E se eu nunca mais conseguir superar isso?

— Está bem? — Henri pergunta atrás de mim. Pelo visto não vou conseguir meu momento a sós. — Me desculpa se eu fui um babaca. Entendi tudo errado.

— Você foi um babaca, mas não hoje. — falo me virando para ele. Dessa vez ele estava com uma blusa, o que me deixou ainda mais triste. Se ao menos eu visse seu abdômen sarado ficaria dois porcento menos cabisbaixa do que estou agora.

— Você está chorando? — ele me pergunta assim que vê meu estado, vindo para mais perto de mim.

Sim, eu estava chorando. Geralmente isso sempre me ocorre quando tento lutar contra minhas emoções.

— Se foi pelo o que eu fiz...

— Não foi pelo que você fez, Henri. — Assumo. — Sou eu. Faz anos que eu terminei com o Chay e eu continuo a mesma, insegura. — Hesito olhando para cima e bufando. — Você foi a primeira pessoa que eu beijei depois que terminei com ele, eu não consigo confiar em ninguém...

Aí meus Deus, estou chorando mais ainda. Por que eu fico tão fraca quando o assunto é o passado?

— Ei! Não fica assim.— Henri diz me envolvendo em seus braços, me deixando um pouco mais segura. — Você pode confiar em mim.

— Eu não sei. — fungo. — E se você não me olhar amanhã como você está me olhando hoje? E se você voltar a ser o Henri de sempre que disse que eu me vendi para o Lorenzo?

— Eu fui um otário naquele dia por ter te falado aquilo. Me desculpa, eu agi por impulso por estar com... — ele se interrompe. — Eu passei a te conhecer e sei que não se aproximaria de uma pessoa por interesse.

Olhei para o Henri e ele parecia sincero comigo. Eu não acredito que ia fazer isso, mas eu vou desabafar com o imbecil.

A que ponto eu cheguei?

— Se lembra de quando eu falei que o Chay surtou? — Pergunto e Henri assente com a cabeça. — Aquele foi o pior dia da minha vida. Era o nosso aniversário de dois anos de namoro, eu acordei com o Chay me entregando café na cama com um boque de flores. Eram tulipas iguais a que ele me deu esses dias. Quando eu sai para a faculdade ele me beijou e me disse que eu era a pessoa mais importante da vida dele. — dei um sorriso fraco por lembrar daquele dia. — Só que aí eu cheguei atrasada para o almoço que ele iria preparar para nós dois e o Chay me xingou de todas as maneiras possíveis. Eu tentei me explicar, mas ele disse que não queria ouvir papo de mentirosa. — hesitei, essa ferida ainda estava aberta dentro do meu peito e falar dela era como cutuca-la. — Eu achei que beijando ele, de alguma forma o Chay romântico voltaria para mim, mas não deu muito certo porque ele não respondeu muito bem.

— Ele agrediu você? — Henri pergunta com a voz ríspida. Eu apenas assinto com a cabeça. — Se eu cruzar com esse cara juro que arrebento ele.

— Isso já passou, não precisa. — minha voz sai fraca. Quando vejo estou abraçada a Henri.

— Por que você não denunciou ele?

— Parece uma coisa fácil a se fazer, mas não é. Eu amava o Chay e demorei muito para ver que ele não me amava o suficiente para me tratar como deveria. E ninguém acreditaria em mim, todos acham o Chay a pessoa mais exemplar do mundo. E ele é especialista em se fazer de vítima. 

Aonde mora o amor?Where stories live. Discover now