20. Mãos dadas

941 99 50
                                    

Eram por volta de oito e dezessete  da noite quando comecei a me arrumar para o desfile. Esse evento pode ser muito importante para que eu seja promovida, já que quando voltar a Paris terei que escrever um artigo sobre esse evento.

Matteo Ferrara tem muitos amigos, principalmente estilistas, que estarão presentes lá hoje. E como sou uma boa estagiaria posso tirar proveito disso a meu favor e fazer uma entrevista exclusiva com algum deles.

Agora estou na frente do espelho, que é quase todo coberto por flores como tudo desse quarto, olhando meu reflexo e rezando para que eu esteja linda e elegante o suficiente para o local. Meu vestido é todo azul purporinado com uma manga que cobre todo o meu braço. No pé ponho um salto branco simples. Esse não era um vestido de luxo igual ao que Lorenzo me deu, mas ao menos sei que estou muito bem com ele.

Sabe quando você põe uma roupa e se sente bem? Então, é assim que estou me sentindo agora. Quis fazer algo diferente no meu cabelo para sair do convencional, por isso fiz dois coques no topo da cabeça.

— Está linda, petit monstre. — Henri me dá um susto. Ele está atrás de mim, sem blusa e com gotas d'água escorrendo pelo peitoral.

Alguém avisa a essa cara que blusas existem para ser vestidas. Quer dizer, não avisem, quero poder ver ele assim sempre que possível.

— Que susto, imbecil. — Quase grito, já que a um minuto atrás Henri estava fazendo um show particular no banheiro cantando alguma música que não sei o nome, devia ser francesa. Após presenciar seu showzinho no banheiro cheguei a conclusão de que Henri só é bonito e que não canta nada. Ou a beleza ou talento. — Pensei que fosse...

— O amor da sua vida? — Ele esfrega a toalha na cabeça na tentativa de secar o cabelo. 

— O que te faz achar que eu encontraria o amor da minha vida aqui? — Questiono tentando não olhar para seu abdômen.

— Porque eu estou aqui, petit monstre. 

— Sua língua está afiada hoje. — Rebato.

— Para você ela sempre está. — Ele sorri me provocando. Eu lanço um sorriso falso para ele e vou em direção as minhas maquiagens. Tento fazer um esfumado básico marrom nos olhos e na boca um batom vermelho, mas sou interrompida novamente pelo imbecil. — Sabe, petit monstre eu até acho que estou gostando desse namoro falso.

Lá vai ele tentar me cantar. Não sei o porquê, mas toda vez que estou bem arrumada ele vem com esse papo furado de que me quer de verdade.

— Claro que está gostando, sempre quis namorar alguém como eu. — Entro no jogo.

— Ranzinza e matadora de meninos? — Agora ele está abotoando sua camisa. Que visão, acho que vocês pagariam para estar no meu lugar.

— Primeiro, ranzinza é você. E segundo, eu quis mesmo matar seu menino. — Lanço um sorriso.

— Outra coisa que me faz gostar desse namoro é ver seu olhar de desejo sempre que me olha. — Ele diz, mas meu foco está em seu peito. Observo que ele não abotoou completamente sua blusa.

— Eu não sinto desejo em você, querido. — Minto enquanto passo meu batom. 

— Por que não assume logo que me quer, petit monstre? Eu até poderia pensar no seu caso e te namorar de verdade. — ele dá uma pausa. — Um namoro de verdade, não um só de beijinhos e mão na cintura. 

— Já passou pela sua cabeçinha oca que eu não digo que te quero porque eu realmente não quero? Você se acha, né? Henri, o mais gostosão. Esse devia ser seu slogan. 

Aonde mora o amor?Where stories live. Discover now