34. Entrevistadora

462 50 35
                                    

— Tá ok. Posso começar com as perguntas? — indago vendo Anastacia se ajeitar de um jeito super chique no sofá.

Ainda estou observando os traços perfeitos de seu rosto. Se a filha é assim imagina a mãe! Só de pensar me sinto até feia.

— Stella? — a morena fala me fazendo voltar a realidade. Ela percebe a minha cara avoada e começa a rir. — Sabe que você é do jeitinho que meu pai me descreveu. Cheia de vivacidade, bonita e...

— Avoada. — completo a fazendo sorrir ainda mais. — Me desculpa, me perdi na sua beleza impecável. Mas vamos ao que interessa antes que seu pai volte e não tenhamos começado nada.

— Estou prontissima.

Tento me ajeitar no sofá de modo chique também. Não quero ficar muito para trás de Anastacia, quero mostrar que além de avoada sou muito bem educada.

— Primeiramente, me diga como você se sente vestindo as peças da campanha de luxo da Papillon. — pergunto com o papel e caneta na mão, pronta para anotar tudo.

— Me sinto confortável o suficiente para me achar deslumbrante. Muitas vezes vestimos roupas que nos deixam pesadas, e as vezes elas tiram a nossa auto estima... — Me pergunto se essa menina pode ficar com a auto estima afetada. — Mas com as roupas da coleção de luxo me sinto uma mulher incrível, pronta para tocar fogo no mundo se preciso.

— Gostei dessa frase, Anastacia. Podia me explicar sobre " tocar fogo no mundo"?

— Bom... — ela sorri elegantemente ajeitando sua trança. — Acredito que seja ir contra o mundo idealista de agora em que vivemos. Quando questionamos as ideias já prontas que nós são impostas e tentar mudá-las nem que seja um pouco.

— UAU! — mordo meus lábios. — Resposta digna de um espacinho na entrevista. Com certeza vou colocar em negrito.

— Eu fiz vários cursos de Miss Universo. — ela explica meio envergonha, mas não deixando a sua auto confiança de lado.

— Está explicado tanta beleza e inteligência! Ótimo. Agora você poderia me dizer o que sabe sobre a produção por trás das câmeras da campanha?

— Diria divertida. A equipe de produção é demais e faz nos modelos nos sentirmos super confortáveis. E pode crer, isso é muito importante para o resultado final.

— O que diria para as consumidoras? Qual a diferença entre uma roupa de luxo qualquer para as peças de luxo da Papillon?

— A diferença está na qualidade é claro. A Papillon não só produz roupas incríveis como também preserva o meio ambiente e não há nada mais convincente do que preservação ambiental, conforto e beleza juntos.

Ficamos em torno de uma hora na entrevista. Em geral foi tudo certo, parecia até que Anastacia já sabia as perguntas que iria fazer a ela de tão bem preparada. Depois, Lorenzo me deixou na La Couture para que eu encontrasse com Henri.

A empresa está vazia, não há quase funcionários a não ser na sala de reuniões onde Henri está com a Laurent e mais algumas pessoas importantes.

Sento em cima da minha mesinha de trabalho sentindo um friozinho na barriga. É estranho saber que eu e Henri estamos juntos, mas trabalhando um contra o outro para conseguir uma promoção. Respiro fundo pedindo para que isso não nos atrapalhe.

— Boa noite, Mocinha. — Laurent me saúda. Ela saiu da sala de reuniões junto com mais dois acionistas e Warner. — Como foi a entrevista na Panpion?

— Foi boa. Consegui bastante conteúdo.— Respondo.

— Depois prepara tudo e me entrega, ok?

— Tudo bem.

Aonde mora o amor?Where stories live. Discover now