46. Circulo Vicioso

367 39 35
                                    

Sabe quando você acorda de manhã e mesmo assim se mantém deitado pensando na vida? Então, estou assim nesse exato momento, envolvida nos lençóis gelados e perfumados com o cheiro de Henri. Esse cobertor é tão macio que deslisa sobre a minha pele de um jeito tão gostoso que não quero me levantar nunca.

O perfume de Henri está impregnado nesse lençol, já que ele dorme com o mesmo. Isso torna esse simples tecido ainda mais especial. Só que eu queria a presença do meu noivo aqui para me acordar aos beijos e fazendo carinho em meu cabelo como ele costuma fazer, só que ele não está ao meu lado da cama, e somente por isso me levanto.

Olho ao redor do quarto e sorrio ao ver as coisas de Henri pelo meu quarto. Suas blusas, tintas. Para ser sincera nunca imaginei que iria dividir uma casa com outro homem de novo, mas com Henri é diferente, sei disso porque quanto estou com ele me sinto uma adolescente boba que sempre espera por um beijo de seu namoradinho.

Depois de tudo o que Henri me disse ontem a noite minha certeza sobre ele só aumentou. E, meu Deus! Ele me pediu em casamento! Agora tenho certeza absoluta que ele me ama e isso é tão entusiasmante!

Sim! Alguém me ama do jeito que eu sou, por isso e por ele decidi que tentarei ainda mais me envolver nesse relacionamento, quero mergulhar profundamente no amor de Henri, porque sei que ele estará lá para me segurar em seus braços.

Mal vejo a hora de estarmos oficialmente casados e poder ouvir Henri me chamar de senhorita Rousseau. Estou tão animada para termos a nossa festa de casamento, me vestir de noiva e ir ao seu encontro.

Algumas pessoas dizem que as surpresas sempre reservam algo extraordinário para nós. Agora eu tenho certeza disso já que estou noiva de um o cara que eu odiava. Acho que a surpresa de sentir algo tão bom por uma pessoa na qual eu não esperava nada tornou as coisas ainda mais interessantes.

O chão está frio, por isso calço minhas pantufas de unicórnio. Ajeito o meu pijama para que não fique bagunçado enquanto vou até o banheiro escovar meus dentes e lavar meu rosto.

Me olho no espelho e esboço um enorme sorriso. Estou feliz pela Stella do presente, por ela estar tão feliz num relacionamento. Enfim achei o meu cara, o cara no qual amo e não preciso me sacrificar.

Caminho pelo corredor até a cozinha esperando que talvez Henri estivesse lá preparando um café da manhã delicioso para mim, só que ele não está lá.

Tenho que admitir, me frustrei um pouquinho, a final um beicon com ovos não seria nada mal. Sei que sou horrível cozinhando mais ao menos sei fazer um café. Tenho um pouco de dignidade, e ainda mais usarei a cafeteira.

Ponho o café e a água no eletrodoméstico e fico observando o café cair aos poucos até a jarra, enquanto cantarolo a música que tocava na festa ontem.

Analiso a minha cozinha e ela está minusculamente arrumada, do jeito que sempre deixo, pia vazia, talheres e pratos nos seus lugares. Sim, eu meio que tenho toque com arrumação perfeita, por isso Henri cozinha e eu limpo.

Por causa da minha obsessão de manter tudo sempre no mesmo lugar percebo que há uma xícara no escorredor com a boca virada pra cima. Como essa xícara vai escorrer desse jeito? Não acredito que Henri foi capaz de deixar a xícara desse jeito.

Caminho até o escorredor, não vou deixar a xícara assim porque meu toque não deixa, vou surtar igual quando Chay deixava a xícara assim quando morávamos juntos, só que ele fazia isso de propósito para me provocar porque sabia que eu odiava.

— Agora sim. — murmuro terminando de ajeitar a xícara. Jogo meu olhar para cima do escorredor, onde há o meu calendário pendurado.

Percebo que a data de hoje está marcada com marcador amarelo néon.

Aonde mora o amor?Where stories live. Discover now