53. Paraiso dos Céus

452 53 57
                                    

Dois anos depois.

Incrível como Ravena continua sendo a pessoa mais impulsiva e berrenta que conheço, mesmo nos seus quase trinta anos de idade. Ela não mudou nada, sempre age no "só se vive uma vez", dilema dito por ela quase todos os dias.

— Você precisa sair de casa, não vai a uma festa desde que terminou com... — A ruiva me disse enquanto andava de um lado para o outro no meu quarto.

Ela se interrompeu devido a uma lei clara que criei há dois anos atrás, quando deixei meu passado para focar apenas em mim mesma.

Sim, eu meio que proibi de Ravena citar Henri em nossas conversas. Não porque tenho raiva dele, mas porque sabia que não ia conseguir supera-lo quando as pessoas ao meu redor sempre falam dele.

Tive que fazer isso por mim. Foi difícil é claro, ainda mais quando ele trabalhava no mesmo lugar que eu. Meus colegas de trabalho me perguntaram freneticamente do porquê Henri tinha voltado para Normandia e quando eu disse: porque não há mais nada que o prenda aqui, as pessoas, principalmente Matteo ficaram super impressionadas pelo nosso término. Não os culpo porque quase na mesma semana tínhamos ficado noivos.

Eles não pediram para entrar em detalhes, mas sei que eles ficaram triste pela notícia. Mas é isso, vida que segue.

As vezes precisamos deixar as pessoas irem.

A última vez que vi Henri foi no paraíso dos céus, depois disso só o avistei em algumas fotos no Instagram, nas minhas olhadas meio de mensais no seu perfil para descobrir se ele estava com alguém. Falhei miseravelmente, já que o moreno quase não posta fotos na sua rede social, e quando posta são fotos de paisagens ou de quadros.

Se eu o superei? Bom, isso é uma pergunta da qual nem eu sei a resposta.

— Está tarde, Ravena. Essa hora não deve ter mais nada aberto. — Argumento terminando de vestir a minha blusa. A ruiva me observava em meu quarto arrumada com um vestido gliterinado e um salto 15 preto. Ela me encarava com furia enquanto retorcida os lábios, meio que me repreendendo. — Podemos assistir um filme aqui em casa, o que acha?

— Acho uma perda de tempo! Você precisa viver, amiga! Só vive de trabalho, casa, trabalho, casa. — Ela chega até mim e aperta a minha bochecha, me fazendo grunir. — Sabe do que você precisa? Flertar! Dar uns beijos na boca. — beterraba passa seu dedo indicador sobre a meus lábios, acompanhada de uma piscadela.

Beijar na boca? Nem ferrando. Prometi a mim mesma que não focaria mais nesse tipo de coisa. Quero estar cem porcento concentrada no meu trabalho de jornalista chefe, visto que conseguir esse cargo me custou coisas de mais.

Minha vida melhorou depois da minha promoção. Meu trabalho é mais independente na La couture, já que tenho autonomia para postar os artigos que quero. Contudo nem tudo são um mar de rosas. Minha vida está corrida pra cacete. Ravena não estava mentindo quando disse que minha vida se resume em: casa, trabalho.

Mas essa é a minha vida agitada dos sonhos. Amo o que eu faço e isso me dá energia para continuar a cada dia. Não abriria mão dela por nada nesse mundo.

E a vista da janela do meu quarto deixa claro que eu estou indo bem nos meus negócios. Me mudei para um apartamento há duas esquinas da Torre Eiffel, e o meu passa tempo mais divertido é olhar os casais apaixonadas passarem na rua.

Sei que com o meu antigo cargo de estagiária não conseguiria nem pagar a conta de luz desse lugar, então pensar que estou crescendo na vida me faz sentir um alívio. Saber que estou fazendo o meu melhor no meu emprego dos sonhos. Faço tão bem que várias revistas já tentaram me roubar para eles, só que eles não sabem que meu coração está naquela que me apoiou quando eu mais precisava.

Aonde mora o amor?Where stories live. Discover now